Pronunciamento

Ismael dos Santos - 019ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 19/03/2014
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Sr. presidente, srs. deputados, sras. deputadas, quero parabenizar o deputado Nilson Gonçalves pela intervenção, nesta manhã.
De fato a comissão de Combate e Prevenção às Drogas, desta Casa, tem-se preocupado com essa temática. Nós elegemos, deputada Luciane Carminatti, cinco eixos de trabalho: a questão da reabilitação, a prevenção, a ressocialização, a legislação e a questão da repressão. E não há dúvida de que a prevenção, deputado Maurício Eskudlark, v.exa. que vem da área Polícia Civil, é a pérola de todo esse processo.
O que acontece, deputado Nilson Gonçalves, é que, infelizmente, não vou generalizar, a deputada Luciane Carminatti pode falar com mais autoridade sobre isso, mas há uma resistência por parte do Magistério em abordar essas temáticas. O professor de Matemática, o professor de Português, o professor de História, eles não se sentem habilitados o suficiente para inserir essa temática na sua disciplina. Mas não há dúvida, e os técnicos estão aí para confirmar, de que a questão das drogas na escola, deputado Nilson Gonçalves, precisa ser um tema transversal, precisa permear toda a proposta curricular, não especificadamente de uma disciplina, mas precisa estar presente de uma forma ampla em todas as matérias trabalhadas em sala de aula.
A Sra. Deputada Luciane Carminatti - V.exa. me permite um aparte?
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Pois não!
A Sra. Deputada Luciane Carminatti - Quero apenas dizer que há um esforço muito grande por parte dos educadores no sentido de realizar um bom trabalho em relação a esse tema, mas há preocupação. Vejo que não passou pela formação acadêmica dos nossos professores informações e a metodologia para tratar desse tema, porque do ponto de vista da dependência química, talvez um profissional da biologia possa explicar melhor do que um profissional da matemática, da geografia. Então, precisamos compreender que há uma formação anterior que não habilita para trabalhar bem esse tema.
Por outro lado, as escolas têm desenvolvido vários projetos, deputado Nilson Gonçalves, inclusive de um programa que tem no âmbito federal, que é o Programa de Cultura da Paz, em que se discute todas as questões que envolvem a paz, quais sejam também a questão da segurança pública e das drogas. Esse é um tema. Outro tema é a questão das drogas como um tema transversal, que transita nas diferentes disciplinas e aí cabe ao professor, por exemplo, de língua portuguesa, trabalhar mais a gramática e a redação, e o conteúdo fica com aquele profissional que tem uma habilitação maior ou que se identifica com o tema e que tem condições. Mas confesso que é extremamente delicado lidar com isso. Acho que os professores estão abertos, deputados Nilson Gonçalves e Ismael dos Santos, mas precisa haver um programa de formação. Acho que não temos divergência nisso. Precisamos de um comando que oriente os profissionais de educação, eu não diria uma matéria específica, porque matérias são disciplinas, e não podemos criar uma matéria sobre drogas, não é isso. Queremos discutir esse tema do ponto de vista de toda educação básica de acordo com o nível de escolaridade, de acordo com a idade, com a capacidade de entendimento, que também é diferenciado de acordo com cada idade.
Eu penso que cabe à secretária de Estado da Educação discutir isso com os professores e apresentar uma proposta que possa transitar, mas com muita formação, e tem que ser formação continuada. Não é uma palestra, o professor não pode dar uma palestra, sair falando disso, tem que existir todo um processo de compreensão mais elaborado, esse é o meu entendimento.
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Obrigado, deputada, por enriquecer esse debate.
Há outra questão, deputado Nilson Gonçalves, que infelizmente já está chegando ao estado. No Rio de Janeiro, em São Paulo, é uma triste realidade a ameaça de traficantes a professores que queiram investir nessa seara. Eles dizem: "Se você tem filho, tem filha, cuidado ao abordar essa questão sobre drogas." Essa ameaça já está chegando, temos denúncias em Santa Catarina. Trata-se de um problema cada vez mais complexo, que precisamos enfrentar, sim, com coragem, com seriedade, de um ponto de vista acadêmico, científico, não podemos abrir mão disso, precisamos firmeza para que possamos dar a nossa contribuição nessa batalha, nessa guerra, por uma Santa Catarina e por um país sem drogas.
Eu teria outra temática para abordar, mas cedo o restante do tempo do partido ao deputado Maurício Eskudlark.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)