Pronunciamento

Ana Paula Lima - 081ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 10/10/2006
A SRA. DEPUTADA ANA PAULA LIMA - Sr. presidente, sra. deputada, srs. deputados, quero dar continuidade a um assunto sobre o qual falei, inclusive, na semana passada desta tribuna, com alguns dados novos.
Acho que a política tem que ser exercida para transformar a vida das pessoas e transformar para o bem, para a melhoria. Eu também acho que a política deve respeito à ética, à vida e, principalmente, respeito ao ser humano.
Numa campanha eleitoral nós temos que observar que a festa da democracia, ocorrida no dia 1º de outubro, e também o segundo turno, que ocorrerá no dia 29 de outubro, irá passar e as pessoas ficarão e atrás dessas pessoas que se candidataram existem famílias, existem vidas, existe a questão moral que não se pode denegrir.
Então, as campanhas têm que ser feitas com muita ética e, principalmente, com respeito ao ser humano.
Também queria salientar, sra. deputada e srs. deputados, que a verdade é que o presidente Lula, desde o seu primeiro dia de mandato, não governou com tranqüilidade. Foram inúmeras as acusações. Primeiro falavam, depois das eleições, que ele não iria governar, depois falavam em impeachment e, por último, falavam que o Brasil iria quebrar. Foram inúmeras as acusações, mas o Brasil tem dado certo durante esse tempo todo; durante esses três anos e dez meses o governo do presidente Lula tem dado muito certo.
Da mesma forma, quero aqui registrar que é a primeira vez na história do Brasil que um candidato à Presidência da República vai a um debate. Isso nós temos que registrar, porque houve outros candidatos a Presidência da República que nunca participaram de um debate. Então, eles não têm que fazer esse tipo de crítica.
Quanto ao debate quero aqui salientar o seguinte:
(Passa a ler)
"O debate entre o candidato Lula e o candidato Alckmin, realizado pela Rede Bandeirantes, inaugurou oficialmente o segundo turno da campanha presidencial. É o primeiro de vários que deverão ocorrer daqui para frente até o dia 26 de outubro, data que a legislação eleitoral estabelece como sendo a última para a realização de eventos desse tipo.
O debate serviu como 'amostra' do que será o segundo turno das eleições: muita agressividade por parte da direita, debate sobre corrupção, comparação de governos e confronto entre diferentes visões de programa para o Brasil.
É importante destacar, em primeiro lugar, que Alckmin não está à altura de assumir a Presidência da República do nosso Brasil. Alckmin não conhece o Brasil. Alckmin não conhece os grandes problemas nacionais. O discurso de Alckmin ou Geraldo, que mudaram agora, não é mais Alckmin, é Geraldo, é ensaiado.
Nas perguntas, nas respostas, nas réplicas ou nas tréplicas, Alckmin sempre repete chavões. Seu truque é a velocidade: são tantas as palavras, são tantas as mentiras, são tantas as acusações, são tantas as bravatas que o telespectador não consegue acompanhar! Por causa da velocidade com que ele fala e da velocidade de mentiras também que ele fala. Por exemplo: Alckmin fala que vai cortar gastos. Quando se pergunta quais gastos, ele responde: gastos com corrupção, com comissionados, com a ineficiência e com licitações mal feitas. Essa resposta é como o ditado: por fora bela viola, por dentro pão bolorento.
Os gastos que Geraldo ou Alckmin quer cortar são sim, deputado Dionei Walter da Silva, os investimentos sociais que cresceram durante o governo do presidente Lula, como, por exemplo, o nosso Bolsa Família, um programa do governo federal.
Claro que ele não pode falar isso abertamente, como também não pôde falar que, se ele fosse eleito presidente, retomaria o programa de privatizações. Vamos lembrar o ano de 1994: FHC por acaso falou que iria privatizar a Vale do Rio Doce?
Por mais que tenha ensaiado, Alckmin não pode mudar a realidade.
Foi no governo FHC que o Brasil viveu o 'apagão'. O ministro do 'apagão' foi José Jorge, que hoje é candidato a vice-presidente juntamente com Alckmin.
Ao contrário do que disse Alckmin, não foi a falta de chuvas que causou o apagão. Foi a falta de investimentos, as privatizações e a incompetência administrativa do governo do PSDB.
