Pronunciamento

Luciane Carminatti - 078ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 11/09/2013
A SRA. DEPUTADA LUCIANE CARMINATTI - Quero cumprimentar o presidente, deputado Kennedy Nunes, os srs. deputados, as sras. deputadas e todos os que acompanham esta sessão.
Em primeiro lugar, está em minhas mãos um documento que trata da situação de dois convênios da secretaria da Assistência Social e Habitação do Estado de Santa Catarina.
O primeiro convênio é no programa Ações Integradas da Economia Solidária para a Superação da Pobreza Extrema, no valor de R$ 1.414.063,32. Esse convênio foi assinado em 2011, a primeira parcela foi repassada em dezembro de 2011, mas em torno de R$ 700 mil não foram ainda executados.
A nova gestão da secretaria argumenta que quer fazer um ajuste no plano de trabalho e incluir mais estrutura para a comercialização com recursos do estado. No entanto, em função desse encaminhamento, esse recurso encontra-se parado.
O segundo convênio também foi assinado com o governo federal, no valor de R$ 3,490 milhões, destinados ao fortalecimento e fomento de organizações de catadores de materiais recicláveis. Essa proposta foi enviada para análise, há problemas de cadastramento no Siconv, a secretaria está ainda fazendo ajustes e pretende aplicar na região de Palhoça, pois há informações de que há um lixão naquele município e também no sul do estado.
Por que estou trazendo esse assunto a esta tribuna? Porque os procedimentos da secretaria da Assistência Social e Habitação estão por deveras demorados e o estado está correndo o risco de perder esses recursos. São mais de R$ 5 milhões que o estado de Santa Catarina pode perder se de fato não agir rapidamente para adequar toda documentação às normas do governo federal. É inconcebível que um recurso do governo federal tenha vindo para a conta do estado e que o estado corra o risco de perdê-lo em função da inércia de uma secretaria! Estou tornando pública a questão porque faremos o acompanhamento e a fiscalização desses convênios.
A outra manifestação, presidente, é com relação à carta que foi tirada do Seminário Estadual de Educação do Campo, que aconteceu com o apoio desta Assembleia Legislativa, numa proposição de nossa autoria, que foi realizado pela Escola do Legislativo e contou com a presença de 350 lideranças de todo estado de Santa Catarina. Ao final do seminário, deliberou-se sobre uma série de questões no sentido de fortalecer a educação do campo em nosso estado. Quais são essas ações?
(Passa a ler.)
* Maior abertura das secretarias da Educação em relação às lutas sociais, à expansão dos espaços de aprendizagem para além dos muros da escola, criando coordenadorias voltadas para a educação no campo.
* Formação continuada dos educadores e produção de materiais didáticos dentro da concepção de educação do campo construída pelos movimentos sociais e sindicais.
* Estabelecimento de parcerias com universidades e demais instituições públicas e comunitárias.
* Combate à entrada de materiais didáticos e programas ligados às empresas do setor agroalimentar e insumos nas escolas, pois difundem seus interesses privados ao invés do interesse público.
* Realização de concursos públicos que considerem as especificidades das escolas do campo.
* Reformulação de planos de cargos e salários de modo a que considerem a especificidade da educação do campo.
* Realização de eleições para diretores.
* Recriação da forma escolar, de modo que garanta tempo para planejamento individual e coletivo, trabalho interdisciplinar e por áreas de conhecimento, eliminando aulas de 45 minutos.
* Garantia da existência de materiais pedagógicos voltados para educação do campo e que estes sejam construídos a partir de nossas referências e que sejam acessados pelas escolas do campo.
* Reconhecimento, fortalecimento e financiamento pelo estado de escolas cuja forma e processos formativos potencializem práticas de cooperativismo popular.
* Elaboração de marcos legais para a educação do campo em Santa Catarina a partir das normativas, pareceres, resoluções e decretos construídos nacionalmente, com destaque para a elaboração das diretrizes estaduais de educação do campo.
* Instituição de lei que crie a educação do campo como política pública estadual.
* Realização de editais específicos para a escola do campo.
* Garantia pelo estado de políticas integradas - educação escolar, acesso à terra, comunicação, inclusão digital, cultura e lazer, trabalho e geração de renda, assistência técnica, entre outros."
Nesse aspecto em especial, queremos combater a ideia de que no campo não precisa haver tecnologia, lazer e cultura. A lógica da educação no campo é também que as políticas de governo dialoguem e possam de fato ter uma intervenção na sua totalidade.
Por que os agricultores não ficam no campo? Porque a cidade é mais atrativa. O jovem na cidade pode ter uma moto, um emprego com direito a 13º salário, férias e hora extra. Enquanto isso, os filhos dos agricultores, além de não terem acesso facilitado à cultura, ao lazer e à educação, também não têm direitos sociais e trabalhistas garantidos. Trabalham como cavalos e não há reconhecimento.
(Continua lendo.)
* "Que se garanta escolarização dos sujeitos do campo no próprio campo e quando for necessário o deslocamento e transporte, menor tempo de deslocamento, acesso aos portadores de necessidades especiais, lugares em quantidade suficiente para os usuários, entre outros.
* Que os cursos de licenciatura em educação do campo sejam voltados, preferencialmente, à formação de pessoas do campo, assegurando a participação dos jovens e professores vinculados aos movimentos sociais e sindicais."
Essa carta foi entregue na SDR de Chapecó em função do evento ter ocorrido lá, embora tenha sido um seminário estadual.
Quero aqui enaltecer a participação de todas as entidades, sindicatos, movimentos sociais, universidades, enfim, de todas as pessoas que se envolveram no seminário, bem com a Escola do Legislativo, a comissão de Educação e os servidores desta Casa.
A meta agora é fazer uma luta política para que as reivindicações desta carta se tornem políticas institucionais.
Muito obrigada!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)