Pronunciamento

Marcos Vieira - 009ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 25/02/2015
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Sr. presidente, sras. deputadas e srs. deputados. Em razão do que vem acontecendo em todo o Brasil, não poderia deixar, no dia de hoje, de ocupar esta tribuna para me manifestar, em especial, do período eleitoral para o período presente da nação brasileira.
Lembro-me bem, presidente, deputado Padre Pedro Baldissera, quando dos programas eleitorais, que os candidatos à Presidência da República, deputado Leonel Pavan, apresentavam ao eleitor brasileiro, e quero destacar o que apresentava à sociedade brasileira a então candidata Dilma Rousseff.
(Passa a ler.)
"Dizia ela:
Que a sua campanha teria como prioridade os menos abastados e que iria priorizar o controle da inflação e dos juros. Ganhou a eleição.
Mas não demorou muito, um mês depois de eleita, confirmou uma alta de juros elevando o Brasil à condição de país com a maior taxa de juros do mundo inteiro.
Para se ter ideia, nos últimos dois anos a soma da inflação no Brasil já ultrapassa a casa dos 15%.
Mas dizia ainda a candidata Dilma Rousseff: 'Direitos do trabalhador não se muda nem que a vaca tussa.'
E o que aconteceu? Como presente de Ano-Novo, deputado José Nei Ascari, mais precisamente no dia 29 de dezembro, a presidente da República anunciou um pacote de ajustes nas regras para acesso ao abono salarial, seguro desemprego do pescador artesanal, do trabalhador de forma geral, pensão por morte e auxílio doença.
O que ela dizia na campanha eleitoral à população brasileira?
(Continua lendo)
"'Ao bradarmos, Brasil, pátria educadora', estamos dizendo que a educação será prioridade das prioridades.'"
Saiu o contingenciamento do bloqueio de mais de R$ 7 bilhões do orçamento das universidades federais, que estão à míngua. Os hospitais universitários brasileiros estão fechando as suas portas, estão funcionando graças à garra e à dedicação do seu corpo técnico, do seu corpo funcional.
Dizia ainda no que diz respeito às taxas de juros:
(Continua lendo)
Dizia a presidente: "'Asseguro a esse povo que o Banco Central terá autonomia'. E teve autonomia, tirou mais dinheiro do bolso do trabalhador aumentando os juros consideravelmente, pois o comitê de política monetária, o Copom do Banco Central, elevou a taxa básica dos juros, a Selic, aumentando para 12,25%."
O que disse a presidente Dilma Rousseff na campanha?
(Continua lendo)
"Não vai haver tarifaço! Pode ter aumento do preço da gasolina, mas não tarifaço."
E o que foi feito depois da eleição?
(Continua lendo)
"Anunciou quatro medidas de aumento de impostos, que vai retirar dos bolsos dos trabalhadores brasileiros para engordar ainda mais as burras do Tesouro Nacional, nada mais nada menos do que mais do que R$ 20 bilhões!
Aumentaram a gasolina, o álcool, encareceu o crédito direto ao consumidor, elevou os tributos sobre as importações, não houve reajuste da tabela do Imposto de Renda."
Este ano, deputado Kennedy Nunes, o trabalhador brasileiro vai pagar mais Imposto de Renda!
(Continua lendo)
"Ao longo de quase 20 anos do Plano Real, a inflação acumulada, desde 1994 até 20014, medida pelo IPCA, já chegou à casa de 350%, deputado Dalmo Claro. E, o que é mais grave, a cédula de R$ 100,00 hoje só vale R$ 22,35. E de 2011 até 2014 o real perdeu 85% em relação ao dólar americano. Vejam v.exas. que desvalorização!"
Temos ainda a questão agora recente da Petrobras, o Petrolão, que a cada dia que passa aparecem mais denúncias, aparece mais corrupção dentro da maior empresa estatal do Brasil. Infelizmente, o orgulho nacional foi rebaixado por agências internacionais e somente no dia de hoje as ações da Petrobras, mais uma vez, caíram em mais de 8%. Mas não para por aí.
(Continua lendo)
"Em 2012, deputado Manoel Mota, a cesta básica custava R$ 271,64. Hoje, custa R$ 360,64. Em dois anos tivemos um aumento de mais de 32% da cesta básica.
