Pronunciamento
Luciane Carminatti - 012ª SESSÃO ORDINÁRIA
Em 05/03/2014
A SRA. DEPUTADA LUCIANE CARMINATTI - Sr. presidente, srs. deputados, sras. deputadas, hoje quero falar sobre a semana do Dia da Mulher e não poderia iniciar essa reflexão sem destacar a figura da Dirlei, que representa a luta e as conquistas das mulheres tanto no comando como também nos espaços de assessoramento da política, nos espaços que muitas não são tão visíveis.
Podemos destacar neste sentido as importantes conquistas que até aqui as mulheres obtiveram, mas também refletir neste momento sobre o que há ainda a ser feito para melhorar a vida das mulheres no campo e na cidade.
Sabemos que hoje as mulheres ocupam espaços que até então eram predominantemente masculinos. Elas já ocupam cargos de liderança nas empresas, são empreendedoras, vereadoras, prefeitas, presidentes, são responsáveis pela família.
Elas são maioria: representam 51% dos brasileiros. O último censo apontou que o número de mulheres responsáveis pela família, chamadas chefes de família, dobrou em dez anos, saltando de nove para dezoito milhões entre 2000 e 2010. Se por um lado podemos considerar esse dado como um avanço, pois reflete maior presença das mulheres no mercado de trabalho e melhor nível de escolaridade, por outro há o alerta de que boa parte dessas mulheres precisa cuidar sozinha da casa e dos filhos após a separação ou abandono do marido.
Ainda há muita desigualdade. Vamos falar do mercado de trabalho, por exemplo. A mulher já conquistou seu espaço, mas continua enfrentando discriminação, especialmente quando se trata de cargos e salários. Para se ter uma ideia, a pesquisa divulgada em 2013 pelo IBGE apontou que as mulheres ganham, em média, 73% do salário recebido pelos homens.
Há uma contradição, uma vez que as mulheres estudam mais, atingindo em média 7,5 anos de estudo, superior ao desempenho dos homens, que é de 7,1 anos nos bancos escolares. Se a idade for levada em consideração, a diferença é ainda maior. Entre os 20 e 24 anos, as mulheres já tem 10,2 anos de estudo, praticamente um ano a mais que os homens.
Elas são maioria no acesso às bolsas do programa Universidade para Todos (PROUNI) e ao Fundo de Financiamento Estudantil (FIES). No Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC), seis em cada dez alunos são mulheres, portanto, as mulheres estão estudando e se qualificando mais.
Porém, quando se fala de cargos no poder público, a realidade muda bastante. Elas somam 52% do eleitorado, mas falta muito para se igualarem aos homens quando se trata de vagas. No Senado, são pouco mais de 10% dos parlamentares. Na Câmara, elas ocupam menos de 9% do total das cadeiras. Em Santa Catarina, também representamos 10% dos deputados. Dos 40 parlamentares, temos apenas quatro mulheres.
Na última eleição, acompanhamos um aumento do número de prefeitas eleitas. Elas alcançaram posto em 664 cidades, mas apenas uma capital. Representam 12% do total de prefeitos eleitos no país. A boa notícia é que o número de mulheres eleitas para as prefeituras foi 30% maior que a eleição de 2008.
Embora na política e no trabalho, aos poucos as mulheres recuperam seu espaço, no cotidiano ainda enfrentam muitos problemas, entre eles a jornada múltipla de trabalho, em que precisam se dividir entre o emprego, os cuidados com os filhos, o papel de esposa e os serviços da casa. Embora boa parte das mulheres já consiga o apoio do companheiro nos afazeres domésticos, o levantamento do IBGE aponta um excedente de mais de quatro horas na jornada total das mulheres comparadas ao público masculino.
Temos ainda a violência doméstica, outro grave problema da sociedade. Por mais que Santa Catarina não está entre os estados com maior número de casos, ainda assim são registrados 3,5 homicídios a cada cem mil mulheres. Sabemos que o atendimento às vítimas deixa a desejar. É preciso integrar a rede de atendimento e criar programas educacionais para transformar o comportamento da sociedade. Os filhos crescem assistindo muitas mulheres sendo tratadas com inferioridade e sofrendo violência física e moral em casa, no trabalho e na rua. Ações de educação e prevenção são necessárias e urgentes para combater a violência contra a mulher.
O que precisamos entender é que a mulher não quer guerra com homem ou disputas para ver quem é melhor. Ela também não quer ser tratada como frágil. Ela quer respeito e valorização. Ela quer confiança, um salário digno, oportunidades de crescer na carreira, de liderar equipes, de ser reconhecida pela sua competência.
Precisamos rever as relações entre as mulheres e homens, entender que não é necessário firmar uma batalha entre os gêneros, mas sim ambos entenderem seus direitos e deveres no dia a dia de uma casa, com os filhos, no trabalho e no relacionamento a dois.
Para finalizar, quero citar aqui uma mulher, uma grande companheira, que ontem recebemos a triste notícia da sua perda. Dirlei Terezinha Magnani, chefe-de-gabinete do nosso estimado colega, deputado Neodi Saretta.
Concórdia perdeu uma grande pessoa, prestativa, humana, preocupada com as causas sociais e em fazer o bem. O PT perdeu uma grande líder. Todos nós perdemos. Lamentamos a partida dessa guerreira, mas temos a certeza de que a Dirlei foi e será um exemplo para tantas mulheres, pois construiu a sua história em função do trabalho e da dedicação pessoal e coletiva. Nossa homenagem, em nome da Dirlei, a todas as mulheres catarinenses.
