Pronunciamento
Kennedy Nunes - 015ª SESSÃO ORDINÁRIA
Em 11/03/2014
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Sr. presidente, sras. deputadas, srs. deputados, público que nos prestigia na sessão, tanto pela TVAL como pela Rádio Digital.
Saudamos também os funcionários da Fatma, que têm todo o nosso apoio. A presença de vocês aqui, não só como estratégia de mobilização, mostra a importância que têm no processo, principalmente no processo de desenvolvimento do nosso estado.
Eu fiz aqui a mostra de um vídeo que está na internet, no You Tube, e me pediram para repetir, o deputado Silvio Dreveck também pediu, já que eles estavam na comissão de Educação.
Vou pedir para apresentar novamente um vídeo que me deixou preocupado. O Deputado Nilson Gonçalves está perplexo. O vídeo foi publicado no dia 02 de março de 2014, tem quase 30 mil acessos. É publicação de Flávio Passos, numa entrevista no Canal Kim Kataguiri, mostrando uma professora da cidade de Chapecó, Ana Caroline Campagnolo. Ela relata sobre uma reunião que aconteceu em Chapecó, dos professores, na revisão curricular do ensino em Santa Catarina.
Solicito à assessoria que exiba o vídeo.
(Procede-se à apresentação do vídeo.)
Recebi um email de um pai dizendo: "Deputado, isso confere com a realidade da educação em Santa Catarina?" E quando abri o link imaginei que fosse sobre as questões que estamos acostumados a ver sobre Vigilância Sanitária fechando escolas por falta de manutenção e tal. E, quando me deparei com a fala dessa pessoa, achei estranho. Trago o assunto a esta Casa não é pelo caso de ser de esquerda ou de direita. Entendo que não se pode puxar nem por um lado, nem por outro. A posição do governo deve ser neutra.
Recebi, logo depois que rodei esse vídeo pela manhã, no meu gabinete o chefe de gabinete do secretário Eduardo Dechamps, que ficou de, até o final da tarde, trazer algumas informações e mostraria todo o processo que está sendo feito no estado inteiro de averiguação do currículo. Ele ficou de fazer um levantamento para saber um pouco mais sobre essa reunião que a professora fala, com relação ao fato que ela colocou no vídeo.
A Sra. Deputada Luciane Carminatti - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Pois não!
A Sra. Deputada Luciane Carminatti - Primeiramente, quero dizer que sou professora e, na educação, discute-se concepções teóricas. Ela falar de Gramsci! Ou até poderia falar de Paulo Freire. Ela deveria ter orgulho em saber que esses grandes educadores e filósofos estão sendo trabalhados numa proposta curricular. Causa-me espanto essa educadora ignorar o materialismo histórico dialético, porque hoje é o que mais se discute no mundo inteiro. Aliás, os Estados Unidos, que é o império do capitalismo, discute Paulo Freire muito mais do que o Brasil. Existem escolas freireanas nos Estados Unidos, que discutem educação popular. Então, mostra uma total ignorância, e me causa mais espanto o que ela diz.
Em segundo lugar, não estou aqui fazendo papel de governo, mas se tem uma coisa que Santa Catarina fez bem na educação foi a proposta curricular do estado. Temos que fazer justiça aqui quanto a isso. E, não vou nem dizer quem era o governo na época ou o secretário, porque não importa. A proposta curricular de Santa Catarina é uma referência para o país inteiro e tem um viés no materialismo histórico dialético, sim, porque na educação já ultrapassamos a visão positivista, autoritária, conservadora, de o aluno ter que ficar de joelho para o professor e apenas o professor ser o dono da verdade e do conhecimento. O que está por trás dessa fala é voltar àquela educação onde o saber popular não entra, onde não entra o saber das classes populares. É isso que essa professora ignora. Quem conhece a proposta curricular, como esta deputada, sabe da sua construção inicial e a de agora. Está sendo feito um movimento, e não é de nenhum professor de esquerda, mas da secretaria de estado da Educação, em que se está chamando 100 mil professores de Santa Catarina para rediscutir essa proposta curricular. E lá há professores de esquerda, de direita e de centro perdidos e confusos, todos junto discutindo a educação. Tenho uma aluna na escola pública. E quero dizer que essa professora deve discutir lá. Se ela tem convicção da sua posição, deve ir lá, no meio dos professores, e dizer isso. Não gravar, ficar fazendo confusão e destruindo uma construção histórica que essa categoria do Magistério fez com convicção pedagógica. Fico triste porque esse tipo de fala, que é um atraso, um retrocesso na educação.
