Pronunciamento

Manoel Mota - 093ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 02/12/2004
O SR. DEPUTADO MANOEL MOTA - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, imprensa que tem dado uma ótima cobertura ao Parlamento catarinense, quero dizer, hoje, que estamos eufóricos, estamos num momento de muita alegria, porque esse é o sentimento do povo da minha região, sentimento de alegria, de conquista e de tranqüilidade. E esse sentimento não é só da minha região, mas também da região do Norte do Rio Grande do Sul. Enfim, é dos usuários de todo o País que atravessam os tapetões pretos de toda essa região.
A Br-101 foi palco de muitas críticas; a BR-101 tem ceifado vidas e tem feito com que muitas lágrimas sejam derramadas. Na BR-101 podemos ver os maçaricos cortando as latarias dos veículos para tirar as pessoas já sem vida de lá. Enfim, é uma história de 13 anos de luta, de trabalho, de garra, de sofrimento, de desilusão às vezes, de peças pregadas e de mentiras. Quantas vezes fomos enganados e levamos a falsa verdade para a população de que agora iria sair, de que agora estava definido e de agora iria começar. E não começava.
Então, tudo isso é um sentimento que brota neste instante, porque são dois anos de um Governo que veio lá de baixo, de um Governo que saiu dos parafusos, das máquinas, dos tornos, e que tinha colocado a sua palavra de que iniciaria, no ano de 2004, a BR-101.
Na BR-101 tivemos desdobramentos com o próprio Ministro. E eu a tinha como uma bandeira, muito mais do que o meu próprio Partido, porque eu entendo que, além do corredor do Mercosul, além do desenvolvimento da região, eu tratava com muito carinho da vida.
Na minha região mora o casal Lessa, - e o Lessa é primo do Adelor Lessa -, que é um casal vivo-morto. Por que vivo-morto? Porque ele tinha duas filhas únicas, uma de 19 anos e outra de 17 anos. Tinha e não tem mais! Ele até se recuperou, mas a sua esposa não conseguiu se recuperar. E há exemplos de outras famílias que não sobraram ninguém para ficar sofrendo, só os seus parentes, porque a BR-101 acabou levando toda a família.
Então, há 13 anos que estamos participando desse trabalho, com caravanas indo a Brasília, invadindo o Ibama quando o diretor não nos atendia. O mesmo aconteceu na Funai. O diretor nos atendeu sem querer, porque foi uma invasão total. O diretor do Ibama, na época, disse que não conhecia o projeto. Fazia um ano que estava na gaveta e ele disse que não o conhecia.
Tudo isso que ocorreu deixou uma marca muito forte e muito grande. Criamos uma comissão permanente que acompanha todos os movimentos, todos os passos da questão da BR-101, que tem junto conosco o Ronério Cardoso Manoel, Presidente da Câmara de Tubarão, e que tem na linha de frente o Presidente da Câmara de Içara, Wagner Pizette, a Associação Comercial, o CDL, os Prefeitos da região e das microrregiões, os pastores, os padres. Enfim, sempre tivemos o apoio do Poder Judiciário e do Ministério Público. Então, a nossa comissão representa toda a sociedade da região Sul do nosso Estado.
E isso foi se desdobrando e o tempo foi passando. Houve pressão daqui, paralisação da BR-101. Quantas vezes a BR-101 foi paralisada! Em 1993, ficou parada das 6h às 16h, causando um transtorno de mais de 70 quilômetros de fila. Além disso, paralisamos, no Governo passado, em Laguna, das 9h às 15h. Recordo-me que quando a Polícia disse-me que faltavam cinco minutos e que poderíamos abri-la, respondemos que só iríamos fazê-lo às 15h, porque essa foi a nossa palavra.
A Bandeira do Brasil foi estendida. O Deputado José Serafim deitou-se em cima da cruz e como ela ainda estava com a tinta fresca, ele ficou a marca no seu terno.
Quer dizer, tudo isso é a história de luta daqueles que acreditavam, que lutavam e que tinham esperança. E superando etapa por etapa, quando vimos que as coisas não saíam, fizemos um documento que repudiava o Congresso Nacional pelo dinheiro tirado do Orçamento. E levamos aquele documento, e foi aprovada, por unanimidade, uma paralisação ainda este ano por tempo indeterminado. Eu disse, por várias vezes, que se fechássemos a BR, só o Exército a abriria.
Mas, por outro lado, reconhecendo um Governo que assumiu há menos de dois anos, nós vínhamos nos segurando para não bloquear a BR. Daí entregamos uma carta a Sua Excelência, o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, lá em Navegantes, dizendo que se nós fechássemos a BR-101, isso iria ter um desdobramento muito ruim em Santa Catarina. Ele, que parou o seu discurso na metade para receber a carta lá em Navegantes, olhou para nós, sorriu e disse: "Deputado, ela não vai fechar porque nós vamos começar a obra". Essa foi a palavra de Sua Excelência, o Presidente da República, empenhada com o compromisso da duplicação da BR-101, com o seu início ainda este ano.
Esta semana, quando recebi a comunicação, na quarta-feira, de que o Presidente iria entregar a ordem de serviço para o início da obra, foi como se eu recebesse um choque elétrico. Isso mexeu no meu coração, na minha alma, no meu sentimento, assim como no coração de cada pessoa do Sul de Santa Catarina.
Ontem recebi uma mensagem de Sua Excelência, o Presidente da República, para colocar com detalhes e, em seu nome, fazer um convite a esse pessoal que sempre lutou pela BR-101. Eu fiquei muito honrado naquele instante e ontem mesmo fui a campo.
Eu quero fazer um convite a todos os Parlamentares que tanto ajudaram este Deputado - e eu não esqueço - em muitos requerimentos. Queremos convidá-los para estarem no palanque de honra, que fica ao lado do Presidente. Portanto, quem desejar, que nos enviem os seus nomes para constarem da relação, para que amanhã...
(Discurso interrompido por término do horário regimental.)
(SEM REVISÃO DO ORADOR)