Pronunciamento
Ismael dos Santos - 107ª SESSÃO ORDINÁRIA
Em 31/10/2012
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Sr. presidente, sras. deputadas e srs. deputados, hoje, 31 de outubro, quero aproveitar este espaço de Breves Comunicações para duas reflexões, afinal de contas esta é a Casa do Povo e o deputado Padre Pedro Baldissera dava as boas-vindas àqueles que por aqui passam e que nos prestigiam nesta tarde.
De fato, esta é a Casa do Povo, mas é também a Casa das Leis e por isso recebemos hoje, em nosso gabinete, o projeto do Orçamento de 2013, com mais de 1.700 páginas, para fazer a nossa avaliação. É de fato a Casa onde se pensa e faz política, mas é também a Casa da Cultura, pois aqui é preciso repercutir os atos e fatos culturais da nossa terra.
Quero, neste espaço, fazer duas reflexões.
Hoje é chamado dia "d", numa homenagem carinhosa a Carlos Drummond de Andrade, o maior dos poetas brasileiros. Mas eu também chamaria de dia "r", o dia da reforma. E faço essas duas menções pela importância dessas datas, primeiramente lembrando o dia 31 de outubro de 1517 há, portanto, 495 anos, quando o monge alemão Martinho Lutero foi à catedral de Wittenberg, afixou as famosas 95 teses, teses essas que provocaram uma revolução no campo das ideias, que rapidamente se espargiram por toda a Europa e finalmente chegaram aos outros continentes.
Foi uma reforma cultural, pela perspectiva que trouxe à música sacra, à literatura, à produção de livros; foi uma revolução e uma reforma também do ponto de vista social, com a perspectiva, inclusive, de, pela primeira vez, permitir o acesso de meninos e meninas à escola, frequentando uma mesma classe, dentro da famosa proposta ética protestante no trabalho.
Ainda no campo cultural, foi impresso o primeiro livro, que foi uma Bíblia Sagrada, por Gutenberg. Ou seja, tratou-se da primeira tradução da Bíblia para uma língua popular, o alemão, pois até então as impressões eram feitas somente em latim. Justamente esses aspectos deram à Reforma Protestante um significado para todo o ocidente, seja do ponto de vista cultural, do ponto de vista social e, por que não dizer, do ponto de vista da espiritualidade, uma vez que tinha como lema: A Bíblia para todos.
Por tudo isso, lembramos com muito carinho a data de hoje, 31 de outubro, pois há 495 anos Martinho Lutero liderou a Reforma Protestante.
Mas, como dizia, hoje também é o dia "D" para nós, brasileiros, o dia em que comemoramos o nascimento do poeta Carlos Drummond de Andrade, no dia 31 de outubro de 1902, portanto, há 110 anos, na minha modesta avaliação, o maior poeta brasileiro. Sua poesia era extremamente irônica, às vezes até satírica, uma poesia também comprometida do ponto de vista social e, sobretudo, uma poesia metafísica.
Ele sempre foi conhecido e chamado como o poeta do tempo, porque trabalhava muito bem as imagens do cotidiano e do tempo existencial.
E permitam-me os srs. deputados e, em especial, as sras. deputadas, que sempre entendem mais de amor do que nós, ler aqui uma poesia de Drummond, em homenagem ao nosso poeta nos 110 anos do seu nascimento. E lendo algumas das suas poesias, fiz a seleção de uma delas, que fala exatamente sobre o tempo. Cantava o poeta Drummond:
(Passa a ler.)
"E o tempo passa
O tempo passa? Não passa
O tempo passa? Não passa
no abismo do coração.
Lá dentro, perdura a graça
do amor, florindo em canção.
O tempo nos aproxima
cada vez mais, nos reduz
a um só verso e uma rima
de mãos e olhos, na luz.
Não há tempo consumido
nem tempo a economizar.
O tempo é todo vestido
de amor e tempo de amar.
O meu tempo e o teu, amada,
transcendem qualquer medida.
Além do amor, não há nada,
amar é o sumo da vida.
