Pronunciamento

Ismael dos Santos - 054ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 16/06/2011
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Sr. presidente, srs. deputados, inicialmente gostaria de tecer um rápido comentário sobre a decisão do STF, ontem, de liberar a Marcha da Maconha, contestada em várias partes deste país, em especial nas capitais.
Naturalmente que aqueles que me acompanham ao longo desses últimos 20 anos, desde que fundamos o Centro Terapêutico Vida, na cidade de Blumenau, a casa para dependentes químicos, a comunidade terapêutica, por onde já passaram mais de mil jovens, sabem do nosso posicionamento e da nossa intransigência na defesa de princípios e de valores contrários à descriminalização da maconha. E esse é um debate longo e necessário que a sociedade brasileira vem fazendo especialmente agora com a participação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Deputado Manoel Mota, v.exa. que também se tem posicionado nesta Casa em relação a isso, tenho dito e repito aqui que a maconha para nós é o jardim de infância do crack. Por isso essa breve intervenção sobre o tema. Eu diria que embora o STF tenha dito sim à Marcha da Maconha, continuarei na luta para que a juventude brasileira diga não ao jardim de infância do crack.
O Sr. Deputado Manoel Mota - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Pois não!
O Sr. Deputado Manoel Mota - Eu quero cumprimentar v.exa. e parabenizá-lo pelo seu pronunciamento e dizer que fiquei envergonhado com o Brasil, ontem, com a força máxima da nossa Justiça em liberar tal movimento.
Estão todos loucos para impedir o fumo que não tem tanta gravidade e que produz riqueza no país, mas agora querem liberar a maconha que destrói? Quer dizer, querem fechar uma coisa e abrir outra. É uma vergonha para o Brasil! E tenho vergonha, neste instante, de ser parlamentar e saber que será feito um movimento na rua para regularizar a maconha.
V.Exa. tem toda a razão, pois regularizar a maconha é regularizar o crack, a cocaína e tantas outras drogas. Quero ver como é que vai ficar este país depois do que vimos ontem à noite.
O Sr. Deputado Antônio Aguiar - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Ouço também v.exa., deputado Antônio Aguiar, que é médico e entende da área.
O Sr. Deputado Antônio Aguiar - Deputado Ismael dos Santos, estamos juntos na sua luta. O pensamento do Supremo Tribunal é muito errado. A nossa ideia é ser contra a maconha, contra o crack, a cocaína, as bebidas alcoólicas e os medicamentos que causam dependência física.
Temos certeza de que esse assunto ainda será muito discutido. Por isso quero parabenizá-lo pela sua luta, que também é nossa.
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Muito obrigado, deputado Antônio Aguiar.
O Supremo Tribunal defendeu a tese da livre expressão, mas questionamos. Então, vamos sair também em marcha à rua contra os negros, contra os homossexuais, enfim, vamos incitar grupos contrários às liberdades e aos direitos humanos neste país.
De fato, para nós a Marcha da Maconha é apologia às drogas e incita, sim, valores e princípios e é, sobretudo, uma ameaça, inclusive, à saúde pública neste país.
Dito isso, sr. presidente, preciso também me manifestar sobre a proposta que foi feita ontem aos professores. Recebi, hoje pela manhã, do líder do governo, uma cópia dessa proposta e entendo que houve alguns avanços, em especial a proposição do governo do estado na disposição em conversar, em formatar um grupo de trabalho para, num prazo de 120 dias, traçar uma proposta de recomposição da tabela de carreira do magistério a partir de 2012.
Esse grupo, segundo o próprio governador, poderá, de acordo com o resultado dos estudos realizados, encaminhar proposta de alteração no plano de carreira e de regência de classe para a sua atualização.
Parece-me que essa era a principal preocupação do magistério no que diz respeito ao plano de carreira e à recomposição da tabela. Acho que ficou explícita, ficou clara a posição do governador. Esperamos que hoje seja um dia alentador, positivo e de resultados para a Educação em Santa Catarina.
Aproveito ainda os quatro minutos que me restam, sr. presidente e srs. deputados, para, neste momento, de uma forma bastante emotiva, fazer a minha homenagem ao centenário da Igreja Evangélica Assembleia de Deus no Brasil.
A Assembleia de Deus completará cem anos no próximo dia 18 de junho e confunde sua história com o nascimento e surgimento de dezenas e centenas de denominações evangélicas neste país. A Assembleia de Deus chegou ao Brasil através de dois jovens operários vindos da Suécia, que passaram pelos Estados Unidos e no ano de 1910 chegaram a Belém do Pará. Um ano depois fundavam a Igreja Evangélica Assembleia de Deus nos mesmos moldes de outro movimento que havia surgido nos Estados Unidos, na rua Azusa, em Los Angeles, na Califórnia.
O nome surgiu até por uma questão cultural, na perspectiva de várias Assembleias que se reuniam para buscar um mover carismático no sul dos Estados Unidos. Grupos de luteranos, metodistas, presbiterianos, batistas, enfim, diferentes Assembleias que se reuniam nesse novo movimento pentecostal. Dali surgiram as Assembleias de Deus e, portanto, o nome é um legado desse movimento pentecostal surgido na street Azusa, em Los Angeles.
Quando Daniel Berg e Gunar Vingren aqui chegaram não imaginavam o projeto e a expansão dessa dominação que hoje reúne pelo menos 20 milhões de brasileiros. Em nosso estado são mais de 200 mil membros ligados às Igrejas Evangélicas Assembleia de Deus.
Em Santa Catarina, tudo começou no dia 15 de março de 1931, portanto, há 80 anos, com um jovem chamado André Bernardino, estivador do porto de Itajaí, que indo para o Rio de Janeiro buscando uma formação acadêmica acabou se envolvendo com a vida noturna carioca e contraindo tuberculose. Ele estava moribundo, morrendo em um porão de um navio, no cais do porto do Rio de Janeiro, quando foi visitado exatamente por Daniel Berg e Gunar Vingren.
André Bernardino recebeu a mensagem das boas novas, conseguiu recuperar a sua saúde, retornou a Itajaí e, como disse, no dia 15 de março de 1931 começou também esse movimento em terra catarinense.
A Assembleia de Deus destaca-se não somente pela sua perspectiva de obedecer ao Id de Cristo, transmitindo as boas novas aos brasileiros, como também pela sua ação cultural, pela sua ação social de transformação positiva de jovens, crianças e adultos que se envolvem em projetos de reabilitação, sobretudo de dependentes químicos, de ascensão social. Eu diria que a Assembleia de Deus marca a sua história nesse centenário que comemoramos esta semana.
Também por outra perspectiva, uma perspectiva de superação de preconceitos, a Assembleia de Deus chega a este país há cem anos, num momento em que a realidade evangélica e pentecostal ainda era discriminada, estava na periferia, estava à margem dos movimentos sociais, mas conseguiu essa superação, conquistou o seu espaço, conquistou o seu status, conquistou a sua legitimidade e o respeito dos brasileiros pelo, como disse, trabalho na perspectiva espiritual, social e cultural.
Por tudo isso a nossa homenagem aos pioneiros, aos militantes e àqueles que, de uma forma ou de outra, contribuíram para o movimento pentecostal no Brasil e para o centenário da Igreja Evangélica Assembleia de Deus em terras brasileiras.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)