O levantamento realizado pelo Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas - Iepe - indica que em janeiro de 2015 os preços pisaram forte no acelerador, alimentos in natura como frutas, verduras e legumes subiram seus preços violentamente.
Não podemos aqui deixar de registrar que somente a batata inglesa subiu nada mais nada menos do que 47%. Mas de 12 anos para 14 anos a carne bovina subiu 509%, o leite subiu 528%, o feijão subiu 290%, o arroz subiu 316%.
E o que tem empurrado a inflação para cima? A educação. Segundo o IBGE, os gastos com a educação puxaram a alta da inflação em fevereiro, a taxa do grupo ficou na mais nada menos do que 6% mais alta!
A conta de luz não ia ter 'tarifaço', mas a conta de luz, em média, no Brasil subiu mais 12%. O transporte coletivo que, no ano passado, incidiu em seu grupo, cerca 0,75%. Este ano em fevereiro já impactou em 1,98%.
Os combustíveis, quanto está custando o óleo diesel? O metanol, a gasolina. Há lugares no Brasil que subiu 40%. A cobrança de pedágio, de acordo com o Sindicato das Empresas Transportadoras de Carga, desde o início dos governos do Partido dos Trabalhadores, já subiu nada mais nada menos do que mais de 200% os pedágios do Brasil. Não há, é claro, caminhoneiro que resista a tanto aumento! Um caminhão, uma carreta com cinco eixos, num espaço de 150km chega a pagar R$ 176,00 de pedágio.
Outro item que empurrou a inflação para cima: o material escolar subiu mais de 13%. O endividamento do trabalhador, de uma forma geral, a exemplo disso."
O deputado Dirceu Dresch falou agora na renovação da frota de caminhões do Brasil, é verdade! O governo estimulou o endividamento da população brasileira. Os caminhoneiros compraram os caminhões, tiveram um prazo de carência, mas o frete ficou barato, o óleo diesel ficou caro, o pedágio ficou caro, mas hoje não tem condições de pagar a prestação do caminhão.
Por isso, é que está tudo parado. Somente o déficit da Balança Comercial Brasileira neste mês de janeiro foi de R$ 5 bilhões, ou seja, compramos mais do que vendemos para o exterior. Muitas empresas brasileiras estão dando férias coletivas, aqui em Santa Catarina, inclusive. E ainda vem à tribuna dizer que o governo federal é sensível! É sensível um governo que põe a polícia em cima do trabalhador como aconteceu ontem no trevo de Xanxerê? Está aqui, é manchete do jornal Diário Catarinense. É manchete do jornal Notícias do Dia. Foi manchete dos principais telejornais do Brasil inteiro: "a Polícia Rodoviária Federal disparando balas de borracha contra um caminhoneiro autônomo que sofre e que está parado na estrada há mais de 10 dias. E hoje, inclusive, não tem nem lugar para almoçar e nem para fazer as suas necessidades básicas."
O nosso produtor de leite que no ano passado sofreu com um grupo de criminosos que adulteravam o leite catarinense. O preço baixou, mas no supermercado aumentou mais de 300%, deputado Dalmo Claro.
Eu quero aqui dar um depoimento do prefeito Éder Marmitt, de Sul Brasil, que dizia ontem ainda em meu gabinete: "deputado, esteve em meu gabinete, na prefeitura, uma comerciante que tem uma pequena loja lá em Sul Brasil, com quatro funcionários e, em razão desta crise que está instalada no Brasil nos últimos dez dias só entrou no caixa da loja nada mais nada menos do que R$ 500,00. Como será pago o salário desse pessoal?"
Quero aqui, senhoras e senhores, dizer que precisamos mudar o Brasil, pois esse modelo está esgotado, a população está endividada. Não tem mais como pagar, o aluguel subiu, o material escolar subiu, o material da construção subiu, o CUB subiu, o transporte coletivo subiu.
Não há como hoje dizer que o governo é sensível e quer mudar. Por que não foi sensível no primeiro dia de governo há 12 anos? Por que não foi sensível no primeiro dia de governo do segundo mandato do Partido dos Trabalhadores? Por que não foi sensível no primeiro dia de governo do terceiro mandato do Partido dos Trabalhadores? E vem dizer isso agora que o governo federal é sensível no início do quarto mandato do Partido dos Trabalhadores, é querer, mais uma vez, pregar mentira à população brasileira.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)