Pronunciamento

Antônio Aguiar - 103ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 23/10/2012
O SR. DEPUTADO ANTÔNIO AGUIAR - Sr. presidente, srs. deputados, sras. deputadas, plateia que nos assiste, comunidade catarinense, quero me reportar hoje, inicialmente, à nossa história catarinense, à história da Guerra do Contestado, essa história que aconteceu no ano de 1912 a 1916. Foi palco de muitas mortes, foi, sem dúvida nenhuma, o maior evento acontecido no Brasil em termos de guerra. E não foram tão bem difundidas as suas ações como na Guerra dos Canudos, no nordeste, descrita por Euclides da Cunha, no seu livro Os Sertões.
Temos, sim, que comemorar esse grande evento que é o centenário da Guerra do Contestado. Fizemos uma sessão solene muito bonita nesta Casa, na semana passada, quando estiveram presentes todos os municípios envolvidos na Guerra do Contestado, e homenageamos os municípios para que a nossa história continuasse a ser lembrada e homenageada.
Nesta semana se comemora a Semana do Contestado. E a parte branca da bandeira do Contestado representa a paz, a parte verde, representa as nossas florestas.
Há 100 anos construímos uma ferrovia que hoje faz parte da antiga Rio/São Paulo, a que passava pelos estados de São Paulo, Curitiba, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Hoje, 100 anos depois, não temos a capacidade de ter a construção de outra ferrovia e, pior, sequer fazer funcionar a existente. Ao contrário, a ALL, empresa concessionária dessa ferrovia, vem vilipendiando a ferrovia, trocando os trilhos bons por trilhos ruins, fazendo com que a qualidade da ferrovia construída há 100 anos caia e ela seja incapaz de fazer com que o tráfego de trens se torne possível.
É por isso que estamos fazendo no planalto norte uma audiência pública com os prefeitos interessados, do ramal de Mafra a Porto União. Portanto, os municípios de Mafra, Canoinhas, Três Barras, Irineópolis e Porto União são os que querem que a rodovia atravesse suas terras e, assim sendo, tem interesse histórico, turístico e comercial. Mas para que essas coisas aconteçam temos que nos organizar, fazer com que, primeiro, a parte turística se encaminhe.
Queremos que a ALL participe dessa parte turística, participe com vagões e uma máquina para que possamos fazer o ramal turístico. Queremos que os empresários também se interessem pela nossa ferrovia fazendo o transporte de pinus, fazendo o transporte de soja, de milho e outros cereais.
Queremos dizer que Santa Catarina e o Brasil precisam, sim, que ferrovias sejam construídas, pois só se fala, só se deixa no papel e nada acontece, e de quem é essa responsabilidade? Primeiro, do governo federal que é o grande responsável pelas ferrovias, pois incrementando o tráfego de ferrovias diminui o número de caminhões, como também fazendo o transporte de carga mais pesada possibilita aliviar o tráfego das nossas rodovias.
Temos certeza de que ferrovia é sim uma solução futura para o Brasil. Estamos começando esse sistema em nossa reunião, estamos começando em nosso estado, e queremos que o governo federal se manifeste e coloque verbas substanciais no orçamento, verba de R$ 1 milhão por ano, para fazer a limpeza da ferrovia. Mas isso se torna quase impossível.
Então, teremos que ter números substanciais. O governo federal, o ministério dos Transportes, têm que se interessar, sim, pelas rodovias no estado de Santa Catarina, bem como a nossa região, a do planalto norte, precisa, sim, de um gasoduto para fazer com que haja maior desenvolvimento das indústrias. Temos matéria-prima para fazer, por exemplo, cerâmica, um grande viés. Mas no momento não podemos competir com São Paulo, por quê? Porque não temos o gás. Então, gasoduto, sim, se faz presente. O gasoduto está lá em Rio Negrinho, então, que se façam os 40 quilômetros até Mafra, os 54 quilômetros até Canoinhas e os 70 quilômetros até Porto União.
Temos certeza de que a SCGás tem condições de entrar neste mercado para ajudar o desenvolvimento do planalto norte, uma vez que o nosso litoral também está de parabéns, porque cada vez mais instalam indústrias que fazem o crescimento e o desenvolvimento da nossa região. E refiro-me à instalação da BMW no estado de Santa Catarina, mais precisamente no município de Araquari, município vizinho a Joinville, município, portanto, que faz parte do litoral.
O governo do estado tem que se preocupar com o planalto norte, que está esquecido. Precisamos, sim, que esses R$ 20 milhões tenham o aporte mais rápido possível na região.
Temos certeza de que o governo do estado não medirá esforços para fazer com que o planalto norte seja lembrado, como lembramos aqui a Guerra do Contestado, e de lá foram retiradas mais de 15 milhões de árvores, imbuias e pinheiros.
O Sr. Deputado Maurício Eskudlark - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO ANTÔNIO AGUIAR - Pois não!
O Sr. Deputado Maurício Eskudlark - Gostaria de saudar v.exa. que representa o estado e especialmente o planalto norte. Como falamos na audiência que v.exa. presidiu a respeito do Contestado, há 100 anos conseguia-se fazer ferrovias neste estado, e hoje com toda a tecnologia disponível temos dificuldade.
Isso é importante para o planalto norte pela questão do escoamento da produção e porque toda a indústria agropecuária do oeste depende dos grãos que vêm da região centro-oeste do Brasil, de Mato Grosso, Goiás etc. Se não tivermos a construção de ferrovias ligando o estado de Santa Catarina com o centro-oeste e outros estados, como Paraná e São Paulo, vamos piorar esse caos no que tange à mobilidade que já existe.
Parabéns pela sua luta em defesa das ferrovias, porque vejo que é mais falta de vontade do que dificuldades. Parabéns pelo posicionamento.
O SR. DEPUTADO ANTÔNIO AGUIAR - Gostaríamos de dizer à comunidade catarinense que a nossa história é rica em elementos. E, como dizia, os 15 milhões de pinheiros e imbuias tirados da nossa região foram substituídos através de reflorestamento por pinus e eucaliptos. Mas é importante que neste espaço de tempo não sejamos esquecidos. Precisamos do apoio do governo federal, estadual e da comunidade.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)