Pronunciamento

Dirceu Dresch - 063ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 11/08/2015
O SR. DEPUTADO DIRCEU DRESCH - Sr. presidente, quero cumprimentar todos que nos acompanham em nome dos meus mais de 30 anos de militância em movimentos sociais, sindicais e na política na luta pela conquista da democracia, quero, hoje, em nome do meu partido, ler um texto que, entendo, representa um pouco este momento. Estive, na semana passada, em Brasília, acompanhando o desenrolar do debate político naquela capital.
(Passa a ler.)
"Dilma foi eleita no voto, tem legitimidade para governar e não vamos aceitar o golpe. Os golpistas de hoje são os que governaram o país no passado, um passado de inflação alta, de desemprego, de salário menor, de uma economia que ficava de joelhos diante do FMI, e com a infraestrutura do Brasil deteriorada e privatizada.
Nós não privatizamos, geramos recorde de empregos, valorizamos o salário mínimo e criamos programas de inclusão social e econômica que provocaram transformações vitais na nossa sociedade. Na vida há momentos de crise. Há quem aponte o caminho de esperança e os oportunistas que mostram a direção do pessimismo que leva a lugares bem sombrios e conflituosos.
O Brasil passa por um momento conturbado de ajustes econômicos e necessários em virtude da crise econômica internacional. O nosso governo fez tudo o possível para minimizar os efeitos da crise. Temos reservas internacionais e programas para impulsionar a economia como obras de grande porte de infraestrutura e logística. Pode-se ter errado na dose, mas foi na vontade de acertar. O Brasil precisa de estabilidade para enfrentar o atual momento, por isso, cuidado com os oportunistas que querem incendiar a nação em proveito próprio. Temos que repudiar bravamente o vale tudo do golpismo, pois no jogo do quanto pior melhor, é a população, é a nação brasileira, são os mais pobres que são os mais atingidos.
Quanto pior melhor para quem? Eu respondo. É melhor para os banqueiros, para as multinacionais que estão de olho no nosso maior patrimônio que é o petróleo, o pré-sal. É melhor para outras nações que olham atravessado para o crescimento das nossas empresas, para a inserção política e econômica mundial do Brasil.
Por isso, melhor para políticos oportunistas e golpistas que estão atrelados aos interesses obscuros e que não aceitam o resultado democrático das urnas, não aceitam que o filho do trabalhador possa virar doutor, possa ir para o exterior estudar, ter acesso à moradia digna, subsidiada e com panela cheia em casa. Esses pregam o golpe, que pregam o ódio entre as classes sociais e também sonegam da população a informação, sonegam a verdade, o imposto, como está sendo revelado pela Operação Zelotes, onde grandes empresas, inclusive, as do setor de comunicação, sonegaram R$ 19 bilhões em impostos. Valor muito maior que o caso da Petrobras que apurou corrupção de R$ 6 bilhões.
Os golpistas não falam em nome do povo, falam em nome de um pequeno número de brasileiros afortunados que faturam mais de R$ 200 bilhões por ano sem pagar nada de Imposto de Renda. Bilionários que têm suas fortunas protegidas de qualquer taxação há mais de 20 anos graças a lei do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, como bem revelou matéria da revista CartaCapital desta semana.
Senhores e senhoras,é por isso que a reforma tributária e a política não avançam no Brasil. O governo quer, mas esbarra em um Congresso conservador, financiado por quem é beneficiado pelo sistema atual, um sistema que privilegia o rico em detrimento da população que mais precisa. Temos que olhar para o futuro e mudar isso.
Uma reportagem do jornal britânico Financial Times publicada no fim de semana afirma que o principal legado da presidenta Dilma Rousseff é o combate à corrupção e o fortalecimento das instituições. O mundo reconhece isso!
Somos o governo que não aparelhou os órgãos de fiscalização, não nomeamos 'engavetador-geral' da República. Fizemos o contrário, damos independência e estrutura para combater a corrupção. Os envolvidos comprovadamente em ilegalidades, fruto de investigações imparciais, devem ser punidos com o rigor da lei, inclusive os do meu partido, se houver.
Não vamos admitir que golpistas apontem o dedo da corrupção para o Partido dos Trabalhadores, pois somos o governo que mais combateu a corrupção. Mas não concordamos com a politização das investigações em que dinheiro doado ao PT é sujo e o dinheiro doado pela mesma empresa a outro partido é limpo.
Volto a dizer, o Brasil precisa de estabilidade para enfrentar o atual momento. A nação não precisa ser ameaçada por 'pauta-bomba' imposta por uma Câmara Federal irresponsável que acha que dinheiro dá em árvore e aprova projetos que elevam em bilhões os gastos públicos.
O deputado Eduardo Cunha manipula o Legislativo na sua guerra particular contra a presidente Dilma Rousseff e o PT, em favor dos golpistas de plantão e de seu projeto particular.
Cunha quer impor uma pauta vencida, retrógada e absurda. Prefere a insensatez, a virtude de entender que o momento é de unidade e governabilidade em prol do Brasil que distribui riqueza e quer seguir melhorando a qualidade de vida do seu povo."
Era isso, sr. presidente!
Muito obrigado.
(SEM REVISÃO DO ORADOR)