Foi no governo de Alckmin que o PCC apareceu. Foi no governo de Alckmin que a Febem explodiu.
Como pode falar em segurança quem tem esse currículo de PCC e a explosão da Febem? Como pode falar em combate à corrupção quem articulou o arquivamento de 69 Comissões Parlamentares de Inquérito? Como pode falar de sanguessugas quem contratou Barjas Negri como secretário da habitação?
Como pode falar em escândalo um homem que esteve à frente das privatizações no estado de São Paulo? Como pode falar em choque de gestão quem deixou um rombo nas contas públicas do estado de São Paulo?
Alckmin não pode discutir o passado, porque os oito anos do governo de FHC e os 12 anos dos tucanos no governo de São Paulo constituem um desastre administrativo, social e econômico.
Basta dizer: enquanto os tucanos dependiam de empréstimos do Fundo Monetário Internacional para poder fechar as contas do país, no governo Lula o Brasil não deve mais ao FMI.
Alckmin também não pode discutir o presente, porque os números favorecem o governo do presidente lula: inflação em queda, juros em queda, dívida pública em queda, crédito mais barato, mais emprego, mais salário mínimo, mais políticas sociais.
Basta dizer: em três anos e dez meses, cerca de 40 milhões de pessoas são beneficiadas com o programa Bolsa Família. Só em São Paulo, são mais de 1,1 milhão de famílias beneficiadas pelo programa Bolsa Família.
Enquanto isso, depois de 12 anos de governo estadual tucano, há apenas 170 mil famílias beneficiadas pelo Renda Cidadã, do governo Geraldo Alckmin, o principal 'programa' social do governo estadual de Geraldo Alckmin.
Alckmin deve achar que ser presidente da República é igual a ser delegado de polícia ou promotor. Não é. Presidente da República é uma coisa muito maior. Mas não é preciso ser delegado de polícia nem presidente da República para perceber algo muito óbvio: o maior beneficiário do escândalo do dossiê chama-se Geraldo Alckmin.
O papel do presidente da República é, por exemplo, o de escolher um procurador-geral da República que não engavete processos, como ele fez quando era governador de São Paulo, mesmo que sejam processos contra pessoas importantes do próprio governo. Isso Lula fez.
Apesar da baixaria cometida pelo candidato tucano, ficou clara a existência de importantes divergências programáticas entre as candidaturas de Lula e de Alckmin. Por exemplo: a ênfase nas políticas sociais, inclusive na educação. A crítica às privatizações feitas no governo FHC. A relação com a nossa juventude. Uma política externa soberana, que não siga as orientações dos Estados Unidos.
Talvez a principal dessas divergências tenha ficado clara quando o presidente Lula, respondendo às cobranças hipócritas do candidato tucano, disse: 'Não queira que, em quatro anos, eu conserte o que vocês fizeram de errado durante quatro séculos'."
O Sr. Deputado Djalma Berger - V.Exa. me concede um aparte?
A SRA. DEPUTADA ANA PAULA LIMA - Eu já lhe concedo um aparte, deputado.
Então, sr. presidente e srs. parlamentares, fica uma pergunta aqui no ar: enquanto no governo federal todas as CPIs foram instaladas, no governo do estado de Santa Catarina e também no governo do estado de São Paulo todas as CPIs foram engavetadas!
Querem saber também, srs. deputados, a origem do dinheiro que foi encontrado através do dossiê: R$ 1,7 milhão. Mas aqui em Santa Catarina, deputado Djalma Berger, mais de R$ 2 milhões foram encontrados no apartamento de um funcionário da Secretaria da Fazenda e nada foi investigado. Por isso eu peço, sim, que seja instalada uma CPI, a fim de que seja investigada a secretaria de estado da Fazenda.
Nós, catarinenses, queremos saber a origem desses mais de R$ 2 milhões encontrados no apartamento em Florianópolis de um ex-funcionário da secretaria da Fazenda! E a imprensa está isenta nesse episódio! Ou a imprensa não sabe o que está acontecendo no estado de Santa Catarina ou ela foi paga para ficar quieta. Mas nós, catarinenses, e nós, parlamentares, temos o direito e o dever de dizer ao povo catarinense de onde veio esse dinheiro.
Muito obrigada!
(SEM REVISÃO DA ORADORA)