Pronunciamento

Marcos Vieira - 003ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 13/02/2008
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Sr. presidente, sras. deputadas e srs. deputados, assomo à tribuna na tarde de hoje para tratar de um assunto muito conhecido pela população brasileira, que são os cartões corporativos. É praxe, em qualquer Parlamento de qualquer estado brasileiro, quando surge um escândalo, a bancada do Partido dos Trabalhadores de imediato veicular o nome do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, lamentavelmente. Gostam de transferir responsabilidade. Não foi diferente o que aconteceu no dia de ontem, e vou me permitir dizer que a eminente deputada Ana Paula Lima, em seu pronunciamento, tentou transferir tudo para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
O cartão corporativo surgiu no ano de 2001 e por quê? Porque havia no país, e muitos dos srs. deputados foram prefeitos, a chamada prática do adiantamento. O gestor público fornecia ao chefe de um órgão, de uma repartição, qualquer um adiantamento em dinheiro e esse dinheiro ia para a conta do servidor, para que o servidor pudesse, ao logo de um tempo, ir custeando as despesas do órgão que ele trabalhava. Era para arrumar uma máquina de escrever, para colocar gasolina no carro ou para pagar a diária de um motorista.
Como no Brasil havia uma inflação galopante, o servidor que recebia a quantia "x" em dinheiro, que era depositada na sua conta, prestava contas ao final das despesas do valor exato recebido, e a correção monetária, em razão da inflação, ficava com o servidor. O presidente Fernando Henrique Cardoso, então, criou o cartão corporativo com a finalidade de que o dinheiro continuasse depositado na conta do governo, mas o servidor possuiria um cartão para exatamente fazer o pagamento daqueles gastos, ou seja, gasolina, concerto do computador, uma pequena pintura, troca de lâmpadas, compra de mesa ou cadeira. Isso, sim, era agir de forma transparente.
Mas o que me chama atenção não são os gastos, aqueles somente com nota fiscal do cartão, são os saques na boca do caixa, o dinheiro que está circulando por este país afora, de difícil controle e fiscalização. E a revista Veja desta semana traz um gráfico de quanto foi sacado em dinheiro desde 2001 até 2007. Aliás, a deputada Ana Paula Lima, ontem, fez uma grave acusação desta tribuna. Ela acusou alguns órgãos de imprensa de terem sido comprados - é uma grave acusação - e nominou três deles e não nominou a revista Veja! Eu quero crer que a nobre deputada não vai dizer que a revista Veja também foi comprada!
Srs. deputados, como é de difícil percepção esse gráfico entre v.exas. de onde estou na tribuna, vou pedir à assessoria da mesa que o coloque no telão, para então fazer uma análise.
No primeiro ano de 2001, quando da introdução do cartão, o governo Fernando Henrique Cardoso e seus assessores sacaram somente R$ 96,00. Em 2002 foi a R$ 2.800 milhões.
Observem v.exas. quanto que sacaram agora, na boca do caixa, em grana viva (é dinheiro da população), neste governo: R$ 58 milhões! Sr. deputado Nilson Gonçalves, é muito dinheiro que não se comprovou em 2007. São 2.000% de saque na boca do caixa: R$ 58 milhões!
Eu não sou contra o cartão corporativo, eu sou a favor. Eu sou contra ao desmando, como o fato de o servidor público usar o cartão indevidamente, sem que haja comprovação. É um dinheiro que está difícil de ser rastreado.
Não estou aqui acusando o presidente Lula nem irei acusá-lo. Sou favorável às suas despesas, tem que haver confidência, pois o presidente da República é o mandatário. Mas a deputada Ana Paula Lima disse que eles estão com inveja de um operário ser presidente da República, presidente e deputado Julio Garcia. Mas será que por acaso os ministros de estado são operários? São pessoas que estudaram, são pessoas formadas em universidades, são pessoas que têm cabeça preparada. Os seus assessores são operários? Não, são pessoas preparadas, que sabem o que estão fazendo.
Agora, sacar o dinheiro na boca do caixa e gastá-lo em prejuízo da população, tenham a santa paciência! Não coloquem mais sujeira para baixo do pano, tirem o presidente Fernando Henrique Cardoso dessa, assumam as responsabilidades! São escândalos e mais escândalos! São cinco anos de governo com escândalos em cima de escândalos!
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)