Pronunciamento
Ismael dos Santos - 056ª SESSÃO ORDINÁRIA
Em 09/07/2013
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Sr. presidente, srs. deputados, deputado Kennedy Nunes, permita-me pegar um gancho no seu discurso. Acho que são duas arapucas que estão armadas numa eventual reforma política. Uma delas é o financiamento público. E sei que a bancada do PT é, na sua maioria, favorável. Mas tenho colocado publicamente e repriso aqui a minha posição contrária ao financiamento público, porque vai continuar o financiamento paralelo, e o dinheiro que era para a educação, para a infraestrutura e para saúde vai servir para financiar partidos políticos.
Sou contrário ao financiamento público, porque entendo que esses recursos precisam ser remetidos para setores e temas bem mais importantes. E quanto à questão do voto em lista fechada é a arapuca mais perigosa. E lembro aqui um fato, apenas para acrescentar ao seu discurso, que o voto em lista fechada, até para que o nosso expectador tenha uma ideia, é quando o partido vai lá e coloca dez nomes. E os três eleitos pelo partido, não importa o número de votos, mesmo que tenha sido o décimo da lista, se ele é o primeiro da lista vai entrar para o parlamento.
Aí isso aqui vai virar um balcão de negócios. Partidos políticos que já estão no descrédito da população brasileira, mais de 30 partidos, todos, sem exceção, vão virar balcão de negócios. Um exemplo clássico, é Schroeder, cidade próxima a Joinville. Chega um comerciante e diz que quer ser vereador em Schroeder. Não tenho votos, mas tenho R$ 500 mil para investir na campanha. Agora o meu nome tem que ser o primeiro da lista. Aí o partido elege três, não importa quantos votos ele tenha feito, só o voto dele é suficiente, e ele passa a fazer parte do parlamento da cidade. É um exemplo bastante rude, mas serve para demonstrar no que vai dar uma eventual vitória do voto em lista fechada neste país.
Sr. presidente e srs. deputados, tivemos a oportunidade de acompanhar uma comissão de prefeitos do vale e do alto vale do Itajaí, com o governador Raimundo Colombo. Entre os pleitos quero destacar e salientar a ligação da BR-470 com a BR-116. Duas BRs que cruzam o estado de Santa Catarina, em especial a BR-116 que liga São Paulo a Porto Alegre. Mas também a BR-470 que corta todo o estado de Santa Catarina, do litoral até o meio-oeste catarinense, depois prosseguindo com a BR-282.
A proposta trazida pelos prefeitos da região é de que seja atendido um antigo pleito da comunidade do alto vale do Itajaí, ligando a BR-470 à BR-116, através de Ibirama até Victor Meireles, passando por Santa Terezinha, chegando até Monte Castelo. É uma estrada que já existe, e sua pavimentação está em torno de 50 quilômetros. De fato irá reduzir em pelo menos 100 quilômetros a vinda dos nossos moradores do alto vale do Itajaí, que querem fazer a ligação do alto vale em direção ao Paraná ou mesmo ao Rio Grande do Sul, mas em especial ao planalto norte catarinense.
O governador já despachou para trabalhar no projeto, e esperamos que esse sonho também seja realizado no alto vale do Itajaí, como disse, ligando a BR-470 à BR-116.
Por último, sr. presidente e srs. deputados, preciso fazer menção à sessão especial realizada ontem em homenagem às pessoas que atuaram na enchente de 1983, que completou, no último dia 7, 30 anos.
Essa é uma história que ficou marcada para todos os catarinenses. Um pouco antes, dez anos antes, houve a enchente de Tubarão. Depois, tivemos outros eventos, mas em especial essa enchente de 1983, que foi uma das maiores catástrofes ambientais do século XX, em Santa Catarina, porque durou 32 dias, com pequenas variações do pico que chegou aproximadamente a 15m.
Em Blumenau, foram mais de 40 mil desabrigados, mais de 300 mil pessoas atingidas, cinco mil casas inundadas pelas águas. De fato, Blumenau ficou 70% embaixo d'água. Foram 65 mortes comprovadas e pelo menos R$ 1 bilhão de prejuízos materiais no vale do Itajaí. Embora nascido em Blumenau, nesta época morava em Itajaí, onde também houve enchente. E logo em seguida, na enchente de 1984, eu já estava em Blumenau. Morávamos à rua Amazonas, e a água foi chegando. Tivemos que tirar as coisas rapidamente, e o 23º BI ajudou muito. No outro dia pela manhã estava com papai à beira da rua Amazonas, ficamos abrigados numa garagem na rua Eng. Odebrecht, e passou um canoeiro perguntando se queríamos uma carona. E passamos com a canoa praticamente por cima do telhado da nossa casa, na rua Amazonas. Momentos como esse de isolamento, de angústia, de preocupação, de dúvida - eu tinha na época 17 anos -, ficaram marcados na minha memória.
Papai, pastor evangélico, em uma daquelas noites, à luz de velas, abriu a sua Bíblia no salmo de Davi e leu os versos quatro e cinco, em que o salmista Davi, talvez passando por uma experiência similar a essa, em algum vale de Israel, traduzia muito bem o nosso sentimento daquele momento, quando na lírica hebraica Davi dizia "Ah, se não fosse o senhor que estivesse ao nosso lado, as águas teriam passado sobre nós e teríamos ficado submersos, mas felizmente Deus esteve do nosso lado".
Fica aqui o nosso reconhecimento a todos os que atuaram, em especial os voluntários, os radioamadores, o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar, o 23º BI.
