Pronunciamento

Luciane Carminatti - 014ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 08/03/2022
DEPUTADA LUCIANE CARMINATTI (Oradora) - Cumprimenta o Presidente, os demais Parlamentares, a Assessoria de Comunicação, Imprensa e todos os ouvintes. Agradece ao Deputado Sargento Lima que oportunizou o seu pronunciamento neste momento.
Especialmente, agradece a presença da sua filha Julia, juntamente com o Gustavo, que lhe fizeram uma surpresa neste dia tão marcante.
Informa que escreveu a sua fala hoje pela manhã, optando por escrever a partir do que o coração fala, do que o sentimento diz.
(Passa a ler)
" Hoje ao acordar, imediatamente comecei a pensar em tantas mulheres que nos inspiram. Logo pensei na mãe, mulher forte, que cedo teve que ir para um colégio de freiras. Seu sonho: estudar.
Vamos olhando a história de nossas vidas e parece que tudo vai se colocando, que tudo vai se ligando. Ou de outra forma, num outro sentido, muito não se compreende, se aceita. O que dizer, afinal, de um parlamentar que diz que as mulheres ucranianas são fáceis porque são pobres. Indignante. Repugnante. Medíocre.
Mas, hoje, eu quero lembrar das mulheres que todos os dias acordam cedo, ou daquelas que nem mesmo conseguem dormir. Das mulheres próximas a nós, que constroem, no dia a dia, o nosso trabalho. Das educadoras, que por milhares de vezes são as mulheres que descobrem as violências que os seus alunos sofrem. Das trabalhadoras da saúde, que presenciam a chegada e a partida. Das mulheres que estão atrás das fardas, responsáveis pela nossa segurança. Das mulheres silenciadas em entidades, instituições, empresas, que não as veem como mulheres que tem força, coragem e determinação. Das mulheres que nos representam nos Parlamentos e no Executivo.
E o que dizer da força das mulheres que, muitas vezes, sozinhas assumem a condução dos filhos e, sem nunca ter trabalhado fora de casa, se levantam, e como diz Cora Coralina, aquela mulher que faz a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores. Quero lembrar também das conversas sábias, das curanderas, das camponesas, das cuidadoras da terra, das cuidadoras das plantas, das protetoras das sementes.
Quero lembrar, aqui, da Júlia, da Paula, do quanto estou nelas e elas estão em mim. Que legal ver as nossas filhas, ver as mulheres cabeça, mulheres que, de forma revolucionária, sem pegar em nenhuma arma, estão causando revoluções no mundo.
Há muito que avançar. Não vamos aqui romantizar a nossa luta. A mulher pode mesmo estar onde ela quiser? Pode mesmo? Será que as 19.271 mulheres que no ano passado, em Santa Catarina, tiveram que recorrer ao Poder Judiciário para ter sua vida preservada através de uma medida protetiva, era esse o lugar que essas mulheres queriam estar?
As mulheres trabalhadoras, que após dois anos como trabalhadoras, de terem tido licença maternidade, terem engravidado, perdem seus empregos, será que é este o lugar que elas queriam estar?
Será que as mulheres que têm filhos trans gostariam de estar o tempo todo sofrendo os medos de uma sociedade que tem um padrão de corpo, de amor e de família. E o que dizer das mulheres pretas, como diz Elza Soares, a carne mais barata do mercado é a carne negra?
Vamos, sim, celebrar a vida, vamos celebrar o 08 de Março, mas acima de tudo compreender as diferentes e diversas realidades em que as mulheres vivem. E mais ainda, o seu lugar de fala. Vamos refletir melhor sobre as responsabilidades de mudar este mundo. Ele não pode ser apenas das mulheres, ele precisa ser das pessoas.
Bom 08 de Março! Bom ano para todas e todos! Muito obrigado!" [Taquígrafa Sara]

DEPUTADO SARGENTO LIMA (Orador) - Exaltando a presente data pela comemoração do Dia Internacional da Mulher, cita o seu respeito, consideração e amor por sua mãe e sua esposa, duas mulheres que diuturnamente dão um pouco de si para a sua vida, tornando-o um homem melhor e feliz.
Parabeniza todas as mulheres pelo seu dia, principalmente as mulheres catarinenses. Comenta que gostaria de estar comemorando o dia de hoje por outros motivos, por algumas conquistas das mulheres brasileiras, mas infelizmente o Estado prioriza e valoriza o agente que pratica a violência contra a mulher, pois as leis brasileiras dão amparo ao agressor.
Reflete sobre a situação, citando que o sujeito que pratica a agressão, quando é conduzido à Delegacia, passa por uma audiência de custódia, onde preenche um documento, o PIA-Plano Individual de Atendimento, que irá dar suporte para que o agressor tenha atendimento médico, psicológico e vaga de emprego no Sine, para que possa se sociabilizar novamente junto à família. Sendo que pela outra porta sai à vítima com o filho pela mão, pedindo para a Delegacia levá-la até a sua casa, portanto, volta para dentro do covil do seu torturador.
Narra o fato porque, em sua vida como policial militar, assistiu e presenciou muitos casos. Salienta que a punição ao agressor, muitas vezes, é colocar tornozeleira eletrônica, citando que esse instrumento é um ornamento, não funciona, fornece status para quem praticou o delito. Questiona a função da tornozeleira, argumentando que é mais um gasto, um custo que o contribuinte, o pagador de impostos paga para colocar na perna de um bandido. Sugere a todas as mulheres que busquem a sua independência financeira, social e seus próprios amigos, estudem, e não fiquem em um relacionamento doentio. [Taquígrafa: Ana Maria]