Pronunciamento

Ismael dos Santos - 053ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 08/07/2008
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Sr. presidente e srs. deputados, ocupo a tribuna nesta tarde para fazer um registro histórico e necessário. No último sábado, dia 5 de julho, Blumenau relembrou os 25 anos daquela que talvez tenha sido a maior catástrofe em terras catarinenses do século XX, que foram as enchentes do ano de 1983.
Essa catástrofe, que durou pelo menos 31 dias, deputado Ivan Naatz - e o senhor acompanhou, em Blumenau, quando o rio Itajaí atingiu 15 metros -, deixou mais de 40 mil desabrigados só na cidade de Blumenau. Foram cerca de 300 mil desabrigados no Vale do Itajaí, deputado Manoel Mota; cinco mil casas foram inundadas, o equivalente, na época, a 30% das residências. Setenta por cento da cidade de Blumenau ficou alagada. Segundo o comandante do 23º BI, na época dando o seu depoimento, tivemos pelo menos 65 óbitos nas enchentes de 1983. Isso sem falar dos danos materiais que, segundo as estimativas, chegaram a US$ 1 bilhão.
É claro que há o lado positivo, em especial o destaque aos voluntários que atuaram naquela época, nossos rádios amadores, o próprio 23º BI, que nas ilhas que havia - 23 ilhas -, elevados na cidade, supriram a população com alimentos, roupas e medicamentos.
Mas, srs. deputados, em especial o deputado Jean Kuhlmann, que atuou naquela época, o fato é que o excesso de chuvas pode voltar a ocorrer. E aí surge a indagação que faço nessa tarde: após 25 anos, deputado Carlos Hoegen, será que nós estamos preparados?
O Sr. Deputado Carlos Hoegen - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Pois não!
O Sr. Deputado Carlos Hoegen - Deputado Ismael dos Santos, é justamente em relação a isso que eu gostaria de me referir. É um momento que não temos nenhuma satisfação, nenhuma alegria, nada para comemorar; apenas relembrar essa tragédia e relembrar, claro, o esforço da sociedade para se reerguer: dos clubes de serviços, das entidades, de toda a sociedade organizada, que fez um grande esforço.
Mas é bom que lembremos também, nesse dia e nesse momento, o abandono das nossas barragens. Na região do alto vale do Itajaí há duas importantes barragens que foram construídas para conter as cheias e, por conseqüência, uma tragédia como essa, mas que continuam abandonadas, continuam entregues a sorte e sem, por certo, havendo uma enchente como essa, poder cumprir o seu papel.
Então, é bom lembrarmos esse fato, mas lembrarmos também - tomara a Deus que não mais ocorra - que, se isso ocorrer, que estejamos preparados!
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Obrigado pelo seu depoimento, deputado. Sem dúvida, há uma constatação de que a tragédia seria muito maior. Hoje, o vale do Itajaí, com um milhão de pessoas, ficaria à mercê, sobretudo por causa do desmatamento das margens.
Eu quero apenas fazer um alerta, cumprimentando também o deputado Kennedy Nunes, que nos visita nesta tarde, sobre a questão da modernização do sistema de telemetria que aguarda novos equipamentos, deputado Jean Kuhlmann - v.exa. muito lutou com essa bandeira, e nós ainda insistimos nessa questão. Mais do que isso, sabemos que uma das comportas da barragem de José Boiteux, que, infelizmente, foi danificada pelos índios em março de 2005, ainda hoje aguarda conserto.
Diante disso, sr. presidente e srs. deputados, eu estou encaminhando, através desta Casa, um pedido de informação à Defesa Civil do estado de Santa Catarina, com três indagações:
(Passa a ler.)
[...]
"1 - quais os motivos que não permitiram, até a presente data, o conserto de uma das comportas da barragem, no município de José Boiteux, danificadas pelos índios em março de 2005?
2 - qual a data prevista para o início das obras de reconstrução e recuperação dos equipamentos? e
3 - Quais as mediadas que estão sendo tomadas a fim de proteger os municípios do Vale, numa eventual enchente, tendo em vista que a barragem não oferece a segurança desejada?[...]"[sic]
Espero que este 5 de julho, quando se completou 25 anos das enchentes em Blumenau e no vale do Itajaí, possa, de uma forma ou de outra, ser um momento de reflexão, mas também de alerta para todos nós.
Obrigado, sr. presidente!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)