Pronunciamento

Marcos Vieira - 028ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 22/04/2008
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Muito obrigado, sra. presidente.
Sras. deputadas, srs. deputados, evidentemente que não poderia deixar passar em branco os comprimentos da bancada do PSDB aos três anivesariantes, deputada Ana Paula Lima, deputada Ada De Luca e deputado Silvio Dreveck, pelos respectivos aniversários ocorridos no sábado e no dia de ontem. Mas o assunto que me traz à tribuna no dia de hoje é extremamente importante para todos nós, cidadãos brasileiros, pois se trata da situação econômica do nosso país.
(Passa a ler.)
"Estamos sob uma expectativa inflacionária de 4,71% ao ano, o que extrapola em muito a meta que o governo federal fixou para este ano. O preço dos alimentos também está subindo no Brasil de forma assustadora, causando uma enorme preocupação à sociedade brasileira. Não fora a elevação do preço dos alimentos, no outro lado da ponta nós temos, também, agora, por último, semana passada, a elevação, outra vez, dos juros no país.
A ponta mais visível deste iceberg é, sem sombra de dúvida, como falei, a disparada dos preços dos alimentos. Enquanto o presidente da República apregoa que a nossa economia está bem, a variação acumulada dos preços dos alimentos nos últimos 12 meses chegou a 11,2%. A informação é dada pelo jornal Folha de S. Paulo, 13 de abril, que publica a matéria tratando da elevação do custo de vida no país."
Os produtos que mais aumentaram foram, vejam senhoras e senhores telespectadores, o feijão nosso de cada dia, que aumentou nos últimos 12 meses 168,3%, o óleo de soja, que também é um produto que faz parte da cozinha do brasileiro, diariamente, que aumentou 56,2% nos últimos 12 meses, deputada Odete de Jesus, o leite tipo B, deputado Moacir Sopelsa - e o oeste de Santa Catarina hoje se faz presente como a maior bacia leiteira do estado de Santa Catarina -, que nos últimos 12 meses teve um aumento de mais de 22,7%, preço final do consumidor, a carne bovina - e Santa Catarina também é um grande produtor de carne bovina -, que teve um aumento de cerca de 19% nos últimos 12 meses. O arroz, juntamente com o feijão, teve um aumento de mais de 7,7% nos últimos 12 meses. Os alimentos, então, subiram em média 11,24%, deputado Moacir Sopelsa, mais do que o dobro da inflação no mesmo período.
Quem é que está ganhando com isso? Com certeza absoluta não é o produtor, porque sabemos, conhecemos a realidade do produtor em Santa Catarina e no Brasil. E o presidente da República ainda dizia que o agricultor norte-americano e o agricultor europeu têm o subsídio dos seus respectivos governos, mas aqui no Brasil não temos. Aqui, fica o agricultor à mercê da mão estendida do governo federal, que não vem. E ele depois vê que o seu produto chega na ponta da linha, na mesa do consumidor, com 160%, 50% ou 70% mais caro. Então, quem está ganhando?
O Sr. Deputado Moacir Sopelsa - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Pois não!
O Sr. Deputado Moacir Sopelsa - Muito obrigado, deputado Marcos Vieira. Exatamente quero propor e dizer aquilo que v.exa. concluiu no seu pronunciamento. Não é o produtor que está ganhando, e precisamos deixar isso claro isso. Não é o produtor. Quando aumenta 1% para o produtor, chega a 10% de aumento para o consumidor. Neste meio, deputado Marcos Vieira, nesta cadeia, tem alguém que fica com a maior fatia, e não é o nosso produtor. E precisamos buscar isso, principalmente no leite, quando continuamos a colocar o produto em uma caixa que é mais cara do que o valor que ganha o nosso produtor.
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Obrigado, deputado. Mas segundo a última pesquisa, deputado Moacir Sopelsa, da Confederação Nacional da Indústria, que o Ibope contratou, divulgada em março, a maioria dos brasileiros está com medo que volte a inflação, pois existe um risco iminente que isso ocorra. Na hora em que o Banco Central aumentar consideravelmente a taxa de juros e não parar a inflação, o consumidor passará a pagar duas vezes. Numa ponta ocorrerá o aumento dos produtos, como o feijão, o arroz, o óleo de soja, e na outra ponta o consumidor passará a pagar muito mais juros. Por exemplo, quem, no Brasil, não compra no crediário? Quase todo mundo, a não ser os mais abastados, os ricos, que têm dinheiro no bolso e pagam à vista. Esses pagam à vista, não compram no crediário.
Então, deputado Peninha, se de um lado a população começa a pagar mais caro, e muito mais caro, pelos produtos básicos da cesta básica, que são aqueles alimentos que nos satisfazem no dia-a-dia, por outro lado, quando ela fizer um crediário também pagará juros exorbitantes. Da mesma forma pagará juros exorbitantes pelo uso do cartão de crédito e do cheque especial. Enfim, há uma preocupação iminente no que diz respeito ao surto inflacionário no país, e nós temos que cuidar disso, com toda a certeza.
O carrinho do supermercado é o termômetro para o que afirmamos aqui. Se dá para encher o carrinho, a economia está boa. Se não dá, a economia começa a ficar ruim. E todos se lembram dos anos terríveis de inflação quando era impossível fazer um orçamento doméstico.
(Passa a ler.)
"Mais uma vez o brasileiro médio se surpreende. Se a economia está bem, então, por que os juros sobem? A taxa saltou, do dia 16 de abril, de 11,25 para 11,75 ao ano. A última elevação dos juros havia sido feita em maio de 2005 pelo Banco Central. Parece pouco, mas isso no bolso do consumidor representa 100%, 150%, 200% a mais de juros ao ano.
Para o chefe de família a alta dos juros significa que o remédio pode ter sido mais amargo do que se esperava. Afinal, se já está difícil abastecer a casa, agora, vai ficar mais difícil pagar o cheque especial, comprar no crediário, parcelar o cartão de crédito. Vai ficar uma loucura! Mas continuam a dizer que a economia está boa. E a classe média como fica? Espremida entre a conta mais alta no supermercado e os juros do caixa especial?"
E como fica aquela classe menos favorecida, que todos os meses precisa ir ao supermercado comprar o feijão, o arroz, a carne, o frango, o óleo de soja, se a alimentação fica cada vez mais cara? Em 12 meses o feijão subiu 168% e o óleo de soja 56%. Onde vamos chegar, se o custo de vida nos últimos 12 meses já subiu no Brasil mais do que o dobro da inflação prevista? E olha que a inflação já está mais alta do que o governo previu para o ano de 2008.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)