São mitos de calendário
tanto o ontem como o agora,
e o teu aniversário
é um nascer a toda hora.
E nosso amor, que brotou
do tempo, não tem idade,
pois só quem ama escutou
o apelo da eternidade."[sic]
Viva Drummond!
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)
De fato, esta é a Casa do Povo, mas é também a Casa das Leis e por isso recebemos hoje, em nosso gabinete, o projeto do Orçamento de 2013, com mais de 1.700 páginas, para fazer a nossa avaliação. É de fato a Casa onde se pensa e faz política, mas é também a Casa da Cultura, pois aqui é preciso repercutir os atos e fatos culturais da nossa terra.
Quero, neste espaço, fazer duas reflexões.
Hoje é chamado dia "d", numa homenagem carinhosa a Carlos Drummond de Andrade, o maior dos poetas brasileiros. Mas eu também chamaria de dia "r", o dia da reforma. E faço essas duas menções pela importância dessas datas, primeiramente lembrando o dia 31 de outubro de 1517 há, portanto, 495 anos, quando o monge alemão Martinho Lutero foi à catedral de Wittenberg, afixou as famosas 95 teses, teses essas que provocaram uma revolução no campo das ideias, que rapidamente se espargiram por toda a Europa e finalmente chegaram aos outros continentes.
Foi uma reforma cultural, pela perspectiva que trouxe à música sacra, à literatura, à produção de livros; foi uma revolução e uma reforma também do ponto de vista social, com a perspectiva, inclusive, de, pela primeira vez, permitir o acesso de meninos e meninas à escola, frequentando uma mesma classe, dentro da famosa proposta ética protestante no trabalho.
Ainda no campo cultural, foi impresso o primeiro livro, que foi uma Bíblia Sagrada, por Gutenberg. Ou seja, tratou-se da primeira tradução da Bíblia para uma língua popular, o alemão, pois até então as impressões eram feitas somente em latim. Justamente esses aspectos deram à Reforma Protestante um significado para todo o ocidente, seja do ponto de vista cultural, do ponto de vista social e, por que não dizer, do ponto de vista da espiritualidade, uma vez que tinha como lema: A Bíblia para todos.
Por tudo isso, lembramos com muito carinho a data de hoje, 31 de outubro, pois há 495 anos Martinho Lutero liderou a Reforma Protestante.
Mas, como dizia, hoje também é o dia "D" para nós, brasileiros, o dia em que comemoramos o nascimento do poeta Carlos Drummond de Andrade, no dia 31 de outubro de 1902, portanto, há 110 anos, na minha modesta avaliação, o maior poeta brasileiro. Sua poesia era extremamente irônica, às vezes até satírica, uma poesia também comprometida do ponto de vista social e, sobretudo, uma poesia metafísica.
Ele sempre foi conhecido e chamado como o poeta do tempo, porque trabalhava muito bem as imagens do cotidiano e do tempo existencial.
E permitam-me os srs. deputados e, em especial, as sras. deputadas, que sempre entendem mais de amor do que nós, ler aqui uma poesia de Drummond, em homenagem ao nosso poeta nos 110 anos do seu nascimento. E lendo algumas das suas poesias, fiz a seleção de uma delas, que fala exatamente sobre o tempo. Cantava o poeta Drummond:
(Passa a ler.)
"E o tempo passa
O tempo passa? Não passa
O tempo passa? Não passa
no abismo do coração.
Lá dentro, perdura a graça
do amor, florindo em canção.
O tempo nos aproxima
cada vez mais, nos reduz
a um só verso e uma rima
de mãos e olhos, na luz.
Não há tempo consumido
nem tempo a economizar.
O tempo é todo vestido
de amor e tempo de amar.
O meu tempo e o teu, amada,
transcendem qualquer medida.
Além do amor, não há nada,
amar é o sumo da vida.
São mitos de calendário
tanto o ontem como o agora,
e o teu aniversário
é um nascer a toda hora.
E nosso amor, que brotou
do tempo, não tem idade,
pois só quem ama escutou
o apelo da eternidade."[sic]
Viva Drummond!
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)