(Palmas das galerias)
O Sr. Deputado Sargento Amauri Soares - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Pois não!
O Sr. Deputado Sargento Amauri Soares - Deputado, queria dizer também que não sou professor e não discuti isso durante o meu segundo grau, mas, na universidade, aprendemos com os melhores professores que não podemos fechar porta para nenhuma filosofia, não podemos banir Marx, Engels e Gramsci. Até porque quem faz esse banimento às vezes é adepto de filosofia de direita.
Eu li Fernando Henrique Cardoso na universidade, eu li outros mais à direita ainda do que Fernando Henrique Cardoso, e temos que ler evidentemente. Portanto, acharmos que temos que banir os filósofos marxistas também está errado. Eu acho que não tem que ter doutrinação. Precisa ter apresentação do conteúdo e o objetivo. E quem quer ser um bom líder, um bom professor, um bom deputado de esquerda, tem que ler também o que a direita escreve e vice-versa. Então não dá para banir os grandes filósofos da educação, pelo contrário, acho que se lê muito pouco esses filósofos no Brasil, no magistério, inclusive nas universidades e na Sociologia hoje.
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Quero agradecer a participação da deputada Luciane Carminatti e do deputado Sargento Amauri Soares, até porque acho que cumpri o meu papel de trazer para cá essa discussão.
Eu estou trazendo um e-mail que um pai mandou, e foi o que eu disse para o chefe de gabinete do secretário da Educação. Ele me falou inclusive desse chamamento dos professores para essa averiguação. É a oportunidade de estarmos discutindo. E por conta disso é que eu trouxe essa fala, até para que possamos estar cientes de todas essas questões.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)
Saudamos também os funcionários da Fatma, que têm todo o nosso apoio. A presença de vocês aqui, não só como estratégia de mobilização, mostra a importância que têm no processo, principalmente no processo de desenvolvimento do nosso estado.
Eu fiz aqui a mostra de um vídeo que está na internet, no You Tube, e me pediram para repetir, o deputado Silvio Dreveck também pediu, já que eles estavam na comissão de Educação.
Vou pedir para apresentar novamente um vídeo que me deixou preocupado. O Deputado Nilson Gonçalves está perplexo. O vídeo foi publicado no dia 02 de março de 2014, tem quase 30 mil acessos. É publicação de Flávio Passos, numa entrevista no Canal Kim Kataguiri, mostrando uma professora da cidade de Chapecó, Ana Caroline Campagnolo. Ela relata sobre uma reunião que aconteceu em Chapecó, dos professores, na revisão curricular do ensino em Santa Catarina.
Solicito à assessoria que exiba o vídeo.
(Procede-se à apresentação do vídeo.)
Recebi um email de um pai dizendo: "Deputado, isso confere com a realidade da educação em Santa Catarina?" E quando abri o link imaginei que fosse sobre as questões que estamos acostumados a ver sobre Vigilância Sanitária fechando escolas por falta de manutenção e tal. E, quando me deparei com a fala dessa pessoa, achei estranho. Trago o assunto a esta Casa não é pelo caso de ser de esquerda ou de direita. Entendo que não se pode puxar nem por um lado, nem por outro. A posição do governo deve ser neutra.
