Pronunciamento

Marcos Vieira - 102ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 04/12/2007
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Sr. presidente, sras. deputadas e srs. deputados, quero fazer coro aos demais líderes, deputados desta Casa, e também dar as boas-vindas ao colega Jean Kuhlmann, que reassume o seu mandato após uma breve trajetória na secretaria de estado do Desenvolvimento Econômico e Sustentável. Um bom retorno e que tenha uma bela convivência nesta Casa.
Mas o que me faz assomar à tribuna diz respeito a um assunto que é manchete diariamente nos jornais internacionais, de forma negativa, infelizmente. E um dos principais jornais de circulação nacional do mundo inteiro trouxe a seguinte manchete, no dia 2 de dezembro: "Chávez quer liderar a América Latina". Olhem a pretensão do homem! Olhem a pretensão daquele que se diz democrata! Propôs uma reforma constitucional, que restou aprovada, porque domina 100% do Parlamento daquele país, bem como grande parte da estrutura do Judiciário.
Fui, na semana passada, em vista dos mais diversos pronunciamentos que ocorreram nesta Casa, inteirar-me sobre a pretensa reforma que ele gostaria que fosse aprovada no referendo.
Sras. deputadas e srs. deputados, o dito presidente desejava reeleição indefinida; o presidente desejava ter vários vice-presidentes; o pretenso presidente, porque para mim é um ditador, por uma das emendas, estaria autorizado a fazer o confisco da propriedade privada dos venezuelanos; acabaria com a autonomia do Banco Central venezuelano; as Forças Armadas não mais estariam constitucionalmente autorizadas a defender o território venezuelano, mas a Revolução Bolivariana, a qual ele pretende estender por toda a América do Sul. E mais, ele queria criar o estado sul-americano.
Já desrespeitou o nosso Congresso Nacional, deputada Odete de Jesus, e ainda querer ser o chefe dos brasileiros, já é demais! Eu não vi o presidente Lula contestar, eu não vi.
Quis ainda instalar um estado de exceção na Venezuela e, o que é mais absurdo, restringir as garantias individuais do povo venezuelano.
Mas a crise instalada na Venezuela fez com que houvesse um desabastecimento de produtos como leite, açúcar e ovos. O país enfrenta uma situação política caótica. O setor industrial afirma que a crise no abastecimento resulta da política de ajustes de preços da cesta básica. A inflação do mês de novembro passado corresponde a toda a inflação dos últimos 12 meses do Brasil!
Não bastasse isso, sr. presidente, o entre aspas dito "presidente" prega a discórdia no nosso continente. Está aí a Bolívia para vermos! pois aquele país mais uma vez está sofrendo as conseqüências de um político que quer seguir aquilo que Hugo Chávez faz: Evo Morales quer tornar-se ditador da Bolívia! Não bastasse isso, vem o presidente do Equador e fecha o Congresso Nacional e instala a Assembléia Constituinte!
Isso, sras. deputadas e srs. deputados, é como que um rastilho de pólvora que começa a percorrer os demais países do continente. E nós temos que estar vigilantes porque há gente pregando o terceiro mandato para o presidente aqui no Brasil! Há gente querendo um terceiro mandato. Ainda bem que a população brasileira, antes que os fatos se concretizassem, já deu um recado claro. O povo venezuelano deu um recado duro ao ditador no referendo dizendo "não" às reformas. Estão colocando aquele senhor no seu devido lugar.
Mas aqui no Brasil, como temos uma imprensa livre, séria, independente, numa pesquisa, deputado Manoel Mota, o Data Folha, da Folha de S.Paulo, entrevistou 11 mil pessoas no Brasil inteiro e o resultado está aí estampado nos principais meios de comunicações do país: 63% da população brasileira não deseja dar para ninguém o terceiro mandato. Mas o sul do país - Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná - manifesta-se mais contundentemente contra eventual projeto de um terceiro mandato, pois aqui, no sul do país, nesses três estados, não são 63% que rejeitam a proposta, a marca alcança mais de 70% dos que não desejam ter no país o terceiro mandato para o presidente.
Mas se não bastasse aquilo que Hugo Chávez está fazendo, ameaçando o mundo, não fornecendo petróleo, daquilo que já aconteceu na Bolívia, de confiscarem o patrimônio da população brasileira quando do conflito com as usinas da Petrobrás, que agora acontece no Equador, aqui no Brasil temos que ficar vigilantes, de olhos abertos, temos que dizer para a população que não queremos seguir os destinos que está seguindo a Venezuela, que não queremos ter no Brasil dirigentes, mandatários, com os mesmos propósitos de Hugo Chávez, que o que queremos é continuar sendo uma pátria livre. E para que isso ocorra não basta somente dizermos: "Porque no te callas?" Mas dizer, em definitivo: "Hugo Chávez, porque no te vas?"
Muito obrigado!
(Palmas)
(SEM REVISÃO DO ORADOR)