Pronunciamento

Kennedy Nunes - 084ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 03/09/2014
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Eu venho usar este tempo para tecer alguns comentários a respeito da nossa campanha presidencial.
O Brasil está vivendo um momento novo com relação às eleições. O recado das urnas de junho do ano passado ainda reverbera e parece que vai chegar na ponta do dedo do eleitor nesta eleição. Os governos plantonistas que pensavam que com aquela ação de marketing pós hashtag estava tudo resolvido, que jogaram para lá, jogaram cá, começaram a falar em nova Constituição, reforma política. E manda para lá e manda para cá, acabou em nada e agora estão preocupados com o fenômeno Marina Silva.
Eu estava lendo, há pouco, no jornal, que a Marina já despontou com oito ou nove pontos na frente da candidata Dilma Rousseff, no Rio de Janeiro, e também já abriu a maior margem em São Paulo, abrindo quase 14 pontos.
E o que vejo? Vejo que o Partido dos Trabalhadores que vinha sempre, deputado Ismael dos Santos, naquele negócio de que o PSDB queria fazer a campanha do medo, colocar medo nas pessoas, a campanha do medo, como foi falado na campanha do Lula, da presidente Dilma, agora, esse mesmo PT está com a campanha do medo, querendo colocar medo na população em relação ao furacão Marina Silva. Estão querendo dizer: "Façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço". Estão dizendo assim: "Nós não queremos que os outros façam a campanha do medo, mas agora estamos com medo, então vamos fazer a campanha do medo".
Mas fora isso, entendo que é um efeito natural do processo. Por quê? Porque a candidata Marina Silva incorporou, deputado Ismael dos Santos, a roupa que as pessoas traçaram, desenharam, para o próximo presidente, a qual não estava cabendo na presidente Dilma e que o candidato Aécio Neves não conseguiu vestir, porque não coube nele pela opinião pública. Mas agora a Marina Silva coloca.
É como aquela história de quando se vai a uma loja, coloca-se uma roupa e o vendedor diz: "Olha serviu, ficou boa, parece que foi feita para você." Agora entendo que a roupa desenhada, costurada pelas pessoas, tem a possibilidade de servir na Marina.
Quero fazer um registro especial, deputado Sandro Silva, do que ontem eu vi.
Fiquei muito frustrado como eleitor, agente político, como membro da imprensa, de não ver a presidente Dilma Rousseff ir à emissora Globo dar explicações e respostas, igual a todos os outros candidatos que estão indo falar e responder. E ela não é um candidato qualquer, é a presidente da República, a qual está querendo buscar mais quatro anos, está querendo autorização do povo brasileiro. Mas simplesmente não foi ao Jornal Nacional, da Globo. Não sei por que não foi. Não sei por que estão escondendo os dados que saíram há poucos dias, os dados do Ministério da Educação.
O que está acontecendo que a presidente Dilma. Será que está correndo de falar, de responder? A presidente Dilma Rousseff está preocupada. O que lemos nos jornais é que existe uma preocupação grande do Palácio do Planalto. Mas o que está acontecendo? Por que uma presidente da República se recusa a ir responder perguntas de uma rede de televisão que está fazendo, dando espaço e criando a cidadania para todos os outros candidatos? Todos os outros candidatos foram lá responder, mas a presidente Dilma Rousseff não foi. Deixou o Brasil sem resposta.
Quero parabenizar a linha editorial do Jornal Nacional, da Globo, que colocou as perguntas que fariam para a presidente Dilma Rousseff, porque o Brasil ficou sem resposta.
O ex-presidente Lula prometeu erradicar o analfabetismo no país. Mas mesmo com os quase quatro anos do governo Dilma o analfabetismo, depois de muito tempo, cresceu no país. Qual é o problema de dizer isso? Qual é o problema de falar do "pibinho"? Qual é o problema de falar?
Então, vejo que isso é uma marca ruim do processo eleitoral, construído pela imprensa de quando uma presidente da República que quer mais quatro anos não vai a um canal de televisão, onde 95% das cidades brasileiras são cobertas por esse canal, para responder às perguntas que o Brasil quer saber.
