Pronunciamento

Julio Garcia - 048ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 04/06/2019
DEPUTADO JULIO GARCIA (Orador) - Declara que escolheu a tribuna para falar pela primeira vez, depois do ocorrido na última quinta-feira, exatamente em respeito aos colegas deputados, em respeito ao Parlamento, aos servidores da Casa, e não o fez antes porque esperava o momento adequado para se manifestar.
Lembra que aqueles que passaram pelo Parlamento são testemunhas de momentos de muita glória, e o mais feliz de todos foi no ano de 2005, quando esta Casa aprovou uma das leis de maior alcance social no estado de Santa Catarina, a Lei das Apaes. Ressalta que foi muito bom ocupar a tribuna naquele dia, comemorando aquela ação importante para uma causa tão justa e nobre.
Porém, afirma que hoje é diferente, não tendo nenhuma dúvida de que é o dia mais triste de toda a sua trajetória no Parlamento. Refere-se ao farto noticiário veiculado na última quinta-feira, citando o seu nome. Deixa claro que confia na Justiça e entende que ela esteja cumprindo o seu papel. Afirma que o Poder Judiciário é, ao lado do Poder Legislativo, o pilar mais forte da democracia, e por isso merece e precisa ser respeitado.
Diz que não é hora de bravata, e não foi para isso que veio à tribuna, não é hora de procurar culpados, não é hora de acusar ninguém, tarefas que não lhe pertencem. Acredita que tem o dever de proceder a sua defesa e deseja fazê-la da melhor forma, com muita serenidade, o que tem pedido a Deus todos os dias, além de forças para superar a dor desse momento difícil.
Cita que são duas as acusações centrais contra a sua pessoa. A primeira, de possuir um terreno cuja aquisição teria sido produto de operações que são o alvo central da investigação em curso. Explica que tal terreno foi adquirido em 1994, e que por 20 anos tentou regularizar a compra, o que só aconteceu agora, por trâmites envolvendo herdeiros falecidos e outros normais nestes casos. Assim, infelizmente, houve o link entre a legalização do terreno e a compra, com o advento da operação. Esclarece que tal imóvel nada tem a ver com o objeto da operação, que procura desvio de recurso público para benefício de privados.
Também, investigam-no por ilação de ter relação com proprietário de prestadora de serviço na Secretaria da Administração, entretanto desconhece qualquer atividade comercial da citada empresa. Alegam que é amigo do proprietário, assim afirma que mais do que amigo, teve convivência familiar durante 15 anos e mantém essa amizade até hoje, sendo essa a sua ligação, não havendo nenhuma insinuação e nenhuma comprovação de qualquer participação sua em qualquer episódio relacionado com o caso.
Sobre o sr. Nelson Nappi, reitera a sua amizade, que é de muitos anos, pois foi seu padrinho de casamento, desconhecendo qualquer atuação ilícita de sua parte. Diz que escolheu com zelo as pessoas para fazerem parte da sua equipe. Ressalta que não vai renegar seus amigos por conta desse momento difícil, e que não lhe cabe julgá-los, pois esta tarefa é da Justiça.
Aproveita o momento para agradecer as manifestações de confiança e de carinho, tão importantes nesta hora difícil, sem dúvida a mais triste da sua vida, afirmando que esta solidariedade lhe dá forças para continuar lutando, e que vai lutar até o fim para provar a sua inocência. Finalizando, assegura: "Não quero ser prejulgado, mas também não quero deixar de ser julgado. E ao final do julgamento, quero ter a oportunidade, se Deus me der essa graça, de voltar aqui e poder continuar merecendo o respeito, a amizade e o carinho que sempre tive de todos vocês."
Agradece a oportunidade do momento e as manifestações de carinho e solidariedade.
(Palmas) [Taquígrafa: Sara]