Pronunciamento

Ada De Luca - 017ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 16/03/2011
A SRA. DEPUTADA ADA DE LUCA - Sr. presidente em exercício, deputado Moacir Sopelsa, caros colegas, público que nos acompanha pela TVAL e pela Rádio Alesc Digital.
(Passa a ler.)
"Os olhos do mundo estão voltados para a tragédia que assolou o Japão, com tsunami, terromotos, explosão e vazamentos na usina nuclear de Fukushima, nestes últimos dias.
A solidariedade e a colaboração humanitária de outros países, como a China, os Estados Unidos e, inclusive, o Brasil, começam a chegar para ajudar nas buscas de sobreviventes, para a reconstrução daquele país.
Para os japoneses, reconstruir suas casas, ruas, cidades, lojas e empresas será menos difícil, pois eles são dedicados, guerreiros e detêm grande conhecimento de tecnologias avançadas, além de terem a experiência da reconstrução de pós-guerra e das duas bombas de Hiroshima e Nagasaki, duas situações que também arrasaram o Japão.
O difícil será recompor essas almas sofridas que perderam os parentes para o tsunami, e que agora vêem milhares de irmãos à mercê da contaminação pela radiação dos gases expelidos pelos reatores nucleares. Essa será a parte mais difícil para um povo que tem como tradição o culto à família, desde os seus ancestrais.
Desse triste momento que o mundo vivencia, temos que tirar lições e mostrar ao mundo científico que ao se desenvolver novas tecnologias elas têm que primar, em primeiro lugar, pela preservação da segurança e da saúde do ser humano, pois a vida tem valor inestimável.
O ponto de debate, hoje, no mundo inteiro é a desativação das usinas nucleares, como está acontecendo na Alemanha. Prestem atenção, é motivo de debate no mundo inteiro, onde a população faz protesto. Na Alemanha, inclusive, foi feita uma fila com 30km de pessoas de mãos dadas pedindo o fechamento de uma usina nuclear.
Já no Brasil, caros colegas, como cidadãos e como representantes do povo, eleitos que fomos deputados estaduais, juntamente com os deputados federais, os nossos senadores, e a presidente da República, temos que estar atentos ao momento em que o presidente da comissão de Energia da Câmara dos Deputados, em entrevista nacional em cadeia de rádio e televisão, informou que está na comissão o projeto para construção de mais três usinas nucleares no país.
Será que nós, brasileiros, estamos caminhando no sentido contrário da história? Fica essa pergunta no ar para as pessoas de responsabilidade, para as pessoas que realmente são patriotas e pensam no seu país. Quando se discute e debate-se sobre a desativação, aqui se discute a implantação de mais usinas nucleares no solo brasileiro. Não temos que discutir primeiramente a segurança das já existentes em Angra dos Reis? Deixo essa pergunta também no ar.
Esse desastre todo é muito recente e não temos ainda dados e informações precisas do reflexo dessa tragédia para todo o globo terrestre e para a economia mundial. Mas quero fazer um exercício de reflexão com os srs. deputados e com as sras. deputadas sobre a seguinte questão: qual o reflexo na nossa economia, considerando as exportações de minério de ferro para o Japão, deputado Moacir Sopelsa, no ano de 2011, que atingiram mais de US$ 7 milhões, o que representa quase 46% da nossa receita?
Depois do minério de ferro, a segunda maior receita de exportação, deputado Moacir Sopelsa, é da carne de frango, que representou quase 13% da receita total, num valor de US$ 906 milhões.
E quero destacar a exportação de carne de frango, pois exportadores, hoje, manifestam que esse setor não será afetado, como o minério de ferro, por ser um alimento básico, devendo, inclusive, ocorrer um aumento nas exportações.
Será que iremos ver novamente esse filme de priorizar a exportação e o lucro, em detrimento da nossa população, podendo haver desabastecimento no Brasil, aumento do valor do produto e, consequentemente, inflação?
Considerando as perdas das safras agrícolas para o tsunami e as perdas em razão da contaminação dos vazamentos da usina nuclear, que atingem desde os mananciais de água, até a agropecuária e toda a cadeia alimentar, como será abastecida aquela população, que é uma das maiores do mundo?
Outro questionamento que tenho e quero compartilhar com os colegas e a população é o seguinte: para onde irá aquele lixo todo, inclusive o nuclear? Por enquanto não temos respostas. Como disse, é tudo muito recente, mas temos a obrigação, como cidadãos, como gente que pensa no futuro, de buscar respostas.
Quero aproveitar esta oportunidade para prestar a minha solidariedade à colônia japonesa que vive em Santa Catarina, especialmente no planalto serrano, cujas famílias devem estar aflitas, sim, e sofrendo por toda essa destruição que está passando o seu país de origem, o Japão. E quero agradecer pelo importante papel que representam no desenvolvimento da nossa sociedade, da economia na região serrana, a partir da produção de maçã na década de 80.
Quero solidarizar-me com as famílias catarinenses e brasileiras, cujos filhos e familiares buscaram no Japão a realização de um sonho, e que neste momento também sofrem com essa tragédia que abalou o Japão e todo o globo terrestre."
É hora de todos nós, parlamentares responsáveis, em âmbito municipal, estadual e federal, pensarmos e procurarmos respostas e soluções, sim, para as nossas usinas nucleares.
Muito obrigada!
(SEM REVISÃO DA ORADORA)