Pronunciamento

Ismael dos Santos - 018ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 20/03/2013
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Sr. presidente, srs. deputados, sras. deputadas.
Deputado Maurício Eskudlark, depois de uma longa caminhada de pesquisas junto ao Tribunal de Justiça, ao Ministério Público, à Polícia Militar, à Polícia Civil, à Polícia Rodoviária Estadual e à Polícia Rodoviária Federal, concluímos, no dia de ontem, o relatório da Frente Parlamentar de Combate e Prevenção às Drogas, no que diz respeito à dramática, funesta e lamentável combinação entre álcool e volante nas estradas de Santa Catarina.
Em primeira mão, deputado Manoel Mota, que preside esta sessão, quero ler alguns números v que preocupam, mas que apontam algumas soluções. Na verdade, o objetivo desse relatório que estamos entregando aos catarinenses, era avaliar o funcionamento das políticas públicas de repressão e punição aos motoristas infratores, fornecendo também elementos para a sociedade debater o tema, identificar as deficiências e apontar possíveis soluções. Como disse, esse é um relatório que foi acumulado ao longo dos 12 meses de 2012, com abrangência nos 293 municípios do estado.
Há alguns dados interessantes. Por exemplo. Municípios em que a PM tem bafômetro: apenas 73! Portanto, 222 municípios de Santa Catarina não têm bafômetro, deputado Maurício Eskudlark. A Polícia Militar de Santa Catarina tem 124 bafômetros. Apenas 124 unidades de bafômetros!
As Guardas Municipais, existentes em algumas cidades como, por exemplo, Blumenau e Florianópolis, têm apenas sete unidades de bafômetro; a Polícia Rodoviária Estadual tem somente 46 unidades e a Polícia Rodoviária Federal, 54 unidades. Isso significa que temos, nas estradas federais e estaduais, a média de um bafômetro para cada 800km de estradas em Santa Catarina. Já no perímetro urbano, há um bafômetro para cada 29.896 veículos. É muito, muito pouco!
Nesse rápido levantamento junto também ao Poder Judiciário, chegamos à conclusão de que há 3.253 processos para suspensão de CNH em 2012, o que não significa suspensão, apenas o processo para uma eventual suspensão.
Já o Ministério Público Estadual apresentou os seguintes números: 4.326 embriagados, 760 homicídios, sendo 701 com lesões corporais. O Poder Judiciário contabilizou desde 2009 - e fizemos o acompanhamento dos anos de 2010, 2011 e 2012 - 5.300 condenações por crime no trânsito e há 5.419 processos em andamento.
De tudo isso, sras. e srs. deputados, constatamos algumas deficiências:
* Ausência de blitz da Lei Seca, com realização diária em todos os municípios;
* 222 municípios não possuem bafômetro;
* 24 municípios não flagraram nenhum motorista embriagado em 2012;
* 174 municípios flagraram menos de 12 motoristas embriagados durante o ano;
* 3.253 processos de suspensão de CNH foram instalados em 2012.
É o seguinte o ranking negativo das cidades catarinenses, em termos de casos de motoristas flagrados em estado de embriaguez:
* 10º lugar: Balneário Camboriú, com 269 casos;
* 9º lugar: Rio do Sul, com 276 casos;
* 8º lugar: Palhoça, com 288 casos;
* 7º lugar: Chapecó, com 328 casos;
* 6º lugar: Lages, com 371 casos;
* 4º lugar: Jaraguá do Sul, com 460 casos;
* 3º lugar: Brusque, com 472 casos;
* 2º lugar: Florianópolis, com 500 casos; e
* 1º lugar: Blumenau, com 967 casos, infelizmente.
Diante disso, fizemos algumas propostas que rapidamente gostaria de declinar aos srs. deputados e à sociedade catarinense.
* Dotar todos os municípios de equipamentos para aferição de alcoolemia, os bafômetros;
* Implementar operações ostensivas, a famosa blitz da Lei Seca, com ações diárias, com ênfase nos corredores de acesso a casas noturnas e bares, em horários compatíveis com o funcionamento desses estabelecimentos, como mecanismos de repressão e pedagógico;
* Adotar ações permanentes de educação com ênfase aos veículos de comunicação;
* Implementar programas educativos em escolas;
* Implementar programas educativos de trânsito nas empresas;
* Capacitar permanentemente os agentes de fiscalização, com a finalidade de evitar falhas no registro das ocorrências, garantindo a efetiva aplicação das sanções administrativas e judiciais;
* Reforçar o efetivo de servidores responsáveis pelos processos administrativos, garantindo celeridade na aplicação das devidas sanções; e
* Criar um cadastro unificado de estatística de trânsito, integrando todos os municípios com informações de ocorrências, punições administrativas e judiciais, número de infratores e vítimas, com acesso público pela internet.
É claro que sabemos que não cabe ao Legislativo Estadual debater ou propor temas envolvendo a legislação ou mesmo o rigor da legislação. Isso compete ao Congresso Nacional, ao Denatran. Compete, sim, a este Parlamento fiscalizar como estão sendo executadas as políticas de educação, fiscalização e repressão à prática de dirigir alcoolizado. Por fim, averiguar se de fato o estado disponibiliza estrutura para o cumprimento da lei.
Vou passar aos srs. deputados um relatório completo de todos os 293 municípios de Santa Catarina onde eventualmente ocorreu, como disse, essa trágica combinação de álcool e direção.
É mais um passo que a Frente Parlamentar de Combate e Prevenção às Drogas dá no sentido de termos de fato uma Santa Catarina sem drogas, inclusive sem álcool.
Muito obrigado, sr. presidente.
(SEM REVISÃO DO ORADOR)