Pronunciamento

José Milton Scheffer - 107ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 23/11/2011
O SR. DEPUTADO JOSÉ MILTON SCHEFFER - Caro presidente desta sessão, deputado Moacir Sopelsa, srs. deputados, sras. deputadas, telespectadores da TVAL.
Queremos na manhã de hoje ressaltar aqui a homenagem feita à Epagri, numa sessão especial desta Casa, ressaltando a importância da empresa que foi formada pela fusão de três empresas: o Instituto de Apicultura, a Acarpesc, que fazia a extensão na área da pesca, e a saudosa Empasc - Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina. Já se passaram aí mais de 50 anos. A Acaresc foi fundada com base no serviço de extensão, de fomento. A Epagri, que completou no dia 20 de novembro seus 20 anos de fundação, é uma empresa que praticamente fecha todo o ciclo de pesquisa, de extensão, de fomento à agricultura de Santa Catarina.
Temos aqui uma agricultura muito forte. Com apenas 1,13% do território nacional, um território ainda cheio de escarpas, muito acidentado geograficamente; somos o 6° produtor brasileiro de alimentos. Somos referência em nível nacional e até internacional em muitas áreas.
A homenagem foi feita por todo o desenvolvimento que temos em Santa Catarina na área da suinocultura, da avicultura, do cooperativismo, da produção de arroz, da fruticultura, da maçã. Enfim, há uma série de produtos da bovinocultura de leite, da bovinocultura de corte, que fazem a riqueza de Santa Catarina. Nosso estado é exportador de produtos agropecuários graças ao trabalho de pesquisa e extensão.
Por isso, homenageamos os funcionários, os ex-funcionários da Epagri e também toda sua diretoria, hoje capitaneada pelo presidente Luiz Ademir Hessmann, que tem feito uma gestão, juntamente com a diretoria, no sentido de modernizar, de tornar a empresa ainda mais referência. A Epagri hoje é a maior e melhor empresa de pesquisa e de extensão rural do país. Essa empresa catarinense é orgulho para todos nós. Então, quero ressaltar a homenagem realizada na noite da última terça-feira.
Vou falar também da reunião de ontem da comissão de Economia, que contou com a presença do presidente da Celesc, Antonio Gavazoni, que apresentou todo o plano de investimento da empresa para os próximos quatro anos, já em andamento no ano de 2011, até o ano de 2015, que mostra o planejamento da gestão, trazendo para todos nós uma garantia no fornecimento, na manutenção da energia que o nosso estado vai precisar para o seu desenvolvimento nos próximos anos.
Santa Catarina é um estado que tem crescido na ordem de 6%, 9%, valor que deve baixar para 5% em função das questões da economia mundial. Mas o estado precisa de energia, e a Celesc está garantindo, através do seu plano de investimento, em torno de R$ 1,750 bilhão para recuperar toda a rede de transmissão de energia, de abastecimento, de subestações de alta potência e também de baixa tensão, para garantir a instalação de indústrias, sendo que só a região sul de Santa Catarina está agraciada com mais de R$ 100 milhões.
Isso nós dá uma garantia, porque hoje existem várias deficiências. Empresas têm deixado de se instalar na região sul, principalmente no vale do Araranguá, por falta de energia elétrica. E, nessa audiência de ontem, ficou garantido um investimento na região de Criciúma de mais de R$ 42 milhões, envolvendo o vale do Araranguá e também na região de Tubarão. Isso para nós é muito importante.
Eu quero cumprimentar o presidente Gavazzoni e toda diretoria da Celesc por esse planejamento, pela competência e pela visão de futuro que a empresa começa a ter.
Na oportunidade, o presidente também esclareceu o pronunciamento da deputada Angela Albino, que criou certa instabilidade em todos os parlamentares desta Casa. O presidente da Celesc esclareceu que o projeto da Celesc que está chegando a Casa, deputado Silvio Dreveck, é apenas uma adequação da gestão, por exigência da Bovespa. A Celesc hoje é uma empresa com capital privado na Bolsa de Valores, e o projeto nada tem a ver com o controle acionário, nada tem a ver com a perda do controle pelo governo do estado. Na verdade é uma adequação. E quero aproveitar para esclarecer isso, porque a imprensa acaba ficando preocupada e causando transtornos para a gestão da Celesc. Então, os parlamentares devem ter certo cuidado com relação ao que colocam da tribuna, para evitar transtorno para as empresas públicas do estado.
