Pronunciamento
Kennedy Nunes - 055ª SESSÃO ORDINÁRIA
Em 04/07/2013
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Sr. presidente, srs. deputados, sras. deputadas, telespectadores da TVAL, ouvintes da Rádio Alesc Digital, público presente, quero falar sobre uma frase e com a mesma fazer uma análise do tema que quero compartilhar com todos hoje.
"Colocaram o bode na sala." A expressão nos leva a crer que um bode na sala fede e, portanto, incomoda. E o negócio é tirar o bode para que todos continuem na sala! Pelo menos é isso que entendo! E tem o contrário também, ou seja, deixar o bode na sala para sair todo mundo. Mas acho que estão querendo tirar o bode e continuar na sala.
Eu vou fazer uma análise, começando pelas manifestações. As pessoas foram para as ruas, a princípio sem muita noção do que iriam reivindicar, sem liderança. Depois houve o auge das manifestações, quando todo mundo quis expor alguma coisa. O resultado disso atingiu Brasília, principalmente a presidente Dilma Rousseff. Porque quando se fala que a saúde, a segurança e a corrupção estão ruins, logo se entende que esse alvo atingiu Brasília.
Daí, inteligentemente, deputado Joares Ponticelli, presidente desta Assembleia, os marqueteiros reuniram-se e pensaram: "O negócio é que estão querendo tirar da nossa sala, que é Brasília, governo federal" - e não quero falar aqui do partido que está lá, mas da estrutura, do governo, do sistema -, "um recurso que fica concentrado aqui" - porque mais de 70% dos impostos ficam em Brasília. "Então, vamos colocar um bode na sala, porque colocando esse bode na sala pautamos a discussão da imprensa e tiramos o foco da saúde, segurança e corrupção. E como o foco está na corrupção, levamos a corrupção para onde? Para a política". E qual é o bode na sala? A reforma política.
Vamos pensar um pouquinho: a manifestação começou para baixar o preço da passagem, para colocar o país num caminho diferenciado, para fazer com que os partidos políticos, os políticos e os governantes virem-se, dêem uma volta e voltem-se novamente para os eleitores. E agora estão há uma semana, deputado Dado Cherem, discutindo plebiscito. Mas plebiscito do quê? "A solução do país está em saber se é voto misto ou proporcional, se podem fazer coligações, se o financiamento público da eleição é a saída".
"Então, agora vamos resolver". E a presidente Dilma Rousseff, inteligentemente, para dividir a carga, colocou o bode na sala. Mas colocou o bode na sala onde? No Congresso Nacional, e disse assim: "Eu entreguei uma carta de intenções e por mim vale". Por que nessa carta de intenções a presidente Dilma Rousseff não perguntou, por exemplo, se o povo quer a reeleição do Executivo ou não? "Ah, isso não pode"! "Então, vamos discutir coligação de partido".
Vejam, para o povo que está precisando de saúde, segurança e educação, o que vai mudar se coliga ou não?! O que vai mudar, para o povo que está precisando de saúde e educação - e o governo federal não investe sequer 7% na saúde -, o financiamento público das eleições? Como vão fazer o financiamento público das eleições, se não há lista fechada de partido? O que vai mudar? É como se os problemas do país, como a falta de médicos e de exames, como transporte caro, estivessem na composição dos Legislativos, todos eles em todas as esferas.
Mas, não! Estamos discutindo plebiscito, e aí todo mundo se mexe! O Tribunal Superior se mexeu e disse: "Vamos cortar as férias e se chegar aqui aprovamos". Daí o governo federal manda para o Congresso, que se vai mexendo. Mas vão querer gastar R$ 500 milhões para saber o que o povo está querendo saber e já falou nas ruas?!
Então, o bode na sala é o tal do plebiscito. E agora, quando ligamos qualquer rádio ou televisão, ou abrimos o jornal, qual é o comentário? Plebiscito! A base do governo está rachada porque parte quer plebiscito e parte não quer.