Eram mais de 20 ilhas em Blumenau, pequenos elevados onde serviam alimentação e forneciam medicamentos. E ficam, de fato, o que o ex-governador Esperidião Amin disse com propriedade, na sessão especial de ontem, três palavrinhas que precisam ser relembradas 30 anos depois das cheias no vale do Itajaí: solidariedade, esperança e determinação. Um trio que faz a diferença do povo catarinense.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)
Sou contrário ao financiamento público, porque entendo que esses recursos precisam ser remetidos para setores e temas bem mais importantes. E quanto à questão do voto em lista fechada é a arapuca mais perigosa. E lembro aqui um fato, apenas para acrescentar ao seu discurso, que o voto em lista fechada, até para que o nosso expectador tenha uma ideia, é quando o partido vai lá e coloca dez nomes. E os três eleitos pelo partido, não importa o número de votos, mesmo que tenha sido o décimo da lista, se ele é o primeiro da lista vai entrar para o parlamento.
Aí isso aqui vai virar um balcão de negócios. Partidos políticos que já estão no descrédito da população brasileira, mais de 30 partidos, todos, sem exceção, vão virar balcão de negócios. Um exemplo clássico, é Schroeder, cidade próxima a Joinville. Chega um comerciante e diz que quer ser vereador em Schroeder. Não tenho votos, mas tenho R$ 500 mil para investir na campanha. Agora o meu nome tem que ser o primeiro da lista. Aí o partido elege três, não importa quantos votos ele tenha feito, só o voto dele é suficiente, e ele passa a fazer parte do parlamento da cidade. É um exemplo bastante rude, mas serve para demonstrar no que vai dar uma eventual vitória do voto em lista fechada neste país.
Sr. presidente e srs. deputados, tivemos a oportunidade de acompanhar uma comissão de prefeitos do vale e do alto vale do Itajaí, com o governador Raimundo Colombo. Entre os pleitos quero destacar e salientar a ligação da BR-470 com a BR-116. Duas BRs que cruzam o estado de Santa Catarina, em especial a BR-116 que liga São Paulo a Porto Alegre. Mas também a BR-470 que corta todo o estado de Santa Catarina, do litoral até o meio-oeste catarinense, depois prosseguindo com a BR-282.
A proposta trazida pelos prefeitos da região é de que seja atendido um antigo pleito da comunidade do alto vale do Itajaí, ligando a BR-470 à BR-116, através de Ibirama até Victor Meireles, passando por Santa Terezinha, chegando até Monte Castelo. É uma estrada que já existe, e sua pavimentação está em torno de 50 quilômetros. De fato irá reduzir em pelo menos 100 quilômetros a vinda dos nossos moradores do alto vale do Itajaí, que querem fazer a ligação do alto vale em direção ao Paraná ou mesmo ao Rio Grande do Sul, mas em especial ao planalto norte catarinense.
O governador já despachou para trabalhar no projeto, e esperamos que esse sonho também seja realizado no alto vale do Itajaí, como disse, ligando a BR-470 à BR-116.
Por último, sr. presidente e srs. deputados, preciso fazer menção à sessão especial realizada ontem em homenagem às pessoas que atuaram na enchente de 1983, que completou, no último dia 7, 30 anos.
Essa é uma história que ficou marcada para todos os catarinenses. Um pouco antes, dez anos antes, houve a enchente de Tubarão. Depois, tivemos outros eventos, mas em especial essa enchente de 1983, que foi uma das maiores catástrofes ambientais do século XX, em Santa Catarina, porque durou 32 dias, com pequenas variações do pico que chegou aproximadamente a 15m.
Em Blumenau, foram mais de 40 mil desabrigados, mais de 300 mil pessoas atingidas, cinco mil casas inundadas pelas águas. De fato, Blumenau ficou 70% embaixo d'água. Foram 65 mortes comprovadas e pelo menos R$ 1 bilhão de prejuízos materiais no vale do Itajaí. Embora nascido em Blumenau, nesta época morava em Itajaí, onde também houve enchente. E logo em seguida, na enchente de 1984, eu já estava em Blumenau. Morávamos à rua Amazonas, e a água foi chegando. Tivemos que tirar as coisas rapidamente, e o 23º BI ajudou muito. No outro dia pela manhã estava com papai à beira da rua Amazonas, ficamos abrigados numa garagem na rua Eng. Odebrecht, e passou um canoeiro perguntando se queríamos uma carona. E passamos com a canoa praticamente por cima do telhado da nossa casa, na rua Amazonas. Momentos como esse de isolamento, de angústia, de preocupação, de dúvida - eu tinha na época 17 anos -, ficaram marcados na minha memória.
Papai, pastor evangélico, em uma daquelas noites, à luz de velas, abriu a sua Bíblia no salmo de Davi e leu os versos quatro e cinco, em que o salmista Davi, talvez passando por uma experiência similar a essa, em algum vale de Israel, traduzia muito bem o nosso sentimento daquele momento, quando na lírica hebraica Davi dizia "Ah, se não fosse o senhor que estivesse ao nosso lado, as águas teriam passado sobre nós e teríamos ficado submersos, mas felizmente Deus esteve do nosso lado".
Fica aqui o nosso reconhecimento a todos os que atuaram, em especial os voluntários, os radioamadores, o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar, o 23º BI.
Eram mais de 20 ilhas em Blumenau, pequenos elevados onde serviam alimentação e forneciam medicamentos. E ficam, de fato, o que o ex-governador Esperidião Amin disse com propriedade, na sessão especial de ontem, três palavrinhas que precisam ser relembradas 30 anos depois das cheias no vale do Itajaí: solidariedade, esperança e determinação. Um trio que faz a diferença do povo catarinense.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)