Pronunciamento

Marcos Vieira - 061ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 22/07/2008
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Sra. presidente, sra. deputada Odete de Jesus e srs. deputados, na semana passada quando ocupei a tribuna desta Casa e o deputado José Natal estava presente neste plenário, eu falava mais uma vez de um tema recorrente que é a inflação, a alta do custo de vida, de menos dinheiro no bolso do trabalhador e do carrinho mais vazio no supermercado.
O eminente deputado Décio Góes, após a minha fala, ocupou o microfone de aparte e disse que chamava a atenção ver que o PSDB está preocupado com a inflação no país. Depois voltei a falar, deputado Serafim Venzon, e disse que o PSDB está preocupado, sim, até porque foi o PSDB, juntamente com o PMDB, quando o presidente Itamar Franco era presidente da República e Fernando Henrique Cardoso era o ministro da Fazenda, que implantou o Plano Real, que tinha como relator o deputado federal Neuto De Conto, hoje senador da República. E o projeto veio para estabilizar a economia.
Passados 15 anos, nós estamos aí com os olhos arregalados, deputado Moacir Sopelsa, com medo da volta daquele dragão, daquele monstro que vem corroendo a cada dia que passa o dinheiro do bolso do trabalhador.
Mas, hoje, quando no período da manhã liguei a televisão numa rede nacional, mais especificamente no Bom Dia Brasil, assisti a uma reportagem sobre o excesso de arrecadação no país. Exatamente a Rede Globo de Televisão trazia uma matéria completa a respeito de que nunca na história do Brasil se arrecadou tanto. Nunca! E a tônica entre os especialistas hoje é que o governo está mais competente para arrecadar, está mais eficiente na hora de cobrar, mas continua ineficiente sobre como gastar o dinheiro. Gasta mal. O governo poderia aproveitar a oportunidade para diminuir os impostos. É isso que o governo deveria estar fazendo.
Segundo o Diário Catarinense de hoje, a arrecadação de impostos federais em Santa Catarina bate recorde.
É muito dinheiro arrecadado, deputado Peninha, e não pára de aumentar! Talvez o grande erro do governo seja o fato de ele aproveitar o aumento da arrecadação para também aumentar os gastos, inflando a inflação.
Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, o governo acelera repasse de R$ 1,2 bilhão para as cidades antes da inflação.
Coincidência ou não, as cidades privilegiadas, deputado Herneus de Nadal, são exatamente aquelas administradas pelos prefeitos que dão sustentação ao governo federal.
Arrecada-se mais, gasta-se mais, com conseqüência de inflação em alta. É isso que está acontecendo. E a hora ideal para ajustar as contas é agora: ou aumentando a poupança interna ou reduzindo os gastos para se adaptar à falta da CPMF, que também não faz falta.
O governo tinha arrecadado muito mais do que previa arrecadar com a CPMF, como cada pessoa sensata faz quando recebe um dinheiro extra, guardando-o na poupança para o dia que precisar. Mas não é isso que o governo federal vem fazendo. Gasta muito e gasta mal!
Está investindo numa política econômica equivocada! Aumenta a arrecadação, aumenta os gastos e não combate a inflação. Incentiva o consumo. Para quê? Para despertar a arrecadação. E ao aumentar o consumo desperta o dragão da inflação e a velha maquininha de reajustar preços. E todos aqueles prestadores de serviço, deputado Jean Kuhlmann, estão hoje num impasse.
Está na matéria também do Diário Catarinense de ontem: "Reajustar ou não, eis a questão"
Se o cabeleireiro aumenta o preço, perde o cliente. Se a borracharia aumenta o preço, perde o cliente. O que fazer? Vai ficar no prejuízo?
Eu vou me permitir, srs. deputados, passar um trecho da reportagem do Bom Dia Brasil, onde fica caracterizado que o governo vem arrecadando cada vez mais neste país e gastando cada vez mais mal.
Por favor, ponha a matéria!
(Procede-se à apresentação do vídeo.)
Vejam, srs. deputados, que nós não precisamos da CPMF! Há dinheiro em excesso nos cofres do governo. Nós precisamos acelerar as obras necessárias de infra-estrutura em todo o país. E aqui em Santa Catarina não é diferente. A BR-101, no trecho sul, está morosa a sua conclusão. Precisamos acelerar! Há dinheiro para a educação! Há dinheiro para a saúde!
O governo precisa cortar gastos, e se ele cortar gastos vai dar um sinal positivo no movimento de baixar a inflação. Essa é a forma clássica de combater a alta do custo de vida.
A inflação se combate com política monetária e política fiscal. Para o governo federal não há Lei de Responsabilidade Fiscal, mas para as Assembléias há, como também para as Câmaras Municipais, para o Congresso Nacional, para os prefeitos, para os governadores dos estados. Para o governo federal não há limite de gastança. Precisou de dinheiro, roda a maquininha do Banco Central, roda a maquininha da medida provisória para aumentar os impostos.
O Sr. Deputado Jean Kuhlmann - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Pois não!
O Sr. Deputado Jean Kuhlmann - Só quero fazer um registro. O governo Lula deve ter muito dinheiro para a infra-estrutura, porque eu acho que vai emprestar dinheiro para a Bolívia. Então, há muito dinheiro sobrando, deputado Marcos Vieira. Se ele vai emprestar dinheiro para outro país é porque aqui está sobrando! Só pode ser isso.
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Enquanto isso a inflação, deputado Jean Kuhlmann, corrói o bolso do trabalhador. A inflação faz com que o trabalhador saia do supermercado com o carrinho com menos mercadoria ou tendo que substituí-la por outra mais barata. Aumentou a carne, aumentou o pão, aumentou o arroz, aumentou o óleo de soja. Está aumentando a prestação de serviço e o salário está sendo corroído.
Sras. deputadas, srs. deputados, deputado Pedro Uczai, o Partido dos Trabalhadores não está sabendo manter a economia brasileira de forma equilibrada, não está sabendo manter aquilo que o presidente Itamar Franco, junto com o ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, fez, que foi implantar um plano de estabilização econômica no país, fazendo com que a inflação fosse para zero, e agora está ocorrendo um estouro oficial da inflação.
O Sr. Deputado Pedro Uczai - V.Exa. me concede um aparte?
Então, eu peço, pelo amor de Deus, ao PT que peça ao presidente Lula que diminua a inflação no país.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)