Por que não vamos discutir se o governo federal tem que investir pelo menos 10% da sua arrecadação em saúde? Por que não vamos discutir aqui essa concentração de recursos que fica no governo federal? Por que não vamos discutir a revisão da tabela SUS, que paga uma mixaria, e que os hospitais têm que se virar nos 30 para fazer alguma coisa? Não! Aí a presidente Dilma Rousseff coloca em discussão o plebiscito. Mas, no plebiscito, nada afeta ela. No plebiscito ela não tem que dividir recursos com os municípios; no plebiscito ela não tem que aumentar o investimento na saúde; no plebiscito não está lá que ela tem que revisar a tabela do SUS. Ah, daí é fácil! E o pior de tudo é que agora ouvimos nas ruas o seguinte: "Você é a favor do plebiscito ou não?".
Eu quero, deputado Manoel Mota, ouvir a opinião pública falando o seguinte: "Temos que revisar a tabela SUS." "Temos que diminuir a concentração de recursos que fica em Brasília, passando aos municípios, onde a vida dos cidadãos acontece."
Digo mais uma vez aqui o que vai mudar para o cidadão que está há meses, há anos esperando o atendimento do médico. O que vai mudar no sistema público de transporte desse país uma lista fechada de votos? O que vai mudar o financiamento público das eleições? O que vai mudar se pode ou não pode a coligação? O que vai mudar? Vai baixar o preço das passagens? Vai desonerar o óleo diesel dos caminhoneiros? Vai baixar o preço do pedágio neste país? Vai fazer com que o governo faça o papel dele, quando cobra nos combustíveis a manutenção das rodovias e não o faz? O que vai mudar minha gente?
Eu venho aqui para que possamos ter esse outro lado. Eu aprendi na faculdade que não existe isenção. O camarada quando vai fazer uma reportagem, eu como jornalista, ou qualquer um dos companheiros, quando vai fazer uma reportagem, quando você escolhe uma fonte, você já está fazendo uma escolha, não existe isenção. Mas quero trazer aqui a análise disso, é óbvio, não de vocês deputados que entendem isso, mas do cidadão que nos está acompanhando.
Ah, o documento levado pela sra. presidente e pelo seu vice-presidente ao Congresso Nacional, esse documento que parece que é a receita para todos os males, o que vai mudar na vida do cidadão? Ou não é um bode na sala que colocaram para que o bode saia e eles continuem em Brasília com ...
(Discurso interrompido pelo término do horário regimental.)
(SEM REVISÃO DO ORADOR)
"Colocaram o bode na sala." A expressão nos leva a crer que um bode na sala fede e, portanto, incomoda. E o negócio é tirar o bode para que todos continuem na sala! Pelo menos é isso que entendo! E tem o contrário também, ou seja, deixar o bode na sala para sair todo mundo. Mas acho que estão querendo tirar o bode e continuar na sala.
Eu vou fazer uma análise, começando pelas manifestações. As pessoas foram para as ruas, a princípio sem muita noção do que iriam reivindicar, sem liderança. Depois houve o auge das manifestações, quando todo mundo quis expor alguma coisa. O resultado disso atingiu Brasília, principalmente a presidente Dilma Rousseff. Porque quando se fala que a saúde, a segurança e a corrupção estão ruins, logo se entende que esse alvo atingiu Brasília.
Daí, inteligentemente, deputado Joares Ponticelli, presidente desta Assembleia, os marqueteiros reuniram-se e pensaram: "O negócio é que estão querendo tirar da nossa sala, que é Brasília, governo federal" - e não quero falar aqui do partido que está lá, mas da estrutura, do governo, do sistema -, "um recurso que fica concentrado aqui" - porque mais de 70% dos impostos ficam em Brasília. "Então, vamos colocar um bode na sala, porque colocando esse bode na sala pautamos a discussão da imprensa e tiramos o foco da saúde, segurança e corrupção. E como o foco está na corrupção, levamos a corrupção para onde? Para a política". E qual é o bode na sala? A reforma política.
Vamos pensar um pouquinho: a manifestação começou para baixar o preço da passagem, para colocar o país num caminho diferenciado, para fazer com que os partidos políticos, os políticos e os governantes virem-se, dêem uma volta e voltem-se novamente para os eleitores. E agora estão há uma semana, deputado Dado Cherem, discutindo plebiscito. Mas plebiscito do quê? "A solução do país está em saber se é voto misto ou proporcional, se podem fazer coligações, se o financiamento público da eleição é a saída".
