Pronunciamento
Ana Paula Lima - 039ª SESSÃO ORDINÁRIA
Em 24/05/2006
A SRA. DEPUTADA ANA PAULA LIMA - Sr. presidente, sras. deputadas, srs. deputados, público que nos acompanha através da TVAL e da Rádio Alesc Digital, senhores e senhoras presentes nas galerias da Assembléia Legislativa, no Parlamento catarinense.
(Passa a ler)
"Mostrar, através de nossos exemplos, a diferença do certo e do errado, é uma das principais missões de pais e mães para com seus filhos.
Ensinamos nossas crianças a fazer as escolhas adequadas e também ensinamos, inclusive com base religiosa, que a consciência de cada um é o seu juiz. Poder descansar a cabeça no travesseiro e ter um sono tranqüilo é um privilégio dos justos.
Na semana passada, sr. presidente, tivemos um exemplo de quanto pode pesar uma consciência, levar um homem de 70 anos de idade ao que ele mesmo chamou de catarse, ao admitir o erro do grupo ao qual pertence, fazer uma crítica pública e pedir o fim da hipocrisia.
Srs. deputados, eu falo do governador do estado de São Paulo Cláudio Lembo, histórico da Arena e um dos fundadores do PFL. Em meio à terrível onda de ataques criminosos ocorridos naquele estado, com a morte de 154 pessoas, na semana passada, Cláudio Lembo desabafou para a imprensa e disse literalmente estar cansado do que definiu de 'minoria branca muito perversa' e de 'burguesia muito má' que formam as elites brasileiras.
Lamentavelmente, pelo menos um catarinense foi alvo direto das críticas do governador de São Paulo. Sem citar nomes, o governador fez referência ao presidente do PFL, o senador Jorge Bornhausen, que dias antes assinara um artigo na imprensa novamente criticando o PT e o governo Lula de forma discriminatória e de forma nazista.
Bornhausen reafirmou que não vê a hora 'de se livrar dessa raça'. Esse tom, essa forma desrespeitosa do senador Bornhausen e de todos aqueles que Cláudio Lembo acusa de protestarem de dentro de suas casas confortáveis e de seus gabinetes luxuosos é fruto, diz o governador, da formação histórica do nosso Brasil.
Cláudio Lembo, com a sinceridade de quem chegou ao limite da sua consciência, diz que o Brasil é um país cínico e que por isso decidiu, segundo anunciou, 'falar a verdade, doa a quem doer, destruindo a quem destruir', numa clara referência àqueles que se referem ao povo como essa raça, a exemplo do senador Bornhausen.
Enquanto o senador diz que só com o fim do governo Lula o Brasil poderá fazer as escolhas democráticas, para o governador do mesmo PFL, se depender da vontade dos caciques do seu partido, esses só vão desembarcar do poder daqui a outros 500 anos.
A burguesia, recomenda Lembo, deve ficar quietinha e pensar muito no que ela fez para este país, ou seja, foi preciso uma desgraça da proporção da que aconteceu em São Paulo para que um pefelista caísse na real, não mais suportasse o peso da sua consciência e dissesse a verdade, cortando inclusive na própria carne.
Dias depois, Cláudio Lembo reconheceu que o PFL ficou constrangido com as suas declarações, mas manteve tudo, rejeitando as desculpas de alguns que desqualificaram as suas palavras, dizendo serem frutos de um homem abalado. 'Sempre penso antes de falar', esclareceu o governador de São Paulo.
Por isso, sr. presidente e srs. deputados, deve-se admitir, até que enfim a direita deixa a sua máscara cair e um pefelista assume o discurso que nós, da esquerda e do Partido dos Trabalhadores, temos feito todos esses anos.
Cláudio Lembo disse que o efeito da onda criminosa para ele foi o choque da realidade. Por isso não aceita mais pessoas ostentando casas e boa vida, resultado de falcatruas, fazendo-se donas do mundo, enquanto também deveriam estar presas, referindo-se às elites.
A mesma elite, sr. presidente, que em muitos contatos relatados por Cláudio Lembo pediu que usassem a força policial para reeditar o Carandiru, usando o massacre para abafar a onda comandada pelo PCC e assim evitar os prejuízos para a candidatura do seu antecessor, sr. Geraldo Alckmin, que vai disputar a Presidência da República do Brasil.
