Pronunciamento

Ismael dos Santos - 038ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 23/04/2014
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Sr. presidente e srs. deputados, quero cumprimentar os catarinenses que assistem a sessão nesta tarde.
Participei, nesta manhã, de uma reunião na comissão de Saúde e, embora não seja membro da mesma, como presidente da comissão de Combate e Prevenção às Drogas, fui convidado pelo deputado Volnei Morastoni para o debate desta manhã.
Foi realizado um diálogo intenso, relevante, que durou mais de duas horas com a Associação Catarinense de Psiquiatria, com o Conselho Estadual de Psicologia, com técnicos do IPQ e Caps de vários municípios e representantes da secretaria de estado da Saúde. Fizemos uma avaliação da rede social em Santa Catarina, tentando fazer uma radiografia dos leitos hoje reservados à saúde mental e, naturalmente, como presidente da comissão de Combate e Prevenção às Drogas, entrou a temática, de forma transversa, da drogadição.
Naturalmente, Santa Catarina ocupa uma posição privilegiada em relação a outros estados, estamos em quinto lugar no atendimento à saúde mental no país, mas numa avaliação interna do estado de Santa Catarina há muito que se fazer, em especial no interior do estado, onde há apenas 85 Caps para 295 municípios. Existe apenas um Caps infantil em Santa Catarina. Há um enorme desafio na questão da saúde mental. E a proposta encaminhada foi criarmos, junto a secretaria da Saúde, uma subcomissão para fazer os encaminhamentos sobre as demandas da saúde mental neste estado.
Eu aproveito ainda, sr. presidente, para fazer menção, nesta tarde - não poderia deixar passar em branco esta data, já que é minha área de formação - ao Dia Internacional do Livro e do Direito do Autor. Esse dia teve origem da Catalunha, na Espanha, em memória ao escritor Miguel de Cervantes, que faleceu no dia 23 de abril de 1600 e que deixou um legado histórico e literário que de fato marcou a história antes e depois do Cervantes com várias obras, em especial Dom Quixote.
Foi na época também, no mês de abril, dez dias depois, segundo os historiadores, que morria o William Shakespeare, famoso dramaturgo inglês. E aí a Unesco instituiu o 23 de abril como o Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor, para assinalar o falecimento desses dois grandes expoentes, essas duas grandes estrelas da literatura mundial, Shakespeare e Cervantes.
Eu estava dando uma olhadinha na realidade brasileira sobre a questão leitura, da produção de livros, mas principalmente da leitura, e alguns dados fornecidos pelo Instituto Pró-Livro são bastante interessantes.
(Passa a ler.)
"O brasileiro, hoje, lê uma média de 2,1 livro por ano. Setenta e cinco por cento da população do país, nunca frequentou uma biblioteca, segundo a Fundação Pró-Livro e pelo Ibope Inteligente.
O número de entrevistados que afirmaram aos pesquisadores cultivar o hábito de ler durante o tempo livre caiu oito pontos percentuais nos últimos quatro anos, de 36% para 24% da população."
Entre as crianças e adolescentes esse dado é ainda mais preocupante. Entre os adolescentes de 14 a 17 anos a média caiu de 6,6 para 5,9 livros, na pesquisa.
É claro que a obrigação de ler um livro pela exigência da escola tem sido uma motivação para que crianças e jovens entrem no mundo da leitura, mas isso não é o suficiente. O próprio Instituto Pró-Livro fez uma pesquisa entre estudantes de escolas públicas do país e nos chamou atenção que de cada 100 alunos, apenas 48 se consideraram leitores. Leitor é aquele que, segundo os dados científicos, leu, pelo menos, um livro nos últimos seis meses. E 16% dos estudantes disseram nunca ter lido um livro. Lamentável essa informação.
Também a pesquisa apontou quem mais influencia um aluno na busca de se tornar um leitor. O professor ou a professora despontam na pesquisa como o maior influenciador, 45% dos alunos foram influenciados a ler um livro graças à motivação vinda de um pedagogo; a mãe ou responsável do sexo feminino, 43%; o pai, de uma forma interessante, cai para 17%; outros parentes, 14%; sugestão de um amigo ou de uma amiga, 12%; sugestão de um padre, pastor ou algum líder religioso, 6%."
São dados que nos levam a refletir sobre os desafios da leitura no país.
De fato, entendemos que as mais de 150 mil escolas públicas que foram avaliadas recentemente no Brasil, principalmente pelo movimento Todos pela Educação, apresentam dados preocupantes, segundo a pesquisa, 62% das escolas municipais têm apenas os serviços essenciais como água, energia e saneamento e, apenas 34% dessas 657 mil escolas têm infraestrutura avançada, o que inclui a área de lazer, biblioteca e a conexão à internet com laboratório. Como dizia o sempre presente escritor Monteiro Lobato, neste Dia Internacional do Livro, faz muito bem a sua mensagem: "Um país se faz com homens e livros".
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)