Pronunciamento

Jailson Lima da Silva - 019ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 22/03/2011
O SR. DEPUTADO JAILSON LIMA - Quero saudar os colegas deputados, os funcionários desta Casa, o deputado Antônio Aguiar, que preside esta sessão, e informar antecipadamente que o deputado Jean Kuhlmann me cedeu o seu tempo.
Quero, com muita tranquilidade, abordar uma matéria que saiu em página inteira no Diário Catarinense, redigida pelo jornalista Upiara Boschi. Gostaria que dizer que conheço o referido jornalista somente por fotografia, não o conheço pessoalmente. Sei que é um garoto com muito boa vontade, mas essa matéria merece esclarecimentos.
Em primeiro lugar, porque sou uma pessoa que não esconde sua vida pública e a minha postura sempre foi muito tranquila na condução dos meus passos, dos meus embates.
Essa matéria diz que a China tem um embaixador na Assembleia Legislativa. Eu quero dizer que sou um grande conhecedor da China, sim, e que já fiz cinco viagens oficiais para lá aprovadas pela Assembleia Legislativa, viagens de interesse do estado catarinense.
Domingo, pela manhã, minha mãe, que tem quase 80 anos, ligou para minha casa dizendo: "Meu filho, li no jornal que uma empresa da China..." Pois a matéria fala da sociedade com uma empresa que tenho e que está na minha declaração de imposto de renda. Se eu quisesse sonegar qualquer informação não colocaria, em primeiro lugar, essa informação na minha declaração. Eu poderia ter arrumado um "laranja", como se diz. Em segundo lugar, os investimentos que faço são fruto do meu trabalho, e coloco os meus recursos onde acho conveniente.
Fui convidado, em 2006, antes de ser deputado, pelo companheiro Milton Pomar, de Florianópolis, filho de Vladimir Pomar, que têm livros escritos sobre a China e organizou a viagem do presidente Lula, em 2004, àquele país, a fazer parte de uma sociedade, quando começou essa grande transformação econômica de parceria entre a China e o Brasil.
Ao mesmo tempo, o próprio jornalista reconhece na matéria, lá no final - porque no início ele deu a entender que fiz as viagens por interesses pessoais, do ponto de vista econômico -, que em nenhum momento foi observado que o deputado Jailson Lima teve participação em negócios com empresas da China. Eu acho que ele deveria ter começado a matéria com essa frase, porque ele mesmo afirma isso.
Quero dizer que nas minhas viagens à China fui a Henan, estado irmão de Santa Catarina, com 100 milhões de habitantes, cujas relações do ponto de vista chinês, evidentemente, basicamente não ocorreram em Santa Catarina.
Então, quero deixar claro a todos os que estão me assistindo e à minha mãe que a minha declaração de imposto de renda é clara. Se eu quisesse sonegar qualquer informação não a teria colocado na declaração. E a matéria diz que em nenhum momento fiz qualquer negociação. Ao mesmo tempo, o jornalista coloca que fiz viagens sem a participação do Poder Executivo. Este Poder é autônomo. O Executivo é o Executivo, a Assembleia é a Assembleia, o Tribunal de Contas é o Tribunal de Contas, a Justiça é a Justiça.
Essa matéria ainda diz que fomos vender soja na China, deputado Kennedy Nunes. É uma ilação! O porto de São Francisco do Sul, que é público, tem uma parte que é privada, e os empresários Beto e Júnior, que são os proprietários, desenvolveram uma parceria com uma empresa, que é a terceira maior produtora de soja da Ásia, com centro de pesquisa de geração, que produz produtos médicos a partir da soja e que irá investir naquele porto para ampliar sua capacidade de exportação.
Pergunto, então: se Santa Catarina passar a exportar mais, para onde irão os impostos gerados? Irão para o Paraná ou ficarão em Santa Catarina? Onde serão gerados os empregos? No Paraná ou aqui? Então, não fomos vender soja nenhuma, trata-se de uma relação de estado com uma empresa de capital misto na área de soja.
Quero dizer mais, as missões que recebi em relação às viagens que fiz, todas elas, sem exceção, vieram de parte da Presidência da Casa e três delas do governador de Santa Catarina.
Se vocês acessarem o site da secretaria de estado da Fazenda de 2008, irão ver o seguinte: "Convênios não financeiros firmados..." Foi isso que fizemos. Está no site do governo do estado: "Secretaria de Articulação Internacional, memorando de entendimento de intercâmbio, cooperação entre a província de Henan, na China, e o Estado de Santa Catarina."
Essa parceria existe no sentido de incrementar as relações entre Santa Catarina e a China. Numa dessas viagens foram, inclusive, os deputados Rogério Peninha Mendonça, Dagomar Carneiro e Lício Mauro da Silveira.
Itapema hoje é coirmã da cidade de Zhengzhou. O prefeito de Itapema foi à China, foi feito um protocolo de intenções, depois o prefeito chinês veio a Santa Catarina visitar Itapema.