"Então, agora vamos resolver". E a presidente Dilma Rousseff, inteligentemente, para dividir a carga, colocou o bode na sala. Mas colocou o bode na sala onde? No Congresso Nacional, e disse assim: "Eu entreguei uma carta de intenções e por mim vale". Por que nessa carta de intenções a presidente Dilma Rousseff não perguntou, por exemplo, se o povo quer a reeleição do Executivo ou não? "Ah, isso não pode"! "Então, vamos discutir coligação de partido".
Vejam, para o povo que está precisando de saúde, segurança e educação, o que vai mudar se coliga ou não?! O que vai mudar, para o povo que está precisando de saúde e educação - e o governo federal não investe sequer 7% na saúde -, o financiamento público das eleições? Como vão fazer o financiamento público das eleições, se não há lista fechada de partido? O que vai mudar? É como se os problemas do país, como a falta de médicos e de exames, como transporte caro, estivessem na composição dos Legislativos, todos eles em todas as esferas.
Mas, não! Estamos discutindo plebiscito, e aí todo mundo se mexe! O Tribunal Superior se mexeu e disse: "Vamos cortar as férias e se chegar aqui aprovamos". Daí o governo federal manda para o Congresso, que se vai mexendo. Mas vão querer gastar R$ 500 milhões para saber o que o povo está querendo saber e já falou nas ruas?!
Então, o bode na sala é o tal do plebiscito. E agora, quando ligamos qualquer rádio ou televisão, ou abrimos o jornal, qual é o comentário? Plebiscito! A base do governo está rachada porque parte quer plebiscito e parte não quer.
Por que não vamos discutir se o governo federal tem que investir pelo menos 10% da sua arrecadação em saúde? Por que não vamos discutir aqui essa concentração de recursos que fica no governo federal? Por que não vamos discutir a revisão da tabela SUS, que paga uma mixaria, e que os hospitais têm que se virar nos 30 para fazer alguma coisa? Não! Aí a presidente Dilma Rousseff coloca em discussão o plebiscito. Mas, no plebiscito, nada afeta ela. No plebiscito ela não tem que dividir recursos com os municípios; no plebiscito ela não tem que aumentar o investimento na saúde; no plebiscito não está lá que ela tem que revisar a tabela do SUS. Ah, daí é fácil! E o pior de tudo é que agora ouvimos nas ruas o seguinte: "Você é a favor do plebiscito ou não?".
Eu quero, deputado Manoel Mota, ouvir a opinião pública falando o seguinte: "Temos que revisar a tabela SUS." "Temos que diminuir a concentração de recursos que fica em Brasília, passando aos municípios, onde a vida dos cidadãos acontece."
Digo mais uma vez aqui o que vai mudar para o cidadão que está há meses, há anos esperando o atendimento do médico. O que vai mudar no sistema público de transporte desse país uma lista fechada de votos? O que vai mudar o financiamento público das eleições? O que vai mudar se pode ou não pode a coligação? O que vai mudar? Vai baixar o preço das passagens? Vai desonerar o óleo diesel dos caminhoneiros? Vai baixar o preço do pedágio neste país? Vai fazer com que o governo faça o papel dele, quando cobra nos combustíveis a manutenção das rodovias e não o faz? O que vai mudar minha gente?
Eu venho aqui para que possamos ter esse outro lado. Eu aprendi na faculdade que não existe isenção. O camarada quando vai fazer uma reportagem, eu como jornalista, ou qualquer um dos companheiros, quando vai fazer uma reportagem, quando você escolhe uma fonte, você já está fazendo uma escolha, não existe isenção. Mas quero trazer aqui a análise disso, é óbvio, não de vocês deputados que entendem isso, mas do cidadão que nos está acompanhando.
Ah, o documento levado pela sra. presidente e pelo seu vice-presidente ao Congresso Nacional, esse documento que parece que é a receita para todos os males, o que vai mudar na vida do cidadão? Ou não é um bode na sala que colocaram para que o bode saia e eles continuem em Brasília com ...
(Discurso interrompido pelo término do horário regimental.)
(SEM REVISÃO DO ORADOR)