Pronunciamento

Luciane Carminatti - 069ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 25/08/2015
A SRA. DEPUTADA LUCIANE CARMINATTI - Muito obrigada, sr. presidente.
Neste momento, em nome do PT, a minha fala é sobre o ato que aconteceu no dia 20.
(Passa a ler.)
"As ruas são lugares públicos para reivindicações coletivas e respeitosas. No dia 20 de agosto o povo saiu às ruas. Foi lindo ver tanta gente reivindicando questões tão sérias e necessárias para o nosso país.
Parabenizo os movimentos sociais, aqueles tradicionais e os novos que se engajaram na organização deste grandioso ato.
Nesse dia não houve xingamentos, pedidos de intervenção militar, pedidos de assassinatos as pessoas, ou hostilidade para quem pensa diferente.
O dia 20 que aconteceu graças à capacidade de organização destes movimentos que sabem da importância da resistência nas ruas, não contou com o destaque a convocação da grande mídia desse país. Por isso, a significância do volume de pessoas presentes.
Resistiremos à desinformação articulada que inundam os veículos de comunicação e as redes sociais.
Resistiremos à seletividade da imprensa que ataca uma classe, alguns partidos e alguns movimentos. E resistiremos a qualquer tentativa de retirada de direitos e golpe.
Episódios semelhantes já aconteceram em nosso país, quando o assunto é uma oposição política que ultrapassam os tradicionais partidos que se aliem a interesses corporativos e que tem como protagonista a grande mídia. Objetivo parece ser a derrubada de governos eleitos democraticamente, que divergem dos grandes interesses do capital.
Não poderia deixar de citar em meu discurso que ontem, dia 24 de agosto, foi a data em que no ano de 1954 Getúlio Vargas cometeu suicídio.
Em sua carta que escreve antes do fatídico ato contra a própria vida ele destaca os interesses que lhe colocaram naquela situação.
Parece-me sensato afirmar que há semelhanças com a atualidade no que diz respeito ao ataque desproporcional e seletivo a uma pessoa concepção ou partido político por parte de um setor da imprensa.
Fontes históricas nos proporcionam imagens interessantes de populares que na época estando cientes do que causou o violento suicídio atacaram a sede e destruíram veículos de distribuição do jornal que alimentou aquele clima de terror e ódio.
A diferença de lá e cá é que nesse momento da história, os movimentos sociais da população civil organizada se movem como uma barreira de defesa contra qualquer tentativa de golpe.
A diminuição nas passeatas convocadas por pessoas que não lograram êxito nas eleições presidenciais do ano passado e o aumento de pessoas nas manifestações a exemplo do dia 20 de agosto dão provas de que discursos infundados de puro ódio perderão fôlego em curto prazo. Sem contar com a violência mediante às pessoas e instituições que ultrapassaram qualquer limite a ponto de uma bomba ter sido lançada no Instituto Lula com clara intenção de recorrer ao terrorismo como prática. Quem ousa defender atitudes como esta tem que sofrer as sanções previstas na Constituição Brasileira, que sentencia com penas sérias tais comportamentos e não se escondam atrás da democracia e da livre expressão. Até mesmo setores da economia brasileira começam a externar as suas opiniões acerca desse assunto, se afastando da influência de organizações praticamente fascistas do clima de assédio e terrorismo midiático e de partidos e lideranças de oposição que perderam o rumo no aspecto da disputa democrática.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, publicada nesse domingo, dia 23, o presidente do Itaú/Unibanco, sr. Roberto Setubal, defendeu a permanência da Presidenta Dilma Rousseff.
Vejamos o que ele diz: 'Nada do que vi ou ouvi até agora me faz achar que há condições para o impeachement, pelo contrário, o que a gente vê é que Dilma Rosseff permitiu uma investigação total sobre o tema. Era difícil imaginar no Brasil uma investigação com tanta independência. A Dilma tem crédito, nisso'.
Ricardo Semler, um dos fundadores e filiados no PSDB, sócio majoritário do Conglomerado Semco Partnes, ex-professor de Harvard e do Massachusetts Institute of Technology - MIT -, disse o seguinte: 'É bom ver alguns executivos de algema. Pela primeira vez no Brasil temos gente rica assustada. Até agora, você tinha uma classe média assustada, os pobres assustados e os ricos em suas mansões e helicópteros, ou indo para a Europa. Quando o cara é notificado pela Polícia Federal para explicar o dinheiro que ele tinha na Suíça é um horror para essa elite e é uma beleza para o Brasil. A sensação de que os ricos podem fazer qualquer coisa está fraquejando. É um indício de que esse momento do Brasil que durou 50, 60 anos está começando a terminar.'
Tais referências estão alinhadas às vozes que tentam se fazer ouvidas nas ruas, como no dia 20. Entre as pautas que estiveram nas ruas no dia 20 as que tiveram maior destaque foram: a defesa da democracia, dos direitos e contra o golpe.
A taxação das grandes fortunas, por exemplo, no momento de crise precisa ser regulamentada, até porque está em nossa Constituição. O imposto sobre as grandes fortunas renderia R$ 100 bilhões por ano, ou seja, todo um orçamento do Fundeb de um ano para a Educação. É o único dos sete tributos federais previstos na Constituição sem regulamentação até hoje e que precisa sair do papel em um momento no qual o governo federal busca ampliar sua arrecadação.
Quando você tem uma sociedade com péssima distribuição da riqueza, tem uma atividade econômica mais frágil. Se isentar uma parcela pequena da população com patrimônios de cerca de R$ 1 milhão você já tira dessa tributação 95% ou 98% da população brasileira. Então essa tributação vai incidir em 2% ou 5% da população. Somente os mais ricos pagariam. E ao estabelecer essa tributação, você garante um potencial de arrecadação que eu falei, com R$ 100 bilhões/ano."
Muito obrigada!
(SEM REVISÃO DA ORADORA)