No dia 1º de outubro de 2010, o prefeito da cidade Zhoukou, com 11 milhões de habitantes, da província de Henan, veio assinar um protocolo de intenções com a cidade coirmã - Taió. Imaginem o prefeito de uma cidade de 11 milhões de habitantes, deputado Kennedy Nunes, vir a Santa Catarina e ir a Taió, no alto vale! E ligaram a fotografia desse prefeito com o prefeito Ademar Dalfovo. Engenharia econômica não é aproximação de relações econômicas?! E relações políticas entre estado?! Taió é da minha região!
Eu duvido muito que o prefeito Gilberto Kassab saísse de São Paulo para vir a Taió, no alto Vale. Mas o secretário da Energia de Henan esteve em Santa Catarina. Aquele secretário que foi conosco a Beijing, deputado Kennedy Nunes, que quando v.exa. chegou ele estava esperando no laboratório de energia solar com o representante da empresa de energia solar de Henan, que possui os maiores centros de tecnologia na área de energia solar. Eu levei pessoalmente um protocolo, que foi acordado na época, assinado pelo reitor Álvaro Prata. Assim, a partir deste ano, os alunos de Engenharia da nossa UFSC irão fazer estágio nas universidades e centros de tecnologia da China. Que negócio econômico há nisso, a não ser aprofundar conhecimento técnico, trazer tecnologia para as nossas universidades?!
O jornalista Paulo Alceu publicou o seguinte texto:
(Passa a ler.)
"No dia 4 de abril desembarga em Santa Catarina uma comitiva da China com a intenção de investir no estado na área de energia limpa, desde eólica até biomassa e dejetos suínos."[sic]
Esse é um presente meu, diga-se de passagem, para a Celesc, para Raimundo Colombo, como governador.
No dia 10 de fevereiro isso foi protocolado no Congresso. Então, fomos a Beijing e lá estava o secretário de Governo de Henan e o representante da empresa estatal para reafirmar esse acordo e que virá a Santa Catarina no dia 4 de abril para investimentos neste estado.
Isso tanto é verdade que encontrarão, se acessarem o site www.bloomberg.com, uma empresa do setor financeiro. O proprietário dessa empresa foi prefeito de Nova York. É uma empresa que em 2010 teve uma receita de US$ 6,9 bilhões. Esse acordo que protocolei em Henan com investimentos para Santa Catarina saiu na imprensa catarinense. É vocês verão na imprensa internacional, através desse site.
Além do mais, na visita que fizemos à China conversamos com o presidente da Harbour Engineering Company, que é uma empresa estatal na área de construção e obras de infraestrutura - projetos de aeroportos, ferrovias, pontes.
Quero pedir que coloquem no telão as fotos de duas pequenas pontes que essa empresa estatal construiu.
(Procede-se à exibição de imagens.)
Essa ponte tem 32,5km em alto-mar e a outra tem 36km. Essas duas pontes foram construídas em seis anos. E querem investir no Brasil! Isso significa que a ponde de Laguna, cuja construção está prevista para três anos, seria feita por eles em quatro meses, levando em conta a velocidade com que fizeram essas duas. Na reunião em que estávamos, foi citada a duplicação da BR-470 - e não temos empresas no Brasil para executá-la decentemente; a quarta ponte de Florianópolis - inclusive, foram convidados para vir executar os projetos; a ferrovia leste/oeste, que vai passar pelo alto vale, cuja previsão é de três anos e meio somente para o projeto; a duplicação da BR-280 e o aeroporto de Florianópolis. Foram apresentadas essas obras para uma empresa que é estatal para que venha fazer parceria com Santa Catarina.
Portanto, estou fazendo essa prestação de contas, primeiramente, para dizer que não fui à China brincar; em segundo lugar; para dizer que o presidente da Celesc, Antônio Gavazzoni, vai ficar muito contente com esses aportes de recursos que serão feitos em Santa Catarina. E quando eu digo que um deputado de Oposição está fazendo isso, quero dizer que faço uma oposição propositiva. Só não sou oposição ao governo federal. Aeroporto é obra federal, duplicação de BR é obra federal, a ponte de Laguna é obra federal, mas são investimentos em Santa Catarina.
Eu quero convidar o jornalista para um café no meu gabinete, faço questão disso, porque a matéria teve um conteúdo maldoso e entendo que, pela idade que tem, tentou achar um furo de reportagem, mas precisa conhecer melhor a questão. Se houver uma única coisa que não esteja na minha declaração de imposto de renda, pode questionar. Além disso, ele pode confirmar em todos os sites que citei, porque duvido que alguém em Santa Catarina tenha assinado um protocolo de investimentos de tamanho porte. Após a assinatura com a estatal, oficializamos o ato na embaixada em Beijing, com a adida comercial, consulesa Tatiana. Se ligarem para a embaixada em Beijing, verão a veracidade disso.
Mas estou achando que esse jornalista foi meio que insuflado por alguns e-mails que lhe foram enviados aqui da Assembleia e sabemos por quê. Mas esses embates continuarão acontecendo, pois sou um cara de princípios e parar não vou, mesmo que isso custe caro.
Agradeço, sr. presidente, por essa oportunidade. Acho que fiz os devidos esclarecimentos. Vou assumir tudo o que tenho que assumir no meu mandato e vou onde quiser e tiver que ir. Vou assumir o que fizer sem problemas, desde que seja importante para o estado de Santa Catarina e para o Brasil.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)