Pronunciamento
Marcos Vieira - 059ª SESSÃO ORDINÁRIA
Em 14/08/2007
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Sr. presidente, srs. deputados, sras. deputadas, quando assistimos a um comercial na televisão ele pode nos chamar a atenção de forma positiva ou negativa. E quero nesta tarde, ocupando este horário, tratar de um comercial de uma rede de televisão que me sensibilizou, que é o comercial que trata do anúncio institucional do aniversário de 50 anos de existência do Grupo RBS em nosso país. Trata, pois, de um anúncio institucional, de uma menina surda-muda, incentivada pela mãe, que tenta interagir com outras crianças que brincam em uma praça. No início é difícil, mas alguém toma a iniciativa de tentar se comunicar com a criança, e novas oportunidades se abrem para todos.
(Passa a ler.)
"Fiquei sensibilizado, sim, pois fiquei imaginando as dificuldades pelas quais passam essas crianças e jovens, principalmente no ambiente escolar, e procurei mais informações acerca do assunto. Foi quando descobri que todos os colégios e universidades federais do país são obrigados a contratar intérpretes da língua dos sinais para que os surdos possam acompanhar as aulas. Segundo o mesmo decreto, todas as universidades públicas e particulares incluíram Libras - a língua brasileira de sinais - nos cursos de formação de professores.
É uma medida louvável, tendo em vista que segundo o censo do ano de 2000 temos cerca de seis milhões de pessoas com deficiência auditiva. Isso corresponde a 3% da população brasileira. De acordo com o Ministério da Educação, existem mais de 60 mil alunos surdos da educação infantil ao ensino médio, ou seja, 0,12% do total. E é uma pena que esse percentual diminua para 0,02% no ensino superior, ou seja, é muito difícil para os portadores de deficiência auditiva chegar até a universidade.
A boa nova é que o primeiro curso superior voltado para a formação de professores da língua de sinais no Brasil é coordenado pela Universidade Federal de Santa Catarina. O curso de Licenciatura em Letras/Libras tem o objetivo de formar professores para atuar no ensino da língua de sinais. É desenvolvido na modalidade a distância, em rede nacional, com a participação de nove instituições educacionais. Como parlamentar, fiquei feliz pelo nosso Estado mais uma vez estar à frente. Mas nesse mesmo momento surgiu a minha preocupação em relação à inclusão dos pequenos catarinenses com problemas de audição nas nossas escolas estaduais.
Gostaria de incentivar a Secretaria de Estado da Educação a providenciar a presença de pelo menos um intérprete da língua de Libras em cada estabelecimento educacional catarinense. Gostaria de ver cursos de Libras sendo ministrados nas salas de aula, todos os anos, para garantir aquele pequeno gesto que nos tocou na propaganda da RBS, a comunicação, a interação.
'Seria ótimo se todos nós soubéssemos a língua dos sinais, mas não é essa a realidade. Vivemos num mundo de ouvintes'. Esta frase é de Maria Aparecida Leite Soares, que trabalha com crianças surdas na Universidade Federal de São Paulo. E é verdade. Neste mundo de ouvintes, dificilmente paramos para nos preocupar com uma dificuldade que não é a nossa. Nesse mundo de ouvintes, apesar de não portarmos deficiência física, muitas vezes não conseguimos perceber a existência de um universo diferente do nosso, o universo da deficiência auditiva. Mas que é real, muito real.
Quero parabenizar, pois, o grupo RBS, não só pelos seus 50 anos de atividades, mas também pela sensibilidade de comemorar esta data sem excluir, mantendo vivo o seu compromisso comunitário."
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)
(Passa a ler.)
"Fiquei sensibilizado, sim, pois fiquei imaginando as dificuldades pelas quais passam essas crianças e jovens, principalmente no ambiente escolar, e procurei mais informações acerca do assunto. Foi quando descobri que todos os colégios e universidades federais do país são obrigados a contratar intérpretes da língua dos sinais para que os surdos possam acompanhar as aulas. Segundo o mesmo decreto, todas as universidades públicas e particulares incluíram Libras - a língua brasileira de sinais - nos cursos de formação de professores.
É uma medida louvável, tendo em vista que segundo o censo do ano de 2000 temos cerca de seis milhões de pessoas com deficiência auditiva. Isso corresponde a 3% da população brasileira. De acordo com o Ministério da Educação, existem mais de 60 mil alunos surdos da educação infantil ao ensino médio, ou seja, 0,12% do total. E é uma pena que esse percentual diminua para 0,02% no ensino superior, ou seja, é muito difícil para os portadores de deficiência auditiva chegar até a universidade.
A boa nova é que o primeiro curso superior voltado para a formação de professores da língua de sinais no Brasil é coordenado pela Universidade Federal de Santa Catarina. O curso de Licenciatura em Letras/Libras tem o objetivo de formar professores para atuar no ensino da língua de sinais. É desenvolvido na modalidade a distância, em rede nacional, com a participação de nove instituições educacionais. Como parlamentar, fiquei feliz pelo nosso Estado mais uma vez estar à frente. Mas nesse mesmo momento surgiu a minha preocupação em relação à inclusão dos pequenos catarinenses com problemas de audição nas nossas escolas estaduais.
Gostaria de incentivar a Secretaria de Estado da Educação a providenciar a presença de pelo menos um intérprete da língua de Libras em cada estabelecimento educacional catarinense. Gostaria de ver cursos de Libras sendo ministrados nas salas de aula, todos os anos, para garantir aquele pequeno gesto que nos tocou na propaganda da RBS, a comunicação, a interação.
'Seria ótimo se todos nós soubéssemos a língua dos sinais, mas não é essa a realidade. Vivemos num mundo de ouvintes'. Esta frase é de Maria Aparecida Leite Soares, que trabalha com crianças surdas na Universidade Federal de São Paulo. E é verdade. Neste mundo de ouvintes, dificilmente paramos para nos preocupar com uma dificuldade que não é a nossa. Nesse mundo de ouvintes, apesar de não portarmos deficiência física, muitas vezes não conseguimos perceber a existência de um universo diferente do nosso, o universo da deficiência auditiva. Mas que é real, muito real.
Quero parabenizar, pois, o grupo RBS, não só pelos seus 50 anos de atividades, mas também pela sensibilidade de comemorar esta data sem excluir, mantendo vivo o seu compromisso comunitário."
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)