Gostaria também de relatar a missão que participamos na Nova Zelândia e na Austrália, com foco também na agricultura, especialmente na bovinocultura de leite e corte. Esses são dois países novos e referências para nós em termos de futuro, de desenvolvimento da agricultura. Pudemos observar, deputado Elizeu Mattos, como a agricultura será no futuro, como a bovinocultura de corte será no futuro.
Na Austrália observamos que o desenvolvimento, a tecnologia aplicada, tem dado grandes rendimentos e melhorado a qualidade de vida dos agricultores daquele país. Os agricultores praticam uma agricultura de resultado através de contratos de fornecimento, através de tecnologia na genética dos animais, mas também de melhoramento da qualidade genética na produção de pastagens. Quem quiser produzir leite, produzir carne, hoje, no Brasil, tem primeiro que pensar em produzir pasto. É importante produzir animais de qualidade e ter uma agricultura competitiva, capaz de permitir que os nossos produtos possam ser vendidos em outros mercados.
Quanto à sanidade animal, a fiscalização tanto feita na Nova Zelândia, como na Austrália mostra essa preocupação. Não é à toa que a Nova Zelândia exporta 36% do leite do mundo inteiro. Leite que não é produzido com a ração, com a soja, com o milho que é produzido no país, mas com pasto, desenvolvido através de pesquisa, de biotecnologia. A agricultura de lá encontrou um formato capaz de garantir renda ao produtor e qualidade de vida às famílias.
Por isso, é muito importante essa missão que foi organizada pelo Sebrae, com a participação da secretaria da Agricultura, de técnicos da Epagri, da Cidasc, em termos de referência.
Observamos neste país que a pesquisa é feita por resultado. O agricultor quer lucro na sua propriedade. Não adianta ter número de animais e não sobrar dinheiro no final do mês.
A lucratividade do sistema agrosilvopastoril da Nova Zelândia e da Austrália permite, inclusive, que o agricultor saia, viaje, tire férias durante o ano, porque ele tem, através da pesquisa, da automação, a redução da mão de obra.
Nós teremos poucas pessoas na agricultura daqui para frente, por isso precisa haver uma maior terceirização dos setores no Brasil, e a pesquisa que é feita hoje tem que estar focada em resultado, no lucro e, acima de tudo, na redução da mão de obra para o nosso produtor rural.
O leite produzido lá é comercializado através do sistema de cooperativas, sendo que a maior cooperativa de leite do mundo localiza-se na Nova Zelândia, chamada Fonterra, que exporta leite para todos os países da Europa, da Ásia, subprodutos do leite com valor agregado. O valor pago ao leite lá é maior do que no Brasil, e eles não gastam ração com a produção de leite, apenas pastagem melhorada geneticamente pelas estações de pesquisa.
A pesquisa feita naquele país é direcionada, os agricultores é que dizem o que os técnicos das empresas de pesquisa têm que pesquisar, e dos próprios agricultores, através da comercialização dos seus produtos, é descontado um percentual do valor do produto e feito um fundo para financiar as pesquisas.
Por isso é uma agricultura tão evoluída, por isso os agricultores de lá têm uma renda per capita maior do que a nossa.
Hoje, a renda per capita no Brasil gira em torno de US$ 10 mil por ano. Na Nova Zelândia, gira em torno de US$ 27 mil por ano e na Austrália, US$ 41 mil. Então, qualquer produtor de lá hoje ganha a renda de um médico no Brasil, graças à pesquisa, à tecnologia e à agricultura de resultado e, acima de tudo, à profissionalização e à eficiência dos agricultores.
As condições climáticas são piores do que a nossa, mas eles trabalham muito na prevenção e na organização dos produtores.
Essa missão é uma grande referência e por isso estamos elaborando um relatório juntamente com técnicos da agricultura, do Sebrae, para divulgar as ações vistas naquela missão, pois muitas coisas poderão ser aplicadas no Brasil, trazendo resultado já de imediato, preparando, acima de tudo, a agricultura familiar e os nossos agricultores para o futuro.
Era isso, sr. presidente!
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)