Pronunciamento

Marcos Vieira - 039ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 21/05/2008
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Sr. presidente, sra. deputada e srs. deputados, há um assunto que vem preocupando a sociedade brasileira nos últimos 60 dias, são manchetes e manchetes de jornais, são chamadas de rádio e de televisão que vêm prendendo a atenção da população brasileira sobre a volta da maldita inflação.
(Passa a ler.)
"Os preços dos alimentos continuam subindo assustadoramente. Trigo, arroz, leite e carne bovina são os vilões na mesa do trabalhador, do consumidor, daquele que ganha menos.
Para se ter uma idéia, em janeiro, a saca do trigo custava R$ 53,00; hoje, deputado Romildo Titon, v.exa. que mora numa região altamente produtora de grãos, a saca do trigo está custando R$ 105,00. Aonde vamos chegar? Em abril, o preço do pão francês subiu mais de 14%; os donos das padarias já sentem a queda do movimento por conta do aumento do pão francês. E, é lógico, a população está comendo menos pão! Com o preço lá em cima, cai o consumo.
Além das padarias e dos supermercados, agora são os restaurantes que reajustam os preços". Os jornais do país inteiro já estampam manchetes como esta: "Restaurante reajusta após a alta dos alimentos". O efeito é em cadeia. A população sofre nos supermercados e o trabalhador, que precisa alimentar-se num restaurante durante o dia, também sofre com a alta.
(Continua lendo.)
"Neste último mês de abril, alguns cardápios tiveram um acréscimo de quase 20% e há programação para mais aumentos no mês de julho.
Mas não são só os alimentos que estão subindo. Matérias-primas que estão na base da cadeia produtiva, como plásticos, aços e fertilizantes, também registraram alta nos preços. Assim como habitação, transportes, despesas pessoais e vestuário.
Dos itens que compõem o IPC da Fipe, 61% apresentaram elevação este mês. Os economistas já alertaram para a possibilidade da inflação ficar acima da meta do governo, pode chegar a 6% neste ano. Os jornais mostram inflação em alta, são as matérias que aparecem em todos os jornais do país.
A expectativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA, que serve como meta de inflação, subiu pela oitava semana seguida e deve fechar o ano em mais de 5%, quase 6%. Se confirmado, o indicador ficará acima da meta da inflação para este ano.
O consumidor sofre com essa enorme carga, além de pagar elevados impostos e ver seu custo de vida aumentar a cada dia. E a inflação afeta mais o consumidor de baixa renda, as famílias mais pobres gastam proporcionalmente muito mais com alimento do que as com renda maior. As compras com alimentos respondem por 40% do orçamento familiar de renda menor."
Para onde vai esse lucro? É para o agricultor? Evidentemente que não! O agricultor está fazendo a sua parte, está produzindo cada vez mais, mas está recebendo cada vez menos. Há algo errado na cadeia que vai até a mesa do consumidor.
(Continua lendo.)
"Enquanto isso, o governo federal divulga registros de recordes de arrecadação excepcional. No mês passado apenas a soma dos tributos administrados pela Receita Federal superou cerca de R$ 1,5 bilhão, essa foi a previsão para o mês de abril. A arrecadação de abril supera a previsão de mais de R$ 1,5 bilhão. São os jornais do país inteiro a mencionar esse valor."
O governo federal quer a volta da CPMF, pois estão arrecadando cada vez mais. Cálculos preliminares apontam que pelo menos R$ 15 bilhões poderão entrar a mais do que o projetado. Só o Imposto de Renda deverá engordar os cofres públicos em cerca de R$ 168 bilhões. São manchetes no Brasil inteiro. Não é o deputado Marcos Vieira que está dizendo que a carga de impostos aumentou consideravelmente, que o governo federal continua arrecadando, que a alimentação está subindo, que o fertilizante está subindo! Não sou eu, são os jornais, são os rádios, são as televisões, é o próprio presidente Lula!
Hoje ainda, pela manhã, no Bom Dia Brasil, o repórter disse: "A inflação é ruim para o pobre." Mas, presidente, diga na televisão qual é a solução! Diga, presidente! Nós sabemos que é ruim para o pobre, ele sabe! O pobre está saindo do supermercado com o carrinho mais vazio, com menos alimento!
Ontem, ainda, no Jornal Nacional ou num jornal de âmbito nacional, disse uma senhora: "O almoço de domingo com convidados não irá haver mais, porque não há dinheiro para comprar!"
(Continua lendo.)
"Os técnicos do governo federal acreditam que a arrecadação da União com os royalties de petróleo e participações especiais ficará bem acima da previsão do próprio governo. Além disso, a lucratividade das estatais também trará mais dividendos ao governo. A Petrobras registrou um acréscimo de 68% no lucro no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. A Eletrobrás, igualmente e o Banco do Brasil, 66%."
O governo federal tem dinheiro para investir em saúde, sim, em educação, sim, em infra-estrutura, sim! Não precisa trazer de volta a CPMF, deputado Peninha! Não precisa! Há dinheiro demais. É só abrir o cofre. Abra o cofre e mande dinheiro para os municípios. Abra o cofre e resolva a questão da saúde, da infra-estrutura, da educação neste país! Presidente Lula, dê um basta à inflação! Termine com a inflação que está prejudicando a nossa população.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)