Pronunciamento

Ismael dos Santos - 028ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 16/04/2013
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Sr. presidente, srs. deputados, sras. deputadas, eu gostaria de inicialmente expressar a minha solidariedade às vítimas do atentado à bomba ocorrido em Boston durante a sua maratona, no final da tarde de ontem.
Eu trabalhei, deputado Kennedy Nunes, no início da década de 90, como pintor nos Estados Unidos e tive a oportunidade de presenciar, pelo menos em duas ocasiões, a Maratona de Boston, que é uma das mais antigas do mundo. Na ocasião, mais de 130 brasileiros disputaram aquela maratona.
Ontem, infelizmente, pelo menos duas bombas, que, segundo jornalistas, estavam armazenadas em panelas de pressão deixadas dentro de lixeiras, explodiram matando três pessoas e ferindo mais de 100.
Fica aqui a nossa solidariedade, pois mesmo num mundo imperfeito, como cidadãos, somos convocados a buscar a paz com base na justiça, na liberdade e na solidariedade.
Sr. presidente e srs. deputados, nesta tarde estamos dando entrada a mais um projeto de lei de nossa autoria, desta feita ligado à área da saúde. Trata-se de um projeto modesto, que procura estar afinado com os desafios que a sociedade enfrenta no que diz respeito à prestação de serviços no âmbito da saúde, pois sabemos que a transparência na área da prestação de serviços públicos é essencial.
Por isso, é imprescindível a adoção de mecanismos que dotem os espaços de atendimento ao cidadão na área de saúde com as informações básicas necessárias. E a nossa proposta basicamente assegura aos usuários dos estabelecimentos públicos de saúde a informação sobre os profissionais escalados para aquele dia de trabalho.
Nós tivemos em Blumenau, deputada Ana Paula Lima, v.exa. que é enfermeira, um caso trágico de uma criança que foi levada a um espaço de pronto atendimento e que infelizmente foi a óbito.
Assim, a nossa proposta, srs. deputados, vai na seguinte esteira: que os hospitais, os prontos-socorros, os ambulatórios, as unidades de atendimento, enfim, todos os estabelecimentos públicos de atenção à saúde, em especial aqueles credenciados ao SUS, sejam obrigados a divulgar em local visível nas entradas principais de acesso ao público o nome dos profissionais escalados para o atendimento dos pacientes naquele turno. Nome do funcionário, sua inscrição profissional, de preferência sua fotografia, sua função, sua especialidade e o horário de atendimento.
Estamos dando entrada no dia de hoje a esse projeto de lei e esperamos que ele obtenha sucesso nas diferentes comissões, em especial na comissão de Saúde, para que venha a debate neste plenário.
Sr. presidente e srs. deputados, tenho ainda alguns projetos que dizem respeito ao combate e à prevenção às drogas no estado de Santa Catarina, como também à reabilitação.
Já pensei em organizar - e acho que ainda há tempo - uma espécie de associação das mães dos dependentes químicos. Acho que é algo interessante. Minas Gerais desenvolve esse projeto que vem dando certo. Acho que há espaço para criarmos em Santa Catarina uma associação para as mães dos dependentes químicos, porque às vezes elas não sabem a quem recorrer.
Existe ainda a disposição do governador Raimundo Colombo de criar um telefone 0800 para que, de qualquer parte deste estado, quem tenha problema na família com dependentes químicos possa acessar e ter as devidas orientações.
Falo isso porque hoje as drogas basicamente se dividem em três grandes grupos: as naturais, simbolizadas pela maconha e pela cocaína; as semissintéticas, dentre elas o próprio crack, e as sintéticas, que infelizmente estão muito presentes nas baladas neste estado e no país.
Acompanhávamos hoje, em um dos jornais deste estado, o desabafo de uma mãe - e quero parabenizar a jornalista Camila Guerra pela excelente reportagem - inconsolável, que perdeu uma filha de 17 anos. Ela relembrava os momentos antes da festa e os sonhos da jovem, que foi mais uma vítima das drogas e agora das drogas sintéticas. Infelizmente, Santa Catarina passou a ocupar o primeiro lugar no ranking de produção de drogas sintéticas.
Santa Catarina, com apenas 1% do território nacional, com somente 3% da população brasileira, alcançou essa triste estatura de ocupar o primeiro lugar no ranking de consumo de drogas sintéticas. E aí está o depoimento nos jornais dessa mãe desesperada: a filha chegou em casa por volta das 3h30min de domingo, acompanhada do namorado, de uma prima e de um amigo. A mãe percebeu que a menina estava com dificuldade para respirar. Levou-a para o pronto atendimento na cidade de Joinville. Chegando lá ela vomitou sangue e morreu nos braços da avó.
Chamou-me a atenção que, no preâmbulo dessa história, o padrasto implorou para a menina não ir à balada, mas ela insistiu em ir. Foi a última vez mesmo, porque nunca mais voltou, disse a mãe chorando enquanto mostrava o quarto da garota.
Segundo o namorado, a prima e o amigo, a primeira coisa que fizeram na balada foi comprar uma "bala", o ecstasy. Depois de degustar, se assim podemos dizer, essa bala, a prima e o amigo teriam ingerido alguns comprimidos também. A prima disse que de repente a viu virar os olhos quando estava abraçada ao namorado. Perguntou se ela estava bem, que respondeu que estava em paz. Em seguida a adolescente teria contado que havia ingerido mais um comprimido. Então, o segundo ecstasy levou a óbito essa garota de apenas 17 anos.
Fica o desabafo da mãe e a nossa consciência cada vez maior da luta por uma Santa Catarina sem drogas. É essa a nossa meta! É essa a nossa bandeira.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)