Pronunciamento

Marcos Vieira - 056ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 07/08/2007
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Sr. presidente e srs. deputados, deparei-me no dia de ontem, quando fazia a leitura semanal das principais revistas de circulação nacional, na revista Veja que circula nesta semana, com uma matéria extremamente importante que toca em Santa Catarina, bem como nos estados do sul do país. Diz a matéria: "Infra-estrutura: é preciso vencer essa guerra". E em razão disso senti-me então na obrigação de vir à tribuna desta Casa para tratar um pouco mais da infra-estrutura do país.
Diz o jornalista Arnaldo Jabor: "Falência múltipla dos órgãos públicos. Esse é o diagnóstico para o atual momento brasileiro. O país sofre de 'síndrome de incompetência generalizada', diz o jornalista Arnaldo Jabor.
A caótica crise área foi deflagrada com um desastre de grande proporção da empresa Gol, ocorrido há dez meses, e agravou-se com o maior desastre da história da aviação mundial nos últimos cinco anos, ocorrido em 17 de julho e protagonizado pela TAM.
Mesmo diante das explosões do vôo 3054, que vitimaram 199 pessoas, o governo não conseguiu despertar de sua paralisia. Demora a se posicionar e quando consegue tomar alguma providência, faz de forma desordenada, piorando a situação.
As investigações sobre o acidente seguem vagarosamente. Enquanto não podem afirmar nada, as autoridades partem para a especulação. O governo federal chegou a respirar, aliviado, quando se cogitou falha do piloto e do co-piloto. Inclusive, assessores da Presidência da República foram flagrados fazendo gestos obscenos. Mas as investigações continuaram e apontam também para outros caminhos.
Mesmo que fosse falha humana, isso não tira das costas do governo a responsabilidade pela segurança nos aeroportos. E serve também para todo o resto neste país. A crise área é apenas a ponta do iceberg. Por isso, falamos em síndrome de incompetência generalizada. O Brasil está perdendo a guerra contra um inimigo ainda maior: a infra-estrutura precária em todos os setores básicos. O Brasil poderia ser R$ 250 bilhões mais rico. Devido aos gargalos da infra-estrutura, o Brasil perde, por ano, o equivalente ao PIB do Chile. O poder público precisa ter iniciativa. Mas o que estamos assistindo é a uma total paralisia do governo federal frente a uma crise muito mais ampla do que se pode imaginar.
Segundo a revista Veja desta semana, os pontos críticos no Brasil são os seguintes: Aviação - com o caos aéreo, a capacidade dos aeroportos brasileiros retrocedeu a 1994;
Ferrovias - a velocidade média dos trens de carga é de 25 quilômetros por hora, igual a de uma maria-fumaça;
Rodovias: as mortes nas rodovias brasileiras são superiores às da Guerra no Iraque;
Portos - custa três vezes mais exportar pelos portos brasileiros do que pelos chineses;
Energia Elétrica - principal fonte de energia do Brasil deveria ser mais barata, mas o brasileiro paga o preço de energia nuclear.
E aí ouvimos o que dizem os administradores deste país: 'O importante é não ter pressa neurótica, temperamental, para enfrentar a crise', disse, dia 06 de dezembro, Tarso Genro, então ministro das Relações Institucionais. Desde lá, então, as crises só se agravaram.
E o presidente Lula, o que teria dito diante destes fatos? Muito provavelmente que não sabia de nada. O mesmo que disse diante da crise aérea; diante do episódio do Mensalão em 2005; diante do caso do ministro Palocci e do caseiro Francenildo, em março de 2006; diante do caso do Dossiê comprado pelos aloprados, em setembro de 2006 e, finalmente, no caso que envolveu seu próprio irmão, o lobista Vavá, em junho de 2007.
Mesmo sem saber de nada o presidente afirmou, em visita que está fazendo ao México, que faria deste país um verdadeiro canteiro de obras. E é verdade, o Brasil já parece um canteiro de buracos. São tantos buracos nas rodovias, tanta falta de estrutura nos aeroportos, principalmente de segurança, que precisamos nos unir para cobrar desse governo menos palavras ao vento e mais atitudes concretas, dentre as quais dizer besteira pelo país afora, fazendo com que a população ao ligar a televisão escute coisas como:
'É preciso ter fé e um pouco de reza', diz o ex-ministro Waldir Pires - ministro da Defesa. 'Todos poderão passar as festas de fim de ano com seus familiares em outros estados', diz o presidente da Anac, Milton Zuanazzi.
Diz ainda o presidente Lula, no dia 27 de março: 'Eu quero prazo, dia e hora para a gente anunciar que não vai ter mais problemas nos aeroportos brasileiros.'
Ainda antes de viajar, disse o presidente: 'Vamos chegar a um denominador comum que possa garantir o bom funcionamento dos aeroportos e, sobretudo, tranqüilidade às pessoas que saem de casa para viajar.'
Disse a ministra do Turismo, Marta Suplicy, dando nova denominação jurídica à Varig - viação aérea relaxa e goza: 'Relaxa e goza, porque você esquece todos os transtornos depois.' E o brigadeiro Juniti Saito: 'Está sob controle [...], o pior já passou.'
O ministro Guido Mantega diz: 'Não há caos aéreo. Há um aumento de fluxo de tráfego. É a prosperidade do país. Mais gente viajando, mais aviões.'
E, por último, diz o presidente Lula, datado de 25 de junho: 'Temos poucos acidentes comparados a quaisquer outros países do mundo. Essas mesmas pessoas já controlaram aviões na base do rádio, depois do radar, agora o sistema é muito mais sofisticado.'"
Repito: Temos poucos acidentes aéreos comparados a qualquer outro país do mundo.
Sr. presidente, dez meses, quase 500 pessoas mortas, temos poucos acidentes no país?
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)