O Sr. Deputado Maurício Eskudlark - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Pois não!
O Sr. Deputado Maurício Eskudlark - Muito obrigado, deputado Kennedy Nunes. Ainda não sabemos o resultado das urnas, o que a população vai dizer. Mas sentimos que a preocupação da população é com repostas a problemas que o país enfrenta, como: combate à corrupção, à criminalidade, obras públicas com essa morosidade, obras paradas, desperdício com o dinheiro público.
Então, o que estamos vendo, sentimos e vivemos é uma angústia com referência a isso. Vemos que as pessoas querem dar a oportunidade aos governantes, àqueles que assumem um posto, a fazer essas mudanças, mas o tempo passa, e a população vai sentindo que as coisas não acontecem. Portanto, o descrédito é o sentimento que a população e nós estamos demonstrando.
Estamos vendo a questão das rodovias. Pode um estado como o nosso estar com sua ligação, por exemplo, com o resto do Brasil e principalmente com o Rio Grande do Sul quase que totalmente interrompido? A ponte de Iraí, na BR-158, do Rio Grande do Sul a Santa Catarina e vice-versa, precisou um cidadão ir lá, filmar aquela ponte, eis que quando os veículos passavam tinha uma movimentação muito perigosa, para daí o DNIT ir lá interditar e dizer que talvez daqui a seis meses ou um ano vai resolver aquele problema, quando a ligação pela BR-153 também está quase totalmente paralisada com o Rio Grande do Sul.
Quanto à quarta pista no Morro dos Cavalos, faz dez anos que estamos discutindo, com 25 índios que vieram do Paraguai, se podemos fazer aquela ligação. Que país é este?
Então, vejo que isso é indignação do povo brasileiro. É indignação dos catarinenses. Precisa ver a revolta no oeste catarinense, o problema com as transportadoras, com os hotéis e restaurantes ao longo da via. Imagine uma via na qual passavam milhares de carros por dia hoje estar totalmente interditada.
A indignação é com a falta de respostas. Ou os políticos mudam essa situação ou a população muda os políticos. Portanto, estão buscando alternativas que não sei se é o melhor, mas a população quer outra alternativa, alguém que dê respostas.
Portanto, é compreensível o nosso sentimento como cidadão, o sentimento do povo brasileiro em razão da falta de respostas, em razão da burocracia, da morosidade, da criminalidade, enfim, de tudo que acontece neste país.
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Muito obrigado, deputado Maurício Eskudlark.
Eu estava pensando, deputado Sandro Silva, que somos novos ainda na democracia do país. Nós começamos há pouco, deputado José Milton Scheffer, a votar em presidente. Nós temos 30 e poucos anos de democracia no país. Não temos nem 40 anos.
Se observarmos, estamos em dois modelos ultimamente, pós-Collor veio o modelo PSDB e o modelo do Partido dos Trabalhadores. E o que eu vejo agora é que o eleitor está procurando uma terceira via ou um terceiro modelo.
Ora, venho de x anos de PSDB, depois, entrou o PT, melhorou, mas agora começou a piorar. Não quero voltar lá para onde já estava, então, vou dar o novo modelo.
O eleitor tem essa mobilidade e esse direito de escolher. O que não pode agora são os plantonistas do poder, quem está no plantão do poder, deputado Carlos Stüpp, querer fazer o jogo do medo, o jogo de tudo pelo poder.
Eu vi, deputado José Milton Scheffer, que a presidente Dilma Rousseff mandou tirar da gaveta, deputado Ismael dos Santos, a lei das igrejas. Tirou da gaveta a lei das igrejas para tentar estancar o crescimento da Marina, porque a Marina é da igreja. Então, vamos lá. O que eu vejo lá no Planalto? Uma turma que não está preocupada com o governo. Está preocupada somente com o poder. E vocês que estão nos assistindo, não percam, porque com certeza, na hora em que os nobres colegas do PT virem a ocupar esta tribuna aqui, vocês verão o desespero. Estou vendo ali o deputado Jailson Lima louco para falar e até quero ouvi-lo, porque é bonito de ver.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)