Pronunciamento

Marcos Vieira - 023ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 03/04/2007
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Sra. presidente, sra. deputada e srs. deputados, assomo à tribuna, hoje, para falar sobre o governo federal. É normal a qualquer governante, ao iniciar, tanto no âmbito municipal, estadual ou federal, que se demande certo tempo para compor o quadro diretivo de cada uma dessas estruturas.
O que me chamou a atenção, sra. deputada Ana Paula Lima, que neste momento preside esta sessão, foi uma das matérias publicadas num jornal de circulação nacional. E eu fiquei contente em parte quando nessa matéria foi publicado que o presidente Lula acabava de concluir a reforma ministerial. Mas um pouco mais adiante nessa manchete está o seguinte: "Lula quer agora pensar no Brasil de 2022".
Eu faço um pergunta aos srs. deputados e às sras. deputadas: com tantos problemas que temos por este Brasil afora, com tantas demandas que temos cada um de nós, no seu dia-a-dia, o que leva um presidente da República a pensar no ano de 2022 e não no agora? Mas há de se pedir uma explicação à sua excelência, o sr. presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do motivo pelo qual a violência explode como principal problema do país, hoje, passando, inclusive, do desemprego que afeta milhões e milhões de brasileiros.
Temos visto, na grande imprensa, manchetes e manchetes por este Brasil afora, e não foi diferente hoje, pois é matéria de quase uma página inteira no Diário Catarinense, sobre um tiroteio na SC-401, na capital de todos nós catarinenses. E eu já fiz um alerta desta tribuna: temos que tomar cuidado, porque se a tolerância zero for efetivamente implantada nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, sobrará para Santa Catarina, porque os principais bandidos virão para cá.
Mas são quase diárias as manchetes por este país afora: "Violência passa desemprego como principal ocupação".
Em Bogotá, o prefeito reduziu o crime com medidas enérgicas, pois era um dos países com o mais alto índice de criminalidade da América Latina e talvez do mundo inteiro, mas com essa medida o crime tem reduzido sistematicamente.
Srs. deputados, o que mais me tem chamado a atenção é que todos os dias, nesses últimos seis meses neste país, só se ouviu falar a expressão apagão aéreo. Faz seis meses que vivemos a maior tragédia aérea deste país, que foi a queda do avião da Gol, matando 154 brasileiros. São páginas inteiras dos jornais de todo o Brasil que tratam dessa matéria sobre o sistema aéreo nacional. E na última semana, na última sexta-feira, não se fugiu à regra: em todos os canais de televisão, em todas as rádios do país, em todos os jornais não houve comentário diferente a não ser aquele que diz que os controladores sabotaram e fecharam os aeroportos do país.
Manchetes e mais manchetes, notícias e mais notícias, e o que tem sido feito com relação a isso? Como as autoridades federais estão tratando deste assunto que tem infernizado a vida de todos os brasileiros?!
Folha de S.Paulo: "Motim de controladores de vôo pára aeroportos do país."
Faz quinze dias, sra. deputada Ada De Luca, que eu fiquei esperando sei horas no aeroporto de Florianópolis para conseguir embarcar no avião que iria para Chapecó. O vôo que ia sair às 20h, só saiu depois das duas horas da manhã.
E o que é pior, srs. deputados e sras. deputadas, o presidente Lula autoriza a fazer um acordo com os controladores de vôo, passando por cima do comandante da Aeronáutica e aprofundando a crise neste país. E mais uma vez saem manchetes e notícias do país inteiro: "Acordo com amotinados provoca tensão na cúpula da Aeronáutica."
É uma vergonha o que se assiste neste país!
Diz o Estadão, de São Paulo: "Acordo desgasta militares e caos continua nos aeroportos."
E as fotos? E as imagens que nós vemos nos jornais e nas televisões? Gente dormindo nos aeroportos, no chão e, o que é pior: "Passageiro morre de enfarto após aguardar mais de 12 horas".
É deprimente para o cidadão brasileiro ou para o turista que vem para o nosso país passar alguns dias aqui. São cenas inimagináveis que eu, que tenho 53 anos de idade, nunca havia visto no país. Foram seis meses seguidos dessas imagens.
Diz o presidente Lula, reiteradas vezes: "Eu quero dia e hora para ver resolvida a questão." E um dos seus principais ministros, que é o ministro da Defesa, vai aos jornais e diz o seguinte: "Nem dia nem hora para a crise acabar."
Onde estamos, sras. deputadas e srs. deputados? Em que estágio estamos chegando neste país, em que a autoridade maior da nação, que é o presidente Lula, não vê respeitada e nem tampouco atendida a sua determinação de ver resolvida esta situação que há mais de seis meses atormenta a vida de todos os brasileiros?! É difícil!
O Sr. Deputado José Natal - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Deputado, eu, daqui a pouco, lhe concederei um aparte.
Mas no dia de ontem, mais uma vez, por interferência do presidente Lula, a crise se agrava, desautorizando, agora, o que ele próprio havia dito na sexta-feira: "Faço acordo e não prendo os amotinados." E hoje ele vem dizer que os controladores de vôo são irresponsáveis.
"Turbulência, agora, nos discursos", diz o jornal ANotícia, no dia de hoje. E esse mesmo jornal, no dia de hoje, também afirmou, peremptoriamente, no seu editorial principal, que com as palavras do presidente Lula, no dia de ontem, a crise, no país, se aprofundou. Faz um dia um acordo e no outro dia faz outro.
Srs. deputados, quando abrimos os principais jornais do país e vemos que a popularidade do presidente Lula começa a cair é porque os problemas estão-se saturando. Pensar em 2022 e não trabalhar nos dias atuais, evidentemente que isso contribui para que a sua popularidade comece a despencar.
Mas no nosso jornal ANotícia, um dos principais diários de Santa Catarina, o que é mais surpreendente no dia, está o seguinte: "Presidente Lula, é hora de trabalhar."
O Sr. Deputado José Natal - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Pois não!
O Sr. Deputado José Natal - Muito obrigado, nobre deputado, pelo aparte.
Eu quero dizer a v.exa. que na semana passada assomei esta tribuna para fazer um pronunciamento sobre o Plano de Aceleração de Crescimento do presidente Lula e fiquei sabendo que na sessão seguinte o deputado Pedro Uczai foi me contrapor em diversas situações. Quero dizer ao referido deputado que o presidente nada mais está fazendo do que a sua obrigação! E a BR-101, colocada por v.exa., foi obra do PSDB, que iniciou esse projeto, porque se deixasse pelo presidente Lula, talvez até hoje isso não tivesse saído do papel.
Sr. deputado, a questão do desemprego neste país está gerando violência, a questão dos aeroportos, colocada por v.exa, gera desemprego também, porque muitas pessoas deixaram de vir a este país! Tudo isso por causa da crise aérea e tantas outras crises no Brasil.
Então, o governo Lula está levando o país à bancarrota, no meu entendimento.
O Sr. Deputado Serafim Venzon - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Deputado, vou ficar devendo um aparte a v.exa. porque o meu tempo expirou.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)