Pronunciamento

Marcos Vieira - 016ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 11/03/2010
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Sr. presidente, deputado Jailson Lima, srs. deputados, telespectadores da TVAL e ouvintes da Rádio Alesc Digital, é verdade, sim, deputado Jailson Lima, que o PSDB, na manhã de hoje, é uma constante na tribuna desta Casa, mas tem os seus motivos. O governo federal continua a insistir em não atender Santa Catarina e a discriminar todos nós, catarinenses.
Na semana passada fiz questão de dizer que o ministério do Turismo, deputado Joares Ponticelli, fez um encarte no O Estado de S. Paulo e distribuiu 300 mil exemplares Brasil afora, promovendo o Rio de Janeiro, que comemorava 445 anos de emancipação político-administrativa. É merecedor o Rio de Janeiro, como disse, é a porta de entrada do Brasil, mas, deputado Sílvio Dreveck, São Bento do Sul é um dos esteios da economia de Santa Catarina, mas pergunto a v.exa., que já foi prefeito daquela cidade, o seguinte: algum dia o seu município recebeu recursos do ministério do Turismo para anunciar a todos os catarinenses que estava fazendo mais um aniversário de emancipação político-administrativa? Quero crer que não! Da mesma forma que os demais 292 municípios de Santa Catarina não recebem recursos do governo federal para dar a devida publicidade às suas datas festivas.
Srs. deputados, eu tenho, ao longo dos meus discursos nesta Casa, instado a bancada do Partido dos Trabalhadores a subir à tribuna deste Parlamento e contestar os pronunciamentos que tenho feito em razão da discriminação que o governo federal faz e continua fazendo contra Santa Catarina.
Do R$ 1,9 bilhão prometido para Santa Catarina e alardeado com foguetórios, festas, caravanas e passeatas por este país afora, só chegaram cerca de R$ 630 milhões. Eu pergunto, insisto e volto a insistir: onde estão os deputados da bancada do Partido dos Trabalhadores que têm que estar aqui para me responder? Onde está o outro R$ 1,3 bilhão? Onde está, deputado Ismael dos Santos? Em vez de vir aqui contestar os meus discursos, as minhas palavras, muitos dos deputados do PT sobem à tribuna para, de forma transversa, fazer outros discursos elogiando exatamente aqueles que discriminam Santa Catarina.
O deputado Jailson Lima ontem, ao finalizar o seu discurso, disse uma palavra mágica, ou seja, que alguém do governo federal é um mago. Eu ocupei a tribuna em seguida e disse que mago significa vendedor de ilusões. Estão vendendo ilusões país afora com o PAC da drenagem, com o PAC das BRs, com o PAC do Minha Casa, Minha Vida e tudo o que estão anunciando pode, quando muito, iniciar neste, mas vai terminar nos próximos governos.
Hoje faço o meu discurso, deputado Ismael dos Santos, cumprindo o compromisso que assumi no início desta semana de começar, sim, fazendo um comparativo das ações do atual governo e do governo passado, em que o PSDB administrou o Brasil.
Nosso país, quando começou a viver o período da Nova República, tinha inflação de 50%, 60%, 70%, chegou até a 80% ao mês. É claro que as crianças não se recordam daquele período, mas nós, os mais velhos, de mais idade, lembramos muito do quanto era doído ir ao supermercado fazer as compras num dia e no outro pagar o dobro pela mesma compra.
Pois bem, foi o PSDB, no governo Itamar Franco, quando Fernando Henrique Cardoso exercia a honrosa função de ministro da Fazenda, que implantou o Plano Real no Brasil. Mas antes daquela implantação, Fernando Henrique percorria os corredores do Congresso Nacional em busca de apoio para aprovar o dito Plano Real, que instalaria no país a estabilidade econômica. Ele foi ao encontro do então deputado federal e presidente do Partido dos Trabalhadores José Dirceu, para pedir o apoio da bancada federal do PT para a implantação do Plano Real - e deputada Ana Paula Lima, as suas ilações no dia de ontem vão fazer com que nós também falemos de alguns membros do Partido dos Trabalhadores.
O PT se reuniu e sabem qual foi a decisão? A bancada do Partido dos Trabalhadores no Congresso Nacional, deputado Silvio Dreveck, votou contra a estabilidade econômica do país e hoje está aí usufruindo exatamente dessa estabilidade econômica para dizer que o Brasil melhorou. Melhorou, é claro, mas melhorou porque foi implantado o Plano Real no Brasil; melhorou porque daquele plano adveio a estabilidade econômica. Mas agora, ao vermos nos jornais de todo o país, que o mês de fevereiro passado teve o maior índice inflacionário dos últimos sete anos isso nos preocupa.
Hoje o governo federal alardeia que um grande número de brasileiros saiu da linha da pobreza e passou para a classe média. Mas a verdade é que tudo começou no governo de Fernando Henrique Cardoso, quando a extraordinária Ruth Cardoso, então primeira-dama do Brasil, implantou a chamada rede de proteção social, criando o Bolsa Alimentação, o Bolsa Escola, o Auxílio Gás e o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil - Peti -, que depois foram transformados num único programa, o chamado Bolsa Família. Hoje, inclusive, não mais se vincula a inscrição no programa à matrícula da criança na escola. Dessa forma, em vez de promover a inclusão social, ocorre, na verdade, uma erradicação de crianças da escola.
Foi também no governo de Fernando Henrique Cardoso, fruto da aliança que governava o país na época, que se criou a Lei de Responsabilidade Fiscal, que hoje condena prefeitos, presidentes de Câmaras Municipais, de Assembleias Legislativas e governadores, mas que, infelizmente, ainda não condenou o presidente da República, que continua gastando mais do que arrecada, que continua fazendo favores com chapéu alheio.
E há mais! Foi ainda no governo passado, do PSDB, do Democratas e de outros tantos partidos que estavam naquela aliança, que o Brasil finalmente descobriu e implantou o programa dos genéricos. Infelizmente, neste mês de março vimos publicado no Diário Oficial da União um aumento considerável no preço dos remédios genéricos do país, fazendo com que a população menos abastada e que mais precisa deles tenha que desembolsar mais recursos para comprá-los.
Da mesma forma, foi na administração de Fernando Henrique Cardoso e de seus aliados que se implantou o maior programa de prevenção contra a Aids, reconhecido no mundo inteiro e que, infelizmente, no atual governo não está tendo a devida atenção.
Mas, srs. deputados, enquanto o governo passado cortou 121 mil cargos comissionados no Brasil inteiro, o governo Lula criou 119 mil, aumentando a despesa do governo federal. E ontem, em Florianópolis, o governador do estado do Paraná, ao fazer o seu pronunciamento, soltou o verbo contra a política econômica do governo federal, a quem acusa de criar uma atmosfera artificial de crescimento econômico e ascensão social, baseada numa maquiagem nas exportações para a China, com déficit recorde nas contas públicas de R$ 1,7 trilhão, o que, inclusive, hoje foi matéria do Bom Dia Brasil. Isso prova que o Brasil cresceu zero ponto percentual, seu PIB foi zero este ano, em decorrência exatamente de uma política equivocada implantada no país.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)