Pronunciamento

Ada De Luca - 037ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 15/05/2008
A SRA. DEPUTADA ADA DE LUCA - Bom-dia, sr. presidente, colegas deputados, público que assiste à TVAL e que ouve a Rádio Alesc Digital.
Venho fazer aqui, hoje, um apelo para a imprensa escrita, falada e televisada, assim como para toda a sociedade e será uma reflexão para todos os colegas.
Nós temos as nossas regiões, certo? Defendemos as nossas regiões, com certeza. Agora temos que olhar a capital também.
(Passa a ler.)
"Aproveitando que o governador inaugurou, no último sábado, a ligação por barco entre Joinville e São Francisco do Sul, quero hoje trazer ao debate um tema importante para este 'pedacinho de terra perdido no mar, um pedacinho de terra, beleza sem par'.
Florianópolis e seu hino resumem uma conjunção perfeita da natureza privilegiada e do poeta inspirado. A cidade tem tudo o que se precisa para viver com qualidade de vida, com prazer e muito lazer.
A Florianópolis de nossos dias, contudo, contraria em parte o poeta, o que é profundamente lamentável. Cada vez mais Florianópolis convive com um fenômeno das grandes cidades, que são os engarrafamentos, provocados pelo trânsito intenso e muito complicado, resultante do número crescente de veículos nas ruas.
Quem diria, há uma década, que a Beira-Mar Norte hoje estaria praticamente saturada, o mesmo ocorrendo com as pontes Colombo Salles e Pedro Ivo, quase paralisadas nos horários de pico, o que também é realidade na Via Expressa. Na própria ilha, a movimentação para o norte, leste ou sul em muitos momentos já ultrapassa o limite da paciência. No auge da temporada de verão, os engarrafamentos se intensificam de tal forma que se tornou comum gastar o dobro, senão o triplo do tempo para cumprir percursos que fazem parte do nosso cotidiano.
Nossas estradas, pontes e avenidas já não dão conta da demanda do tráfego. O Departamento Estadual de Infra-Estrutura, o Deinfra, afirma que 130 mil veículos ingressam na ilha todos os dias. E o movimento chega a 150 mil veículos durante a alta temporada. O Detran da capital emplacou 25 mil novos veículos em 2007. É o trafego congestionado, é o aumento da poluição.
Há oportunidades, como me relatou um médico, em que até os serviços de emergência ficam extremamente comprometidos. Este próprio médico me relatou que já houve situação em que foi chamado às pressas para atender a uma emergência no Hospital Celso Ramos, teve que abandonar seu carro no acostamento de uma estrada da ilha e apelar para a carona de um motoqueiro."
Ah! Parece uma coisa sem importância, mas cada um só vai sentir na pele o dia que este acontecido pegar um parente seu, porque é assim que as coisas caminham.
(Continua lendo.)
"Diante do atual quadro, conversei com especialistas em transporte urbano e convenci-me da necessidade de Florianópolis também olhar de frente para o mar, para as suas baías e tratar com seriedade, com responsabilidade o futuro dos jovens, pelo qual tanto é clamado aqui, mas talvez com coisas também sérias não se preocupem.
Desde a administração do hoje colega de bancada, deputado Edison Andrino, funciona o transporte por barcos entre a Lagoa da Conceição e a Costa da Lagoa. O também colega deputado Professor Grando preocupou-se com o assunto quando foi prefeito de Florianópolis e criou a Cooperbarco.
As baías norte e sul têm boas condições de navegabilidade e mesmo os ventos sul e nordeste, em dias de maior intensidade, não prejudicam barcos que sejam literalmente adequados para travessias nesse tipo de percurso. Que sejam adequados e não negociados, é outra história.
As distâncias entre comunidades como Biguaçu, São José, Palhoça e a Ilha de Santa Catarina são relativamente pequenas. As travessias poderiam facilitar a vida das pessoas, desde que o transporte urbano já implantado também seja adaptado, funcionando de forma interligada com o marítimo. O usuário ganharia tempo e até uma nova paisagem na sua locomoção, nos seus deslocamentos. Lá em Joinville, como já relatei, no último sábado foi lançado o Jetvan, embarcação com capacidade para 20 passageiros que fará, em conjunto com o Jetbus com 84 lugares, o transporte aquaviário entre aquele município e São Francisco do Sul. A linha regular começa a operar em junho. O trajeto entre as cidades deve durar cerca de 40 minutos, num percurso que de carro leva mais de uma hora e mais de duas horas no verão.
Estudos já definiram que aqui as linhas com maior viabilidade para o início de operações fariam as ligações entre o centro histórico de São José e Biguaçu com um terminal previsto para a baía sul, próximo ao Centrosul, o nosso centro de convenções.
