Pronunciamento

Marcos Vieira - 011ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA

Em 21/05/2008
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Sr. presidente, srs. deputados, antes de falar acerca do assunto do meu pronunciamento, quero mais uma vez parabenizar o eminente deputado Edison Andrino e dizer que realmente a Lagoa da Conceição precisa de ações enérgicas do poder público, a fim de coibir esses atos de selvageria que têm acontecido contra a nossa gente, contra todos aqueles que para lá vão aproveitar as suas belezas, desfrutar de alguns momentos de tranqüilidade, ver a sua família e os seus amigos.
V.Exa., deputado Edison Andrino, hoje, com muita lucidez fez um brilhante pronunciamento acerca da segurança pública na Lagoa da Conceição.
Mas eu queria falar também de um tema muito importante, que são as mulheres, a dupla jornada de trabalho das mulheres.
O Sr. Deputado Edison Andrino - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Pois não!
O Sr. Deputado Edison Andrino - Antes de entrar em outro assunto, como v.exa. - e não é o caso deste suplente aqui - é um deputado com muito prestígio nesta Casa e mais prestígio ainda junto ao Executivo, quem sabe uma visita nossa com a participação de v.exa., com todo o prestígio que tem com o governo do estado, poderíamos sensibilizar o secretário da Segurança Pública a colocar as câmeras na Lagoa da Conceição.
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - O deputado Edison Andrino é muito bondoso, porque ele é um homem com vários mandatos de vereador, de deputado federal, de prefeito e agora de deputado estadual.
Mas eu queria falar das mulheres, da dupla jornada de trabalho das mulheres. Elas próprias, muitas vezes, não se dão conta do excesso de trabalho que têm e nós, homens, não as olhamos como seres humanos que têm trabalhado muito mais do que os homens.
(Passa a ler.)
"Ao longo dos anos, a mulher vem conquistando seu espaço e vem consolidando sua participação na economia familiar. Mas essa conquista feminina não provocou a diminuição das suas atividades domésticas.
Estudo feito em São Paulo mostra que mulheres com jornada semanal de 40 horas ou mais trabalham quase três vezes mais em serviços domésticos do que os homens que cumprem a mesma jornada. Enquanto os homens trabalham, em média, cinco horas semanais fazendo serviços em casa, pasmem, as mulheres dedicam 18 horas por semana às mesmas tarefas domésticas.
Mas a pesquisa também mostra que o fator econômico influencia mais no trabalho doméstico feminino do que a questão cultural. Ou seja, quanto maior é a participação da mulher na renda da família, menos horas ela dedica ao trabalho doméstico. Isso significa que quanto mais a mulher ganha, menos trabalha dentro de casa. Ela tem mais poder para negociar as horas trabalhadas em casa; se ganha mais, tem mais voz ativa em casa. É engraçado!
O estudo mostra também que para cada ponto percentual que a mulher aumenta sua participação na renda da família diminui em cerca de oito horas o trabalho doméstico que ela executa por semana. No caso dos homens também há redução, mas a variação é menor. A diminuição é de duas horas semanais para cada ponto percentual em que ele aumenta a renda em relação à família.
No sul do país, os homens dedicam mais tempo aos serviços domésticos que em outras regiões. Trabalham em casa uma hora a mais do que um homem da região sudeste. Esse tempo chega a quase duas horas, se comparado ao dispensado por um homem da região centro-oeste.
A Folha de S.Paulo traz o exemplo de uma cidadã, a bibliotecária Wilma Teixeira, que cumpre uma jornada de 44 horas semanais de trabalho fora de casa. Mas em casa, na casa dela, da família, ela é mãe, é esposa e trabalha cerca de seis horas/dia em tarefas domésticas, perfazendo cerca 42 horas semanais de trabalhos domésticos. Somadas essas horas às 44 horas que ela dedica em atividade fora de casa para aumentar a renda familiar, Wilma Teixeira está trabalhando cerca de 86 horas por semana. É muita coisa!
A mulher faz o serviço em casa porque os filhos estudam e trabalham, e o marido também tem uma jornada não menos extensa, mas fora de casa, diz ela. E é verdade, a mulher levanta cedo, acorda os filhos, faz o café, arruma os filhos, encaminha-os para a escola, depois faz as tarefas de casa, sai para trabalhar, retorna, busca os filhos, cuida da roupa do marido, cuida da casa, cuida dos filhos e só depois de mais de meia-noite é que ela efetivamente vai descansar.
A dupla jornada que as mulheres têm de trabalho sobrecarrega violentamente o sexo feminino. É também o item que merece ser analisado por conta dos danos que isso acarreta no seio familiar.
Além do trabalho doméstico as mulheres que têm filhos precisam ainda dedicar muito tempo a eles desde a concepção até o casamento. Na vida moderna, até depois do casamento a mãe ainda continua cuidando dos filhos. Esta é a parte mais complicada: os filhos querem as mães em casa, perto deles, o maior tempo possível. A mulher ainda é obrigada a criar uma rotina adequada à necessidade dos filhos, sobrando pouco tempo para ela mesma, como ir ao cinema, a um teatro, a um parque de diversões. Enfim, para ela sobra muito pouco.
A família passa a contar rotineiramente com uma mulher sempre à beira da exaustão e sem condições de transmitir a qualidade de relacionamento tão necessária. Segundo especialistas, isso vem ocorrendo em grande parte das classes sociais e pode ter conseqüências graves para a sociedade.
Esse novo pensamento e ação da mulher têm causado impacto no formato da família, das estruturas de apoio domésticas. Diante das transformações, a mulher enfrenta um momento histórico que merece destaque e atenção."
E nós, homens, precisamos redistribuir a carga horária que ela tem principalmente dentro de casa, compartilhando, fazendo com que ela também tenha os seus momentos de lazer e que possa dedicar-se mais aos filhos do que às tarefas em casa ou fora de casa.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)