Pronunciamento

Ana Paula Lima - 026ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 08/04/2009
A SRA. DEPUTADA ANA PAULA LIMA - Sr. presidente, quero cumprimentar os colegas deputados, o público que nos acompanha pela TVAL e pela Rádio Digital Alesc, quem também nos dá o prazer da visita ao Parlamento catarinense, a esta Casa, que é a Casa de Leis, a Casa para servir ao povo de Santa Catarina.
Quero falar, sr. presidente e srs. parlamentares, sobre um assunto que vem sendo discutido há muito tempo, no mundo inteiro, por diversas pessoas, diversas autoridades que, infelizmente, têm ouvidos que não querem escutar.
Eu também queria mencionar que o mundo e nós, catarinenses, acompanhamos, com muita tristeza e apreensão, o terremoto que abalou o centro da Itália. As notícias divulgadas dão conta de que já há mais de 260 mortos e milhares de feridos.
Eu quero aqui expressar a nossa solidariedade, a solidariedade do povo brasileiro, do povo catarinense aos nossos irmãos e irmãs que sofrem neste momento com aquela tragédia na Itália. Também unimos os nossos sentimentos às famílias de descendentes de italianos que vivem no estado de Santa Catarina. Todos nós sabemos da importância da colonização italiana, que contribuiu para a construção do nosso país e também do nosso estado.
Os meios de comunicação informaram, na tarde de ontem, que semanas antes do terremoto ocorrido na Itália um cientista italiano, o sismólogo Giocchino Giuliani, previu esse grande acontecimento. Ele previu que iriam acontecer esses tremores na Itália e que ocorreriam nos arredores de Áquila, baseado na concentração do gás radônio, em áreas passíveis de terremoto. E Áquila foi justamente a região da Itália mais afetada.
Esse sismólogo, esse cientista, foi notificado pela polícia por espalhar temor à população e foi forçado, srs. parlamentares, a retirar das páginas da internet as preocupações que tinha, no sentido de que iria ocorrer aquele terremoto naquela região. Ele foi induzido a isto, a retirar essas preocupações e a não falar mais sobre o possível terremoto.
A Agência de Defesa Civil da Itália reafirmou aos moradores dos municípios daquela região, no fim de março, que aqueles tremores que as pessoas sentiam, na Itália, eram normais, aconteciam, eram comuns naquelas regiões sismicamente muito ativas.
Faço esse relato do acontecido para que possamos refletir e estar atentos aos recados que a natureza tem-nos apresentado a todo o momento e em todos os lugares do mundo. Agora foi na Itália, mas até quero lembrar o furacão Katrina, nos Estados Unidos, que devastou a cidade de New Orleans; o tsunami, que atingiu uma região da Ásia e a costa leste da África, no final do ano de 2004, destruindo cidades inteiras e matando milhares de pessoas em diversos países.
São recados que nós, em Santa Catarina, também recebemos e estamos recebendo a todo o momento. Pela primeira vez, na história recente, o nosso estado sofreu a ação de um furacão, que atingiu toda a região sul, principalmente as cidades de Criciúma, Laguna e Araranguá.
No final do ano passado, srs. deputados, sofremos com as enchentes, com as enxurradas, com os deslizamentos, na região do vale do Itajaí e no norte do estado de Santa Catarina, quando 130 pessoas morreram. As pessoas perderam suas casas, perderam suas safras; os agricultores perderam os seus terrenos, as pequenas empresas foram destruídas. E as pessoas ainda estão sofrendo! Inclusive, na região do vale do Itajaí existem muitas em abrigos provisórios ainda.
No mês de março ocorreu um tornado no planalto, na região de Lages, na região de Ponte Alta; foi algo devastador. E agora, srs. parlamentares, deputado Elizeu Mattos, mais uma vez nos preocupa a seca na região oeste do estado.
Esses são os recados da natureza que não queremos ouvir. Não estamos atentos para essas lembranças. A região oeste está sofrendo, está sendo castigada; o nosso trabalhador do campo, o nosso agricultor, as pessoas que moram nas cidades estão sofrendo com a seca na região oeste de Santa Catarina. E eu já mencionei isso na semana passada.
Precisamos, senhoras e senhores, pensar no mundo que queremos e precisamos, sim, pensar no futuro que queremos. Algumas coisas me causam estranheza e somam-se a um conjunto de contradições que não tem explicação. Por exemplo, deputado Décio Góes, a senadora Ideli Salvatti levou ao nosso secretário nacional da Defesa Civil, sr. Roberto Guimarães, uma solicitação que recebeu do prefeito em exercício de Chapecó, sr. José Caramori, do Democratas. Vejam bem! Pediu apoio do governo federal para o Programa de Proteção da Mata Ciliar. O prefeito de Chapecó, do Democratas, está pedindo dinheiro ao governo federal para fazer a proteção da mata ciliar. O que é mais grave ainda, deputado Décio Góes: pediu dinheiro também para comprar caminhão-pipa, para abastecer as casas da cidade.
E a resposta que temos vem em forma de pergunta. Como aprovaram nesta Casa, depois dessa desgraça toda no estado de Santa Catarina e no mundo, em função do aquecimento global, um Código Ambiental que diminui a mata ciliar? E o prefeito de Chapecó, do Democratas, e seus pares nesta Casa votaram a favor do Código Ambiental. Querem destruir a natureza e depois querem o dinheiro do governo federal para fazer a proteção da mata ciliar! Que contradição! E buscam recursos para isso! E chegamos ao absurdo da necessidade de buscar caminhões-pipa para levar água para a cidade.
Srs. deputados, o Código Ambiental de Santa Catarina foi aprovado nesta Casa mais como um ato de insubordinação à legislação federal do que como uma política de resolução dos problemas dos nossos agricultores. São antagonismos que precisam ser resolvidos: somos responsáveis pelo aquecimento global que coloca risco a vida da humanidade e, ao mesmo tempo, achamos que podemos continuar a destruir o que ainda resta da natureza.
A natureza, em todos os momentos, srs. parlamentares e povo catarinense, apresenta-nos recados. Mas, infelizmente, nesta Casa esses recados são ignorados. Precisamos fazer a nossa lição de casa e dizer aos que desrespeitam e que nos credenciam também a cometer erros de que outras tragédias virão.
Quero aqui ler um provérbio que diz o seguinte: "Somente quando for cortada a última árvore, pescado o último peixe e poluído o último rio é que as pessoas vão perceber que não podem comer dinheiro.".
Está dado o recado!
Muito obrigada!
(SEM REVISÃO DA ORADORA)