Muito obrigada!
(SEM REVISÃO DA ORADORA)
Podemos destacar neste sentido as importantes conquistas que até aqui as mulheres obtiveram, mas também refletir neste momento sobre o que há ainda a ser feito para melhorar a vida das mulheres no campo e na cidade.
Sabemos que hoje as mulheres ocupam espaços que até então eram predominantemente masculinos. Elas já ocupam cargos de liderança nas empresas, são empreendedoras, vereadoras, prefeitas, presidentes, são responsáveis pela família.
Elas são maioria: representam 51% dos brasileiros. O último censo apontou que o número de mulheres responsáveis pela família, chamadas chefes de família, dobrou em dez anos, saltando de nove para dezoito milhões entre 2000 e 2010. Se por um lado podemos considerar esse dado como um avanço, pois reflete maior presença das mulheres no mercado de trabalho e melhor nível de escolaridade, por outro há o alerta de que boa parte dessas mulheres precisa cuidar sozinha da casa e dos filhos após a separação ou abandono do marido.
Ainda há muita desigualdade. Vamos falar do mercado de trabalho, por exemplo. A mulher já conquistou seu espaço, mas continua enfrentando discriminação, especialmente quando se trata de cargos e salários. Para se ter uma ideia, a pesquisa divulgada em 2013 pelo IBGE apontou que as mulheres ganham, em média, 73% do salário recebido pelos homens.
Há uma contradição, uma vez que as mulheres estudam mais, atingindo em média 7,5 anos de estudo, superior ao desempenho dos homens, que é de 7,1 anos nos bancos escolares. Se a idade for levada em consideração, a diferença é ainda maior. Entre os 20 e 24 anos, as mulheres já tem 10,2 anos de estudo, praticamente um ano a mais que os homens.
Elas são maioria no acesso às bolsas do programa Universidade para Todos (PROUNI) e ao Fundo de Financiamento Estudantil (FIES). No Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC), seis em cada dez alunos são mulheres, portanto, as mulheres estão estudando e se qualificando mais.
Porém, quando se fala de cargos no poder público, a realidade muda bastante. Elas somam 52% do eleitorado, mas falta muito para se igualarem aos homens quando se trata de vagas. No Senado, são pouco mais de 10% dos parlamentares. Na Câmara, elas ocupam menos de 9% do total das cadeiras. Em Santa Catarina, também representamos 10% dos deputados. Dos 40 parlamentares, temos apenas quatro mulheres.
Na última eleição, acompanhamos um aumento do número de prefeitas eleitas. Elas alcançaram posto em 664 cidades, mas apenas uma capital. Representam 12% do total de prefeitos eleitos no país. A boa notícia é que o número de mulheres eleitas para as prefeituras foi 30% maior que a eleição de 2008.
Embora na política e no trabalho, aos poucos as mulheres recuperam seu espaço, no cotidiano ainda enfrentam muitos problemas, entre eles a jornada múltipla de trabalho, em que precisam se dividir entre o emprego, os cuidados com os filhos, o papel de esposa e os serviços da casa. Embora boa parte das mulheres já consiga o apoio do companheiro nos afazeres domésticos, o levantamento do IBGE aponta um excedente de mais de quatro horas na jornada total das mulheres comparadas ao público masculino.
Temos ainda a violência doméstica, outro grave problema da sociedade. Por mais que Santa Catarina não está entre os estados com maior número de casos, ainda assim são registrados 3,5 homicídios a cada cem mil mulheres. Sabemos que o atendimento às vítimas deixa a desejar. É preciso integrar a rede de atendimento e criar programas educacionais para transformar o comportamento da sociedade. Os filhos crescem assistindo muitas mulheres sendo tratadas com inferioridade e sofrendo violência física e moral em casa, no trabalho e na rua. Ações de educação e prevenção são necessárias e urgentes para combater a violência contra a mulher.
O que precisamos entender é que a mulher não quer guerra com homem ou disputas para ver quem é melhor. Ela também não quer ser tratada como frágil. Ela quer respeito e valorização. Ela quer confiança, um salário digno, oportunidades de crescer na carreira, de liderar equipes, de ser reconhecida pela sua competência.
Precisamos rever as relações entre as mulheres e homens, entender que não é necessário firmar uma batalha entre os gêneros, mas sim ambos entenderem seus direitos e deveres no dia a dia de uma casa, com os filhos, no trabalho e no relacionamento a dois.
Para finalizar, quero citar aqui uma mulher, uma grande companheira, que ontem recebemos a triste notícia da sua perda. Dirlei Terezinha Magnani, chefe-de-gabinete do nosso estimado colega, deputado Neodi Saretta.
Concórdia perdeu uma grande pessoa, prestativa, humana, preocupada com as causas sociais e em fazer o bem. O PT perdeu uma grande líder. Todos nós perdemos. Lamentamos a partida dessa guerreira, mas temos a certeza de que a Dirlei foi e será um exemplo para tantas mulheres, pois construiu a sua história em função do trabalho e da dedicação pessoal e coletiva. Nossa homenagem, em nome da Dirlei, a todas as mulheres catarinenses.
Muito obrigada!
(SEM REVISÃO DA ORADORA)