Pronunciamento

Ada De Luca - 111ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 02/11/2014
A SRA. DEPUTADA ADA FARACO DE LUCA - Sr. presidente, membros que ocupam a mesa, caros colegas deputados, telespectadores da TVAL, ouvintes da Rádio Alesc Digital, imprensa em geral.
Hoje venho à tribuna para manifestar a minha enorme alegria em ter participado no último sábado do evento Mulher Sem Violência, no CTG Pedro Raymundo. E qual foi a minha surpresa quando lá cheguei? Esse evento foi para mais de duas mil mulheres, num sábado de sol e de muito calor, 36º graus, o que demonstra que com esse calor uma mulher discutir violência é porque realmente está interessada.
Foi um evento organizado pelo governo do estado, através da secretaria do Desenvolvimento Regional de Criciúma e Araranguá, pela Coordenadora Estadual da Mulher, na pessoa da sra. Jane Guizzo e também pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina, representado naquele ato pela nossa simpática, querida mulher, que sempre esteve ao nosso lado, desembargadora Salete Sommariva. Esse foi um evento de suma importância e creio que fará parte do calendário no que se refere à violência contra a mulher.
Mas eu gostaria de deixar claro aqui, como deixei quando iniciei a minha fala no próprio evento, que a minha luta pelo empoderamento da mulher, a minha luta para que a mulher tenha mais autonomia foi mesmo antes de ser deputada. Quando ainda militante no nosso MDB, organizei todos os subdiretórios femininos do MDB no estado de Santa Catarina e participava de grandes e grandes concentrações no eixo Brasília, Rio, São Paulo, Curitiba, Florianópolis e Rio Grande do Sul. Depois como deputada estadual, logo no primeiro mandato, fui presidente da comissão de Direitos e Garantias Fundamentais da Mulher. E o que aconteceu? Conseguimos trazer Maria da Penha, que veio para dar o seu depoimento e contar para todas as mulheres a sua história num encontro em São José, para mais de 900 mulheres, uma figura maravilhosa que batalhou juntamente com outras mulheres que também lutavam por esse direito.
Eu espero que daqui para frente as mulheres sejam mais empoderadas. Nós mulheres temos que lutar pelas mulheres, porque não adianta termos momentos inesquecíveis, como tivemos nesse encontro com Maria da Penha e no encontro lá em Criciúma, e depois cair no vazio. A mulher tem que ter mais representatividade em todos os níveis. Não interessa se é lá na escola, não interessa se é em grupo de mães ou como profissional liberal, e que seja só na política, mas ela tem que ter empoderamento, ela tem que começar a conquistar o seu espaço não só na rua, mas também dentro da sua própria casa.
Nós queremos que Santa Catarina tenha tolerância zero com a violência contra a mulher, pois são crimes que envergonham a humanidade e que destroem famílias da nossa sociedade. É preciso saber que a violência contra a mulher não se enquadra apenas nas agressões físicas.
Essas agressões físicas ainda têm algum concerto. Às vezes deixam marcas, mas essas têm concerto. Um dente quebrado dá para repor, um braço quebrado dá para arrumar, mas o estupro, o assassinato, a exploração sexual com violência, a violência psicológica, isso não tem concerto, e se tiver são anos de trauma, de ferida aberta. Esta deputada, como mulher, mãe, tia e irmã, acha a violência psicologia a pior delas porque deixa marcas que não são visíveis, porém inesquecíveis.
Outro dia li no jornal A Tribuna que Criciúma é a quarta cidade mais violenta do estado e a octagésima terceira mais violenta do país, quando se refere às agressões domésticas contra a mulher. Isso me deixou estarrecida, desanimada, mas temos que reagir. Em Santa Catarina, Lages é a primeira, seguida de Mafra e Camboriú.
Mais de 1.200 mulheres registraram boletim de ocorrência este ano somente em Criciúma, porém, o medo e a dependência dos parceiros fazem mais da metade das mulheres desistirem de dar continuidade às denúncias de maus tratos sofridos. Completando oito anos em agosto, a Lei Maria da Penha trouxe mais celeridade aos processos de crime de violência contra a mulher, além de inibir as ações dos agressores, uma vez que as penas são severas, sendo o agressor preso em flagrante e com cumprimento de medida preventiva.
Temos que lutar todos os dias arduamente para que o combate à violência tenha cada vez mais força. Essa luta não é minha, das deputadas ou de quem está em algum grupo organizado, mas de todas nós, mulheres, e também dos homens porque eles são pais, maridos, avôs, e isso pode ocorrer em qualquer família, em todas as classes sociais. Numa família, a violência contra a mãe, de certa forma acaba envolvendo os filhos, que crescem com esses valores desumanos, de desrespeito e levam consigo a discriminação para as gerações futuras.
Na semana passada tivemos uma excelente notícia na Assembleia Legislativa: Finalmente teremos a bancada feminina institucionalizada, a primeira do Brasil. Com isso estamos abrindo caminho para um novo momento em que teremos mais voz, mais força para defender os interesses ligados às mulheres, uma vitória das deputadas Ana Paula Lima, Luciane Carminatti, Dirce Heiderscheidt, Angela Albino, desta deputada e de todas as mulheres catarinenses.
Finalizo com uma frase de paz do querido Papa Francisco, que admiro: "A violência só pode ser vencida a partir da mudança do coração humano."
Muito obrigada!
(SEM REVISÃO DA ORADORA)