Pronunciamento

Ismael dos Santos - 068ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 04/08/2011
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Sr. presidente, srs. deputados e sra. deputada, quero, deputado Sargento Amauri Soares, seguir a sua linha de raciocínio, já que a temática dessa semana tem sido, pelo menos pelo que foi pautado na imprensa, a segurança pública.
Primeiramente, quero parabenizar v.exa. e a deputada Luciane Carminatti pela audiência pública, realizada ontem, sobre segurança nas rodovias de Santa Catarina. E gostaria de dizer que alguns números de fato preocuparam-nos. Inicialmente houve algumas informações, como a frota de caminhões no estado, que conta com 250 mil veículos, ou seja, é uma frota considerável para Santa Catarina, e de mais de duas mil empresas na área de fretamento e turismo de passageiros. Ontem nos chegou a informação oficial da Polícia Civil sobre 287 Boletins de Ocorrência de roubo de cargas no estado de Santa Catarina. O deputado Reno Caramori, que é da área sabe bem desse desafio.
E não é só isso. Pedro Lopes, presidente da Fetrancesc, comentou a questão do seguro de um caminhão, que gira em torno de R$ 50 mil, para um caminhão que custa R$ 300 mil. Imaginem uma empresa que tem dez caminhões! Praticamente é um caminhão por ano só de seguro!
Como disse muito bem o deputado Sargento Amauri Soares, e eu acompanhei a sua entrevista depois, o que é preciso, de fato, é essa sintonia entre a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Rodoviária Estadual. Há a questão do Paraná: assalta-se um caminhão em Santa Catarina, mas ele passa para o Paraná, que, entretanto, não quer atender. Enfim, há toda essa questão de jurisdição, inclusive interna, no estado de Santa Catarina, quando é uma rodovia federal ou estadual.
Mas, seguindo essa esteira da segurança pública, quero dizer que participei ontem à noite, em Balneário Camboriú, do debate na 18ª Conferência Estadual de Entorpecentes, que reuniu os Comens e Comads de todo o estado, com a presença do secretário César Grubba. Na ocasião, discutimos algumas questões relacionadas à segurança pública e ao binômio drogas e segurança pública.
Deputado Sargento Amauri Soares, durante quatro anos fui membro do Conselho Municipal de Entorpecentes da cidade de Blumenau e sei das dificuldades, das limitações e da determinação dos conselheiros que, quase no anonimato, fazem um trabalho fantástico em Santa Catarina. Infelizmente, muitos municípios acabaram desestruturando os seus conselhos municipais de combate e prevenção às drogas.
Mas no debate, ontem, do qual participei junto com o secretario César Grubba, houve um depoimento emocionante do vice-prefeito de Balneário Camboriú, Cláudio Fernando Dalvesco, que inclusive foi às lágrimas quando falou do seu drama em buscar recuperar o seu filho da questão das drogas.
Depois desse depoimento e do debate, analisamos alguns números com o secretário de Segurança Pública. E ontem mesmo a imprensa catarinense noticiou que foram cometidos 449 assassinatos em Santa Catarina apenas no primeiro semestre de 2011. É um número assustador: 449 homicídios no estado apenas no primeiro semestre! Segundo o Núcleo de Geoprocessamento da secretaria da Segurança Pública do estado de Santa Catarina, desses 449 assassinatos, autores e vítimas, 90% estão na faixa etária de 18 a 24 anos. Disseram também os técnicos da Segurança Pública de Santa Catarina que desses 449 assassinatos quase 95% envolvem o narcotráfico.
Se formos analisar as razões, deputado Sargento Amauri Soares, do envolvimento dos jovens de forma precoce, tendo tolhidas as suas vidas, podemos citar muitas questões, como a dissolução familiar, a inversão de princípios e de valores, o próprio consumismo delirante que, infelizmente, permeia a sociedade na atualidade, sem falar de outras questões, como a própria curiosidade ou a fuga de pressões em casa, no trabalho e na escola. Enfim, há muitas razões que fazem com que os adolescentes e jovens acabem envolvendo-se com o mundo do narcotráfico.
Mas essa é uma aritmética nefasta, que envergonha todos os catarinenses, inclusive nós, parlamentares. Em Santa Catarina, que é conhecido como um estado turístico, um estado de qualidade de vida, chegamos a este número alarmante no primeiro semestre de 2011: 449 assassinatos e, como disse, mais de 90% envolvendo jovens no narcotráfico, em especial na região da Grande Florianópolis, mas também em todo o estado de Santa Catarina.
Por essas e por tantas outras razões é que vamos, sim, continuar trazendo para esta Casa o debate do que de fato o governo precisa fazer. O governo tem sido omisso e tenho dito isso para o governador Raimundo Colombo. Isso é histórico. O governo catarinense e os governos no país de uma forma geral têm sido extremamente omissos na questão do combate e prevenção das drogas. E nós vamos, sim, continuar hasteando essa bandeira no Parlamento catarinense. Já fechamos com a Secretaria Nacional, deputada Luciane Carminatti, e estarão presentes aqui representantes daquele órgão federal no próximo dia 29. Estamos, inclusive, buscando uma parceria com a Câmara Federal e é bem provável que tenhamos a sua participação na audiência pública no dia 29 de agosto, às 10h, aqui na Assembleia Legislativa, para aliarmos forças, juntamente com o Congresso Nacional, na batalha contra as drogas, buscando, de uma forma ou de outra, resgatar os jovens e adolescentes.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)