Pronunciamento

Ada De Luca - 065ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 07/07/2010
A SRA. DEPUTADA ADA DE LUCA - Parabéns, deputada Ana Paula Lima, pelo pronunciamento de v.exa. e conte comigo em todas as lutas que a sua comissão empreender. Independentemente de comissão ou de sermos deputadas de partidos diferentes, é obrigação nossa lutar sempre por essa causa, principalmente contra a violência para com a mulher, para com as nossas crianças e com os futuros jovens do amanhã.
Sr. presidente, srs. deputados, venho fazer aqui agora neste instante um relato até gostoso de ouvir.
(Passa a ler.)
"Há 130 anos, montados em burros, abrindo picadas, os primeiros imigrantes italianos chegaram ao vale do Araranguá, acamparam às margens do rio, como se dizia, Cresciúma, e iniciaram a construção das primeiras casas. Moradias simples, de madeira, feitas rapidamente para abrigar a família. Cobriram as moradias com folhas de palmeira tecidas. Ergueram de imediato, como é típico da raça, uma boa igreja para as suas orações. Aqui encontraram terra fértil, longe das guerras e da perseguição real, criaram os filhos e constituíram a vida.
Foram desbravadores das matas de Criciúma, Içara, Meleiro, Turvo, no sul, e Monte Castelo e Papanduva, no norte do estado, onde deixaram descendentes que até hoje cultivam a cultura trazida da Itália. E a família De Luca foi uma das primeiras a se instalar, há 130 anos, no sul de Santa Catarina.
Em comemoração à chegada ao estado que os acolheu também essa é a data da minha terra natal, Criciúma. A família De Luca, no próximo dia 18, em Criciúma, faz o encontro histórico para mais de 1.500 pessoas.
Estarão reunidas diversas gerações da família, e pela primeira vez a confraternização recebe primos e primas argentinos, originados do mesmo pequeno povoado chamado Osigo, no município de Fregona, Itália.
No início do século IXX, a Itália vivia momentos de grande crise econômica, onde se espalhava a cólera e as pessoas morriam de 'pelagra' - uma doença associada à fome. Paolo De Luca e a esposa Augusta Furlan viviam na Parocchia d'Osigo, cujo padroeiro é São Jorge, na comuna de Fregona, distretto di Vittorio-Veneto, província di Treviso, Itália.
Após a morte da esposa, Paolo, desanimado, triste, pegou seus seis filhos e emigrou para o Brasil. Já aqui em Santa Catarina, os descendentes de Paolo uniram-se em matrimônio com outras famílias italianas, com as famílias Serafim, Dal Pont, Benedet, Faraco, Darós, Maccarini, Zanette, Casagrande, Rizzieri, Peruchi, Dario, Pizzeti, Milanese, entre outras.
Juntas, as famílias construíram escolas, igrejas e hospitais, fundaram povoados e cidades, produziram alimentos, máquinas, pisos, azulejos, roupas masculinas e femininas, até a moda social e a moda de trabalho.
A família De Luca sempre esteve ligada ao comércio, prestou serviços em medicina, educação, pesquisa, mecânica e nos mais variados setores. Os encontros - realizados todos os anos pela associação da família De Luca - são para lembrar e agradecer aos antepassados.
É um momento de recordações e reencontro de quem contribuiu para a história do sul de Santa Catarina, honrando os ancestrais e preparando as futuras gerações para continuar construindo este Estado, acreditando no bem, na ética e no próximo.
Estaremos lá, reunidos, para relembrar a história e para comemorar nossa participação na história da minha querida Criciúma e de todo o sul de Santa Catarina.
Nós, descendentes daqueles imigrantes italianos, temos orgulho dos nossos antepassados, porque eles tiveram força e coragem para atravessar o oceano e povoar terras desconhecidas.
Este sentimento, nunca perdido por eles, foi transmitido às gerações seguintes pela convivência com nossos pais, avós e bisavós, e representa a estreita ligação que temos com a Itália.
Aproveito a oportunidade para reforçar a indignação de todos nós, descendentes diretos de italianos, com a demora na análise dos processos de reconhecimento de cidadania. O que desejamos, com a força de nosso sangue, é o que nos assegura a lei italiana: o reconhecimento da nossa cidadania!
E isto, a burocracia italiana, ou talvez o preconceito, está-nos negando. Estamos na fila, à espera dos consulados, há muitos e muitos anos.
Para encerrar quero citar uma frase que resume a importância de valorizarmos nossas origens e nosso passado.
'Morre-se definitivamente, quando morre a última pessoa que se lembra de nós. Estaremos vivos enquanto existir alguém que lembra nosso nome'."
Muito obrigada!
(SEM REVISÃO DA ORADORA)