Sobre esse pedido da elite para que usasse o dente por dente, do pedido que adotasse a lei de Talião, o governador Cláudio Lembo diz que rejeitou por considerar uma loucura e uma estupidez. Com sua consciência em paz, ele diz que se perguntou como poderia fazer algo ignorando os direitos humanos e a integridade das pessoas só para proteger ricos e famosos.
Como poderia, disse Cláudio Lembo, ficar aliado a uma elite econômica ou à pequena burguesia, à qual diz pertencer, se sua consciência só viu deformações sociais e que agora, com 71 anos, não pode mais suportar.
Por isso, na opinião do governador de São Paulo e também bandeira do PT e de todo o povo brasileiro, está na hora da bolsa da burguesia ser aberta para sustentar a miséria social brasileira, no sentido de haver mais empregos, mais educação, mais solidariedade, mais diálogo, mais reciprocidade de situações.
Lembo diz que chegou o momento da elite do PFL e do PSDB lembrar que quando os escravos foram libertados, a indenização foi para os senhores das fazendas e não para os negros e que hoje esses herdeiros dos senhores da casa grande continuam explorando a sociedade, explorando os seus serviçais e o povo e explorando os serviços públicos como se fossem da sua propriedade.
Sr. presidente, quem dera que a consciência de mais pefelistas e mais tucanos também pesasse a não poder mais. Que a exploração do povo, que o atendimento dos interesses espúrios e das elites pudesse atacar a consciência de mais e mais lideranças, para que pedissem desculpas pelo seu pecado e deixassem de manipular a mídia, de fazer ataques vazios e, principalmente, desistissem de querer enlamear o governo Lula, a gestão de um operário num país onde os donos da riqueza não se conformam em ver um homem do povo, eleito pelo povo, cuidar daqueles que realmente precisam.
Não sei se crises de realidade como a que sofreu Cláudio Lembo são desculpas para um recomeço, com esquecimento de todo o mal que homens como ele têm feito em toda a história brasileira. Não sei se o senador Bornhausen encontraria a paz admitindo que foi um filhote da ditadura e que não tem as credenciais para falar de democracia. Mas sei que o Brasil será melhor, sim, quando a direita desistir de tentar enganar o povo, querendo responsabilizar o PT pelas profundas diferenças sociais que resultam hoje em situações como as vividas em São Paulo.
O PSDB já percebeu que não adianta atacar os programas sociais do governo Lula. E depois de vermos tucanos e pefelistas, aqui mesmo neste plenário, atacarem o programa Bolsa Família, recebemos a notícia de que o PSDB vai incluir esse programa entre os compromissos do seu candidato à Presidência da República.
Perceberam que criticar o que é bom não é boa estratégia com o povo. Perceberam que o PT - essa raça, como diz Bornhausen - ganhou a confiança da nação governando para as pessoas. E estão com medo dessa raça continuar governando o Brasil. Temem que essa raça mais uma vez sobreviva antes que consigam fazer o que pretendem ser uma versão nacional da limpeza étnica promovida pelos nazistas."
Eu digo isso, sr. presidente, com muita felicidade, porque foi o governador do PFL, governando São Paulo, que fez essas declarações com o peso na sua consciência, inclusive atacando segmentos do seu partido. Fico feliz por ele ter tido esse problema de consciência e avisado a todo o nosso Brasil o que está acontecendo e o que eles querem fazer com o nosso país.
Fico mais feliz ainda, sr. presidente, deputado Pedro Baldissera, v.exa. que é membro do Partido dos Trabalhadores, que a pesquisa de hoje, da CNT/Sensus, diz que para presidente da República em primeiro turno o presidente Lula, no mês de abril, estava com 37,5% e que hoje, no mês de maio, está com 40,5%; que o candidato do PSDB, sr. Alckmin, no mês de abril, estava com 20,6% e que hoje, no mês de maio, está com 18,7%, e que também o candidato do PMDB na época, Antony Garotinho, estava com 15% e que hoje está com 11,4%. E os indecisos ainda têm a possibilidade, sr. presidente, de verificar que Brasil está sendo governado por um operário que tem, sim, respeito pela população e pelas pessoas e está governando pelos que mais precisam.
