Pronunciamento

Luciane Carminatti - 029ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 10/04/2012
A SRA. DEPUTADA LUCIANE CARMINATTI - Sr. presidente, srs. deputados, sras. deputadas, quero fazer, primeiramente, o registro de um seminário que foi realizado nesta Casa e que envolve todo o setor energético.
Sabemos que em 2015 teremos a renovação das concessões por parte das operadoras, sendo que o Sindicato dos Eletricitários está-se mobilizando para fazer um debate sobre a qualidade da energia, como também sobre todo o processo de automação que tem colocado os trabalhadores numa condição desumana.
Participaram do seminário, que se realizou no plenarinho desta Casa, também os deputados Dirceu Dresch e Neodi Saretta, ocasião em que os movimentos sociais e os sindicatos trouxeram, com muita consistência, esse tema para o debate, debate esse que não se limita ao setor energético, porque interfere não somente na vida dos eletricitários, mas na vida das pessoas de um modo geral, na medida em que temos que discutir o valor da tarifa de energia elétrica, que é uma das mais caras do mundo, além das condições da geração de energia, posto que estão em jogo a automação do setor e o menosprezo ao trabalho de milhares de funcionários.
O Sr. Deputado Dirceu Dresch - V.Exa. me permite um aparte?
A SRA. DEPUTADA LUCIANE CARMINATTI - Pois não!
O Sr. Deputado Dirceu Dresch - Obrigado, deputada Luciane Carminatti, de fato, pela manhã participamos de uma parte do debate destinado a pensar num novo modelo tecnológico e energético para o Brasil.
Quero parabenizar o Sinergia e as demais entidades que promoveram esse evento nesta Casa, no dia de hoje. A Alesc contribuiu muito para a realização do Sustentar e de outros eventos que têm discutido a questão da energia renovável, um novo modelo energético e a polêmica dos atingidos pelas barragens, que são os agricultores que moram nas áreas a serem alagadas. Há poucos dias houve uma mobilização por parte desses trabalhadores que se estão organizando e pensando também numa nova perspectiva energética no Brasil.
Assim sendo, quero cumprimentar todos os dirigentes e lideranças que estão aqui e também v.exa. pelo seu pronunciamento.
A SRA. DEPUTADA LUCIANE CARMINATTI - Outro registro que gostaria de fazer diz respeito à minha indignação, já manifestada pela deputada Ana Paula Lima e pelo deputado Jailson Lima, com relação à agressão ocorrida em Agrolândia por parte de um empresário do setor de vestuário, em que a presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Fiação, Tecelagem e Vestuário de Rio do Sul e Região, a nossa guerreira Zeli da Silva, participava de uma manifestação em frente a uma empresa naquela cidade, na tarde do dia 4, quando foi covardemente agredida.
Quando tive acesso à foto, e todos podem ter acesso a essa divulgação, fiquei com a impressão de que isso não estava acontecendo. Não é possível que em 2012, quando o Brasil é signatário de várias declarações internacionais para que sejam cumpridas recomendações do ponto de vista do direito trabalhista, previdenciário, de proteção social, de proteção dos direitos da pessoa humana, além de uma Constituição Federal que garante a livre organização sindical, não somente a sindicalização como também a entrada e a livre manifestação no local de trabalho, tenhamos que conviver com tamanha brutalidade.
Não concordo com a tese de que os patrões são do mal e os trabalhadores são do bem. Acredito que já vencemos essa fase. Hoje, o Brasil é governado por uma grande presidenta da República, cujo partido, o PT, com o seu jeito de governar ano após ano, governo após governo, fasz com que sentem à mesma mesa empresários e trabalhadores discutindo remuneração, carga horária, direitos trabalhistas e a avaliação necessária pela qual o trabalhador tem que passar.
Portanto, esse espírito grandioso, soberano de uma nação que quer fazer-se respeitar não combina com uma atitude autoritária, agressiva, antidemocrática e ilegal. Está fora de qualquer padrão democrático, está fora de qualquer padrão que combine com o estado democrático de direito.
Faço essa reflexão para também demonstrar o meu repúdio a essa atitude, para solidarizar-me como deputada, como mulher e, acima de tudo, como trabalhadora, com a companheira Zeli. Não podemos permitir que isso ocorra, não podemos permitir que as pessoas não sejam respeitadas pela sua profissão, pela sua participação sindical, pelo seu jeito diferente de olhar o mundo.
Quero manifestar a minha solidariedade e colocar-me à disposição, na comissão de Direitos e Garantias Fundamentais da Assembleia, da Zeli, no sentido de que ela terá todo o nosso apoio. Zeli fez o Boletim de Ocorrência e deve acionar o agressor. Não importa quem seja o agressor, quando agimos com violência, sempre perdemos.
Apoio a luta dos sindicatos, das sindicalistas e também a preservação da vida, acima de tudo!
Muito obrigada.
(SEM REVISÃO DO ORADOR)