Pronunciamento

Ivan Naatz - 053ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 08/07/2008
O SR. DEPUTADO IVAN NAATZ - Sr. presidente, srs. deputados, sras. deputadas, telespectadores da TVAL e ouvintes da Rádio Alesc Digital, os noticiários desta semana trouxeram mais um fato lamentável: um médico cobra para prestar um serviço que é feito pelo SUS. E não é pouco, o valor de R$ 3 mil foi cobrado de uma família carente do estado de Santa Catarina.
Lamentavelmente, parece-me que essa não foi a primeira vez que aconteceu isso nem será a última, deputado Cézar Cim - e v.exa. já foi promotor de Justiça e conhece as leis. Mais uma vez, a classe menos favorecida, o pobre chega para ser atendido no hospital e é furtado por um mau profissional da Medicina, um homem que envergonha a classe, um homem que envergonha todas as classes de profissionais.
É preciso que o Conselho Regional de Medicina tome providências urgentes. Não é possível que isso fique apenas na questão da sindicância, porque estamos acostumados, deputada Odete de Jesus, a ver as sindicâncias terminarem em nada. As imagens foram claras, ele cobrou por um serviço que é feito pelo SUS - e não cobrou pouco -, aproveitando-se de uma situação difícil. O Conselho Regional de Medicina deveria suspender imediatamente a credencial desse profissional.
Então, é mais um fato lamentável que atinge os mais pobres, os menos favorecidos que necessitam do trabalho daqueles profissionais que são pagos para prestar um bom trabalho. E isso é um reflexo da sociedade.
Srs. deputados, eu gostaria de dizer também aqui que assisti, ontem, ao Programa CQC - e quero sugerir que todos os deputados, que toda comunidade catarinense assista a esse programa que passa nas noites de segunda-feira, na Rede Bandeirantes. E esse programa, então, fazia um teste de honestidade. Havia um cidadão que se passava por cego, que deixava cair do bolso uma nota de R$ 50,00 para testar as pessoas que ali estavam. Lamentavelmente, até um policial militar de Brasília nesse teste, deputado Sargento Amauri Soares, ao ver a nota de R$ 50 cair do bolso do ator, juntou-a do chão e colocou-a no seu próprio bolso. O ator, então, voltou para a cena onde ele tinha perdido a nota, como se estivesse procurando-a, e perguntou para o próprio policial militar se ele teria visto cair ali uma nota de R$ 50 e ele disse, srs. deputados, que não tinha visto. Esse policial militar da capital federal teve a coragem de mentir, estando com a nota de R$ 50,00 no bolso que tinha juntado do chão três minutos atrás.
Logo em seguida, o mesmo cego foi a uma quitanda e comprou um café e um salgadinho. A conta foi de R$ 3,00. Quando o ator, fingindo-se de cego, puxou da carteira uma nota de R$ 50,00 e perguntou à mulher da quitanda se era uma nota de R$ 10,00 que ele estava entregando, ela disse que sim. Então, a mulher devolveu-lhe R$ 7,00 de troco, guardando os R$ 40,00.
Depois o ator, mais uma vez, fez de conta, ao tirar o celular do bolso, que tinha caído novamente no chão uma nota de R$ 50,00. Um cidadão que passava ao seu lado catou a nota, deputado Joares Ponticelli, e a colocou no bolso na frente do cego e foi embora!
Srs. deputados, nós vivemos um momento de tristeza e a sociedade catarinense culpa os deputados, culpa os políticos! Nós, políticos, é que somos ladrões! Nós, políticos, é que damos o mau exemplo. Então, a nossa sociedade está necessitando de reflexão. A sociedade é que precisa dar exemplo de honestidade, não cobrando apenas de uma só classe, e sim de toda a sociedade.
À medida que as pessoas enganam um cego, à medida que as pessoas enganam a sociedade, à medida que as pessoas não praticam atos de honestidade, para onde caminharemos? Para onde caminhará essa sociedade?
Em Santa Catarina, os jornais noticiaram que uma denúncia gravíssima contra o secretário foi novamente arquivada por falta de interesse do estado em investigar denúncias.
Então, aonde vamos parar com essa falta de fiscalização, com essa falta de hombridade, com essa falta de honestidade?
O Sr. Deputado Joares Ponticelli - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO IVAN NAATZ - Pois não!
O Sr. Deputado Joares Ponticelli - Deputado Ivan Naatz, na linha da manifestação de v.exa., tenho aqui a coluna do jornalista Prisco Paraíso, de 7 de julho de 2008, portanto, de ontem, com a seguinte nota intitulada: "Atrapalhado como nunca".
Na mesma linha, o eminente jornalista Moacir Pereira, também na sua coluna do Diário Catarinense, do dia 5 de julho, sábado, escreve a nota da primeira parte com o título "A Força do Secretário" e a segunda parte com o título "Enforcamento".
Da mesma forma, o jornalista Roberto Azevedo, também do Diário Catarinense, o jornalista Paulo Alceu e centenas de outros jornalistas, radialistas, membros da imprensa, a sociedade catarinense como um todo clamam há dias, especialmente depois dos acontecimentos da última semana que envolvem diretamente o mais forte homem do atual governo chamado nos bastidores de primeiro-ministro Ivo Carminati, num escândalo nunca antes noticiado neste estado.
Quem imaginava que o governo Paulo Afonso havia sido um governo escandaloso, fica perplexo diante do que está mostrando a face do governo Luiz Henrique da Silveira. Eu diria até que os crimes que são imputados ao Paulo Afonso já podem ser remetidos ao Tribunal de Pequenas Causas, pois virou coisa de trombadinha, de batedor de carteira, diante da gravidade, da complexidade das denúncias que envolvem este governo por inteiro.
Cumprindo o nosso papel, deputado Jandir Bellini, de partido de Oposição, na ânsia de buscarmos os esclarecimentos que a sociedade catarinense clama, fizemos, ontem, mais uma tentativa de propor ao governo do estado que investigue, no âmbito interno, no âmbito administrativo, o sr. secretário.
O dr. Francisco José de Oliveira Filho, desembargador-presidente do Tribunal de Justiça, de pronto acolheu e encaminhou o expediente ao secretário da Administração para providências, mas eis que, num despacho rápido, já apelidado pela imprensa de despacho the flash, o referido secretário determinou o arquivamento da matéria sem poder constitucional e legal para isso.
O secretário Ivo Carminati diz que conversa todos os dias com o governador fujão - porque novamente o governador foge na hora da crise, como fugiu no caso Marlene Rica, como fugiu quando o delegado foi preso em Joinville. Ora, se o governador está de férias, por que o Ivo Carminati fala com ele todos os dias? Para saber se o sol está bom?
É tudo isso, deputado Ivan Naatz, que a sociedade espera esclarecer...
(Discurso interrompido por término do horário regimental.)
(SEM REVISÃO DO ORADOR)