Eu tenho certeza, sr. presidente, de que o Brasil está no caminho certo e de que não podemos deixar essa burguesia, essa elite dominante estragar todos os programas sociais que o presidente Lula comanda.
Muito obrigada!
(SEM REVISÃO DA ORADORA)
(Passa a ler)
"Mostrar, através de nossos exemplos, a diferença do certo e do errado, é uma das principais missões de pais e mães para com seus filhos.
Ensinamos nossas crianças a fazer as escolhas adequadas e também ensinamos, inclusive com base religiosa, que a consciência de cada um é o seu juiz. Poder descansar a cabeça no travesseiro e ter um sono tranqüilo é um privilégio dos justos.
Na semana passada, sr. presidente, tivemos um exemplo de quanto pode pesar uma consciência, levar um homem de 70 anos de idade ao que ele mesmo chamou de catarse, ao admitir o erro do grupo ao qual pertence, fazer uma crítica pública e pedir o fim da hipocrisia.
Srs. deputados, eu falo do governador do estado de São Paulo Cláudio Lembo, histórico da Arena e um dos fundadores do PFL. Em meio à terrível onda de ataques criminosos ocorridos naquele estado, com a morte de 154 pessoas, na semana passada, Cláudio Lembo desabafou para a imprensa e disse literalmente estar cansado do que definiu de 'minoria branca muito perversa' e de 'burguesia muito má' que formam as elites brasileiras.
Lamentavelmente, pelo menos um catarinense foi alvo direto das críticas do governador de São Paulo. Sem citar nomes, o governador fez referência ao presidente do PFL, o senador Jorge Bornhausen, que dias antes assinara um artigo na imprensa novamente criticando o PT e o governo Lula de forma discriminatória e de forma nazista.
Bornhausen reafirmou que não vê a hora 'de se livrar dessa raça'. Esse tom, essa forma desrespeitosa do senador Bornhausen e de todos aqueles que Cláudio Lembo acusa de protestarem de dentro de suas casas confortáveis e de seus gabinetes luxuosos é fruto, diz o governador, da formação histórica do nosso Brasil.
Cláudio Lembo, com a sinceridade de quem chegou ao limite da sua consciência, diz que o Brasil é um país cínico e que por isso decidiu, segundo anunciou, 'falar a verdade, doa a quem doer, destruindo a quem destruir', numa clara referência àqueles que se referem ao povo como essa raça, a exemplo do senador Bornhausen.
Enquanto o senador diz que só com o fim do governo Lula o Brasil poderá fazer as escolhas democráticas, para o governador do mesmo PFL, se depender da vontade dos caciques do seu partido, esses só vão desembarcar do poder daqui a outros 500 anos.
A burguesia, recomenda Lembo, deve ficar quietinha e pensar muito no que ela fez para este país, ou seja, foi preciso uma desgraça da proporção da que aconteceu em São Paulo para que um pefelista caísse na real, não mais suportasse o peso da sua consciência e dissesse a verdade, cortando inclusive na própria carne.
Dias depois, Cláudio Lembo reconheceu que o PFL ficou constrangido com as suas declarações, mas manteve tudo, rejeitando as desculpas de alguns que desqualificaram as suas palavras, dizendo serem frutos de um homem abalado. 'Sempre penso antes de falar', esclareceu o governador de São Paulo.
Por isso, sr. presidente e srs. deputados, deve-se admitir, até que enfim a direita deixa a sua máscara cair e um pefelista assume o discurso que nós, da esquerda e do Partido dos Trabalhadores, temos feito todos esses anos.
Cláudio Lembo disse que o efeito da onda criminosa para ele foi o choque da realidade. Por isso não aceita mais pessoas ostentando casas e boa vida, resultado de falcatruas, fazendo-se donas do mundo, enquanto também deveriam estar presas, referindo-se às elites.
A mesma elite, sr. presidente, que em muitos contatos relatados por Cláudio Lembo pediu que usassem a força policial para reeditar o Carandiru, usando o massacre para abafar a onda comandada pelo PCC e assim evitar os prejuízos para a candidatura do seu antecessor, sr. Geraldo Alckmin, que vai disputar a Presidência da República do Brasil.
