Pronunciamento

Ada De Luca - 050ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 17/06/2009
A SRA. DEPUTADA ADA DE LUCA - Sr. presidente e srs. deputados, público que nos acompanha através da Rádio Alesc Digital e da TVAL, vou direcionar minha fala na mesma linha da deputada Professora Odete de Jesus.
Deputada Professora Odete de Jesus, vou de encontro a sua linha de discurso feita há poucos minutos.
(Passa a ler.)
"Todos sabemos que uma grande parte da população, normalmente esquecida pelo poder público, pelos meios de comunicação e pela sociedade, ganhou um grande destaque essa semana, que é o futuro de todos nós.
Dia 15 - última segunda-feira - foi o Dia Mundial de Combate à Violência contra o Idoso, e não faltaram manifestações para chamar a atenção para este problema social.
O levantamento mais recente do Ministério da Saúde mostra que em 2002, quase 15 mil idosos morreram por acidente e violência no Brasil. São 41 mortes por acidentes e violência no Brasil. Pelos dados nacionais do SUS, em 2004 mais de 108 mil idosos foram internados por quedas, acidentes e agressões.
Mas o que é importante destacar, srs. deputados, é que além da violência física, outros tipos de abuso são tão ou mais graves e ainda e são comuns, como: os maus-tratos, as agressões verbais, a negligência e a exploração financeira daquele ente querido que lhe é depositada a confiança para ir receber a sua aposentadoria, que não chega na mão do idoso.
O pior é que as pesquisas revelam que dois terços das agressões são cometidas pelos próprios familiares, como filhos, companheiros e por pessoas contratadas para cuidar dos idosos. E não se sabe o que acontece na maioria dos asilos.
E digo mais: nós não sabemos e não temos uma estatística de como nossos idosos são tratados em determinados asilos ou depósito de idosos. Mesmo na terceira idade, é um dado importante, as mulheres são as que mais sofrem.
A violência familiar contra idosos é um problema social e é preciso ser combatido urgentemente, não ficar só nas falas ou nas passeatas, mas, sim, termos atitudes num todo do governo, da sociedade e das famílias.
A terceira idade não pode mais ser tratada como descartável ou como um peso social. Só os desinformados e atrasados defendem este pensamento preconceituoso.
As projeções do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - o Ipea - para o ano que vem, deputado José Natal, indicam que haverá 13 milhões de pessoas no Brasil com mais de 80 anos.
Daqui a 11 anos, o número de pessoas com mais de 60 anos vai representar 11% da nossa população. O envelhecimento da população é um fato que não pode ser ignorado por nenhum setor da sociedade e nem levado na brincadeira.
A cada ano, mais de 600 mil pessoas entram nesta faixa dos 60. É para lá que todos nós caminhamos.
Só que o idoso de hoje está cada vez mais longe do perfil de vovozinho ou vovozinha, que se contenta em ficar em casa vendo televisão, sem contato com outras pessoas, sentindo-se um inútil e depressivo.
Alguns, com mais tempo e dinheiro no bolso - - quem já passou dos 60 anos sabe bem disso e cuida mais da saúde e da aparência, viaja e consome mais. O que me preocupa não são esses vovozinhos e vovozinhas, e sim, a maioria dos nossos idosos que são abandonados. O que me preocupa é a falta de planejamento das políticas sociais voltadas para este público. Que não fique só nos escritos o Estatuto do Idoso.
É urgente pensarmos em políticas de inclusão para as pessoas idosas, dentro do enfoque do respeito, da tolerância (porque, sim, os idosos têm limitações) e também da convivência entre gerações, que começa dentro da própria família.
Quero elogiar iniciativas como as do Supermercado Angeloni, que valoriza as pessoas acima de 60 anos, oferecendo oportunidade de emprego - sendo assim sentem-se úteis!
Esta consciência precisa crescer em toda a sociedade, mudando hábitos, usos e costumes, no espaço público, no espaço familiar e no empresarial.
O Estatuto do Idoso já reconhece - como lei - os direitos desta parcela da população e o lugar especial que eles devem ocupar na sociedade.
Mas faço um apelo para que se convoque -imediatamente - a realização da 2ª Conferencia Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, que já foi adiada pelo governo federal por duas vezes - em 2008 e em março deste ano.
A conferência nacional é o espaço ideal para discutir e definir ações e políticas públicas de proteção, promoção e defesa da pessoa idosa.
Em países desenvolvidos, creio que vários dos senhores já viram isso em suas viagens, os idosos são mestres, inclusive nas suas famílias! Quando um neto, um sobrinho, um irmão mais novo precisa tomar uma decisão sábia, inteligente e de responsabilidade, ele vai consultar e se aconselhar com o idoso da família, para tomar também uma decisão em sua vida.
O Brasil não pode mais tratar as pessoas com mais de 60 anos como um fardo, mas sim como um cidadão participante, cheio de conhecimento, ativo, criativo e competente, sim.
O escritor Goethe, por exemplo, terminou uma de suas obras literárias mais importantes, o Fausto, bem depois dos seus 60 anos de idade; e Verdi, o famoso compositor italiano, ainda compunha nos auges dos seus 85 anos de idade.
Para encerrar, na linha dos grandes pensadores quero citar Rousseau, que disse (prestem atenção nobres colegas): 'A juventude é a época de se estudar a sabedoria; enquanto que a velhice é a época de colocá-la em prática'."
Espero que não fique só nessa fala nem na fala da deputada Professora Odete de Jesus; que fique bem gravado na consciência de todos os nobres colegas deputados, na consciência da Presidência desta Casa, da imprensa escrita, falada e televisada, esse tema que não é brincadeira, é uma realidade. E pelas denúncias que todos nós aqui cansamos de ver nos jornais locais, no Jornal Nacional, temos que dar um basta às agressões que são cometidas aos idosos. Mas para darmos esse basta temos que ter atitudes, tanto no aspecto governamental federal quanto estadual e municipal.
Muito obrigada!
(SEM REVISÃO DA ORADORA)