Tudo depende dos estudos de viabilidade econômica, que envolvem custos para implantar terminais de atracação, estações de passageiros, integração dos modais de transporte urbano, sinalização náutica e da definição dos critérios para licitação das linhas."
O Sr. Deputado Professor Grando - V.Exa. me concede um aparte?
A SRA. DEPUTADA ADA DE LUCA - Concedo um aparte ao deputado e ex-prefeito Professor Grando.
O SR. DEPUTADO PROFESSOR GRANDO - Sra. deputada Ada De Luca, eu estava prestando atenção à leitura do seu pronunciamento e, por dever, eu gostaria de contribuir e dizer a todo o povo de Santa Catarina que há uma maneira de resolver essa questão do transporte marítimo.
Nós já tivemos rios navegáveis em Santa Catarina, de Itajaí a Blumenau; nós temos potencialidades nos rios Tubarão e Araranguá; a costa de todo o estado de Santa Catarina tem potencialidades; a ligação dos municípios da Grande Florianópolis com a nossa ilha-capital é outra possibilidade.
Quero dizer que realmente o governador já nos falou várias vezes que parece haver uma cabeça de burro enterrada! Nós temos que a desenterrar.
Tenho certeza de que o transporte marítimo vai sair na capital, como começou a sair em Joinville. Para isso não precisa negociação, precisa do que v.exa. falou: estudos de viabilidade e licitação, porque hoje a iniciativa privada, empresas que existem na América Latina e estão disponíveis no mundo todo, possui equipamentos para atender essa demanda com rapidez, com conforto e com preço mais barato, que é a característica do transporte marítimo e fluvial.
Ontem nós tivemos uma audiência pública sobre a ponte Hercílio Luz, a sua recuperação. Falou-se no metrô como integração dos municípios da Grande Florianópolis, mas chegou-se à conclusão de que investir tanto na ponte e não ter transporte marítimo também é uma falha.
Então, agora é o momento de todos nós nos unirmos, vencermos essa etapa, que é histórica. Ninguém é contra o transporte marítimo, agora não entendemos por que isso não está ocorrendo.
Quando fui prefeito, como v.exa. falou, nós criamos as cooperativas de barcos, porque existe transporte marítimo em Florianópolis, poucas pessoas conhecem, entre a Lagoa e a Costa da Lagoa e entre o Rio Vermelho e a Costa da Lagoa! Estão lá funcionando! Fizemos funcionar por 89 dias, em que a lei permitiu, o transporte marítimo na ilha, em relação a Canasvieiras e em relação ao sul.
Esperemos que agora, já que pensamos juntos e estamos no governo, isto vá ocorrer.
Parabéns pelo seu pronunciamento.
A SRA. DEPUTADA ADA DE LUCA - Obrigada, deputado Professor Grando.
Mas eu sei que não é fácil, pois se fosse uma atividade altamente rentável ela já estaria implantada há muitos anos e haveria milhões de brigas para participar, mas como não é altamente rentável o negócio, existem poucas pessoas que ajudam e participam dessa luta. A verdade é essa.
(Continua lendo.)
"Mas a comunidade que aqui vive tem que pensar seriamente no mar para aliviar o trânsito. Ao criar essa alternativa também poderemos oferecer várias outras atrações turísticas.
Fico pensando como seria interessante essa mudança a médio prazo, com a construção de muitos atracadouros no entorno da ilha e nas cidades que se estendem ao longo das baías, com barcos fazendo diversos percursos e travessias, a cidade ganhando um trânsito mais leve e ruas mais livres.
A capital pertence a todos, principalmente aos políticos que participam aqui, aos vereadores da capital, aos deputados estaduais, aos deputados federais e senadores. A capital é de todos e nós temos que preservar esta maravilha que é a capital de Santa Catarina.
Teríamos uma Florianópolis mais lúdica, como cantou o poeta Zininho. Um dia eu espero ver Florianópolis voltada para o mar. Eu espero que as autoridades competentes e a população unam-se a esse movimento! Vou marcar, como presidente da comissão de Direitos e Garantias Fundamentais, uma audiência pública para que nós todos, Santa Catarina toda, todos os parlamentares, independentemente da sua região e do seu partido, venham tratar a ilha como uma ilha. Aí, sim, nós teremos muito do que nos orgulhar."
Eu trouxe o tema ao debate para exigir da sociedade, das autoridades competentes e dos políticos todos, da Câmara de Vereadores à esfera federal, uma reflexão."
Muito obrigada!
(SEM REVISÃO DA ORADORA)