Sobre esse pedido da elite para que usasse o dente por dente, do pedido que adotasse a lei de Talião, o governador Cláudio Lembo diz que rejeitou por considerar uma loucura e uma estupidez. Com sua consciência em paz, ele diz que se perguntou como poderia fazer algo ignorando os direitos humanos e a integridade das pessoas só para proteger ricos e famosos.
Como poderia, disse Cláudio Lembo, ficar aliado a uma elite econômica ou à pequena burguesia, à qual diz pertencer, se sua consciência só viu deformações sociais e que agora, com 71 anos, não pode mais suportar.
Por isso, na opinião do governador de São Paulo e também bandeira do PT e de todo o povo brasileiro, está na hora da bolsa da burguesia ser aberta para sustentar a miséria social brasileira, no sentido de haver mais empregos, mais educação, mais solidariedade, mais diálogo, mais reciprocidade de situações.
Lembo diz que chegou o momento da elite do PFL e do PSDB lembrar que quando os escravos foram libertados, a indenização foi para os senhores das fazendas e não para os negros e que hoje esses herdeiros dos senhores da casa grande continuam explorando a sociedade, explorando os seus serviçais e o povo e explorando os serviços públicos como se fossem da sua propriedade.
Sr. presidente, quem dera que a consciência de mais pefelistas e mais tucanos também pesasse a não poder mais. Que a exploração do povo, que o atendimento dos interesses espúrios e das elites pudesse atacar a consciência de mais e mais lideranças, para que pedissem desculpas pelo seu pecado e deixassem de manipular a mídia, de fazer ataques vazios e, principalmente, desistissem de querer enlamear o governo Lula, a gestão de um operário num país onde os donos da riqueza não se conformam em ver um homem do povo, eleito pelo povo, cuidar daqueles que realmente precisam.
Não sei se crises de realidade como a que sofreu Cláudio Lembo são desculpas para um recomeço, com esquecimento de todo o mal que homens como ele têm feito em toda a história brasileira. Não sei se o senador Bornhausen encontraria a paz admitindo que foi um filhote da ditadura e que não tem as credenciais para falar de democracia. Mas sei que o Brasil será melhor, sim, quando a direita desistir de tentar enganar o povo, querendo responsabilizar o PT pelas profundas diferenças sociais que resultam hoje em situações como as vividas em São Paulo.
O PSDB já percebeu que não adianta atacar os programas sociais do governo Lula. E depois de vermos tucanos e pefelistas, aqui mesmo neste plenário, atacarem o programa Bolsa Família, recebemos a notícia de que o PSDB vai incluir esse programa entre os compromissos do seu candidato à Presidência da República.
Perceberam que criticar o que é bom não é boa estratégia com o povo. Perceberam que o PT - essa raça, como diz Bornhausen - ganhou a confiança da nação governando para as pessoas. E estão com medo dessa raça continuar governando o Brasil. Temem que essa raça mais uma vez sobreviva antes que consigam fazer o que pretendem ser uma versão nacional da limpeza étnica promovida pelos nazistas."
Eu digo isso, sr. presidente, com muita felicidade, porque foi o governador do PFL, governando São Paulo, que fez essas declarações com o peso na sua consciência, inclusive atacando segmentos do seu partido. Fico feliz por ele ter tido esse problema de consciência e avisado a todo o nosso Brasil o que está acontecendo e o que eles querem fazer com o nosso país.
Fico mais feliz ainda, sr. presidente, deputado Pedro Baldissera, v.exa. que é membro do Partido dos Trabalhadores, que a pesquisa de hoje, da CNT/Sensus, diz que para presidente da República em primeiro turno o presidente Lula, no mês de abril, estava com 37,5% e que hoje, no mês de maio, está com 40,5%; que o candidato do PSDB, sr. Alckmin, no mês de abril, estava com 20,6% e que hoje, no mês de maio, está com 18,7%, e que também o candidato do PMDB na época, Antony Garotinho, estava com 15% e que hoje está com 11,4%. E os indecisos ainda têm a possibilidade, sr. presidente, de verificar que Brasil está sendo governado por um operário que tem, sim, respeito pela população e pelas pessoas e está governando pelos que mais precisam.
Eu tenho certeza, sr. presidente, de que o Brasil está no caminho certo e de que não podemos deixar essa burguesia, essa elite dominante estragar todos os programas sociais que o presidente Lula comanda.
Muito obrigada!
(SEM REVISÃO DA ORADORA)