Pronunciamento

Kennedy Nunes - 036ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 22/04/2014
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Sr. presidente, srs. deputados, sras. deputadas, público que nos acompanha pela TVAL e pela Rádio Digital.
Venho aqui, aproveitando este momento de reflexão, deputada Dirce Heiderscheidt, um momento de passagem, um momento em que o Brasil parou por conta de um feriado nacional, a Sexta-Feira Santa, e também comemorou, no último domingo, a Páscoa. E venho trazer uma discussão que ocorreu na semana passada. Na verdade, começamos a avaliar, deputado Padre Pedro Baldissera, eu não sei se posso chamar assim, a nova geração, mas é interessante.
Eu entrei com um projeto de lei, deputado Antônio Aguiar, aqui nesta Casa, querendo que as escolas públicas tenham a oportunidade de distribuir para os alunos um exemplar da Bíblia, diversos, de todas as religiões. Nós temos a Bíblia Católica, a Bíblia dos Evangélicos, o Alcorão e a Torá.
Mas foi impressionante, deputado Padre Pedro Baldissera, a repercussão que houve em relação a esse nosso projeto de lei, principalmente das redes sociais, vindo da alegação de que o estado é laico, que não se pode falar de Bíblia nas escolas, que não se pode falar de religião nas escolas, e me pareceu, nas entrevistas que eu dei e pela forma como fui questionado, que há uma proibição de se falar em Deus nas escolas.
Parece algo ultrapassado falar em Deus. Falar de liberação da maconha é atual, falar de aborto é atual, falar de descriminalização da droga é atual, falar de casamentos e relações homoafetivas é atual, mas falar de Deus, falar de Bíblia é completamente fora e alegam o estado laico.
Engraçado, a gente vive num estado laico, mas todo mundo parou na Sexta-Feira Santa, porque é um feriado religioso. Então, é a mesma situação, é um estado laico, mas nós temos aqui neste plenário da Casa de Leis o Crucifixo, e ali, naquele cantinho, por força do Regimento Interno, a Bíblia.
Impressionante, parece que falar em Deus está fora. Podemos falar de qualquer coisa, menos de Deus.
Eu recebi um telefonema de uma senhora de Criciúma, por conta de que lá repercutiu também esta questão no nosso projeto de lei. E ela me contou, deputado Sargento Amauri Soares, a própria experiência. O filho dela está na cadeia de Criciúma, no Presídio Santa Augusta. E ela disse: meu filho era um rapaz da pá virada.
Ela disse que foi visitá-lo na cadeia um dia desses e ele estava lendo a Bíblia, porque, lá no Presídio Santa Augusta, em todas as celas, tem um exemplar da Bíblia. E ele falou: mãe, se eu tivesse lido isso na escola, talvez não estivesse aqui.
Então, falar de religião nas escolas é ruim? Estou falando de crianças de seis a doze anos. Mas querem falar da sexualidade, querem falar de gênero. O governo federal preparou o que chamaram de kit gay para falar com crianças de seis a doze anos sobre relações homoafetivas.
Querem distribuir para essas crianças, deputado Antônio Aguiar, a camisinha, o preservativo. Estão tratando de fazer a vacina de HPV nessas crianças. E aí falar de Deus não pode?!
Falar de Deus é proibido? Em que sociedade a gente vive? Qual é a modernidade desta sociedade. Uma sociedade cada vez mais plugada, cada vez mais conectada, cada vez mais falando com o mundo e não tendo mais o olho no olho. Impressionante!
Que tipo de crianças nós estamos formando para o mundo futuro? Andróides? Pessoas que vale o que eu faço e acabou?
A Igreja Católica está fazendo uma campanha para trazer mais jovens para a igreja porque os nossos jovens já estão vivendo, deputado Padre Pedro Baldissera, uma geração em que a igreja, a fé, a religião, nada mais influencia. No mundo em que eles vivem só atrapalha a vida deles.
E que tipo de crianças, no futuro, nós vamos estar criando, quando querem proibir de falar de qualquer coisa de religião, de fé, de Deus nas escolas para crianças de seis a 12 anos.
Isso me preocupa, deputada Dirce Heiderscheidt, pela reação que houve. Vejo que existem dois mundos: o mundo virtual das redes sociais e o mundo real das pessoas que andam nas ruas. E nosso projeto foi duramente criticado! E nas ruas as pessoas disseram: alguém levantou um assunto que realmente precisamos fazer.
Na Alemanha, deputada Dirce Heiderscheidt, existe ensino religioso. A pessoa que não tem nenhuma religião, que é ateu ou ateia, não precisa fazer aula de religião, mas é obrigada a fazer aula de ética. Aí eu fiz esta relação: quando falamos de religião, estamos falando de amor ao próximo. Não estou falando de denominação! Mas aí falam que não se pode falar de política nas escolas. Pode, sim. Não se pode falar de partido, não se pode falar de denominações nas escolas, mas de religião, de Deus, tem que se falar!
O que me traz aqui? É que nas ruas as pessoas dizem: alguém está falando algo que pode ser a diferença quando se fala da geração futura, a que está vindo aí. Nos Estados Unidos começou assim. Lá foi imigrado por cristãos e em todas as escolas públicas tinham um exemplar da Bíblia, havia ensino religioso, e aí veio a nova era e tiraram as Bíblias das escolas, Deus das escolas. O que ouvimos hoje nos Estados Unidos? Que na escola tal houve suicídio, tragédia, alguém matando alunos, por quê? Isso influencia!
Acho que isso vai ser uma boa discussão: que tipo de geração se está preparando? Que tipo de cidadãos as nossas escolas estão preparando? Eu, quando pequeno, e sou evangélico, estudava numa escola marista em Criciúma. Todos os dias antes de começar a aula ficávamos de pé ao lado da carteira e rezávamos a oração Santo Anjo: Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, guarde, governe, ilumine. Amém.
Sempre fiz isso, que mal me trouxe? Que mal existe falar de Deus nas escolas? Diga-me um mal? Que mal existe falar em Deus nas escolas, deputado Padre Pedro Baldissera? Podemos falar de tudo, menos de Deus?! Será que teremos que seguir a cópia do que aconteceu nos Estados Unidos que tiraram Deus das escolas e agora o que se ouve são tragédias! Não adianta, não adianta. Talvez, pela minha fé pública é que vem esse tipo de preconceito ao projeto de lei que faz uma observação sem exceção nenhuma das denominações. Hoje, parece-me, deputado Antonio Aguiar, que quando se fala de Deus, de Cristo, parece que há uma fobia.
Então, diria que estamos vivendo tempos de homofobia pelo que vi nas redes sociais, que é diferente do mundo real, deputado Padre Pedro Baldissera, podemos dizer que estamos vivendo a "cristofobia", ou seja, ninguém pode falar o nome de Cristo. Num país que se diz laico, mas que temos Páscoa, Natal, Corpus Christi, e outros feriados religiosos quando todo mundo comemora, todo mundo para, mesmos os ateus. Que tipo de estado laico? Laico é quando não se pode dizer qual o caminho. Agora, devemos falar de todos sim.
Por isso, deputado Padre Pedro Baldissera, aproveito este momento, depois de um feriado de reflexão, de Páscoa quando o mundo comemora a passagem de Cristo para trazer a este plenário a discussão: que mal tem falar de Deus nas escolas públicas do estado de Santa Catarina?
Muito obrigado, sr. presidente.
(SEM REVISÃO DO ORADOR)