Recebi, logo depois que rodei esse vídeo pela manhã, no meu gabinete o chefe de gabinete do secretário Eduardo Dechamps, que ficou de, até o final da tarde, trazer algumas informações e mostraria todo o processo que está sendo feito no estado inteiro de averiguação do currículo. Ele ficou de fazer um levantamento para saber um pouco mais sobre essa reunião que a professora fala, com relação ao fato que ela colocou no vídeo.
A Sra. Deputada Luciane Carminatti - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Pois não!
A Sra. Deputada Luciane Carminatti - Primeiramente, quero dizer que sou professora e, na educação, discute-se concepções teóricas. Ela falar de Gramsci! Ou até poderia falar de Paulo Freire. Ela deveria ter orgulho em saber que esses grandes educadores e filósofos estão sendo trabalhados numa proposta curricular. Causa-me espanto essa educadora ignorar o materialismo histórico dialético, porque hoje é o que mais se discute no mundo inteiro. Aliás, os Estados Unidos, que é o império do capitalismo, discute Paulo Freire muito mais do que o Brasil. Existem escolas freireanas nos Estados Unidos, que discutem educação popular. Então, mostra uma total ignorância, e me causa mais espanto o que ela diz.
Em segundo lugar, não estou aqui fazendo papel de governo, mas se tem uma coisa que Santa Catarina fez bem na educação foi a proposta curricular do estado. Temos que fazer justiça aqui quanto a isso. E, não vou nem dizer quem era o governo na época ou o secretário, porque não importa. A proposta curricular de Santa Catarina é uma referência para o país inteiro e tem um viés no materialismo histórico dialético, sim, porque na educação já ultrapassamos a visão positivista, autoritária, conservadora, de o aluno ter que ficar de joelho para o professor e apenas o professor ser o dono da verdade e do conhecimento. O que está por trás dessa fala é voltar àquela educação onde o saber popular não entra, onde não entra o saber das classes populares. É isso que essa professora ignora. Quem conhece a proposta curricular, como esta deputada, sabe da sua construção inicial e a de agora. Está sendo feito um movimento, e não é de nenhum professor de esquerda, mas da secretaria de estado da Educação, em que se está chamando 100 mil professores de Santa Catarina para rediscutir essa proposta curricular. E lá há professores de esquerda, de direita e de centro perdidos e confusos, todos junto discutindo a educação. Tenho uma aluna na escola pública. E quero dizer que essa professora deve discutir lá. Se ela tem convicção da sua posição, deve ir lá, no meio dos professores, e dizer isso. Não gravar, ficar fazendo confusão e destruindo uma construção histórica que essa categoria do Magistério fez com convicção pedagógica. Fico triste porque esse tipo de fala, que é um atraso, um retrocesso na educação.
(Palmas das galerias)
O Sr. Deputado Sargento Amauri Soares - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Pois não!
O Sr. Deputado Sargento Amauri Soares - Deputado, queria dizer também que não sou professor e não discuti isso durante o meu segundo grau, mas, na universidade, aprendemos com os melhores professores que não podemos fechar porta para nenhuma filosofia, não podemos banir Marx, Engels e Gramsci. Até porque quem faz esse banimento às vezes é adepto de filosofia de direita.
Eu li Fernando Henrique Cardoso na universidade, eu li outros mais à direita ainda do que Fernando Henrique Cardoso, e temos que ler evidentemente. Portanto, acharmos que temos que banir os filósofos marxistas também está errado. Eu acho que não tem que ter doutrinação. Precisa ter apresentação do conteúdo e o objetivo. E quem quer ser um bom líder, um bom professor, um bom deputado de esquerda, tem que ler também o que a direita escreve e vice-versa. Então não dá para banir os grandes filósofos da educação, pelo contrário, acho que se lê muito pouco esses filósofos no Brasil, no magistério, inclusive nas universidades e na Sociologia hoje.
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Quero agradecer a participação da deputada Luciane Carminatti e do deputado Sargento Amauri Soares, até porque acho que cumpri o meu papel de trazer para cá essa discussão.
Eu estou trazendo um e-mail que um pai mandou, e foi o que eu disse para o chefe de gabinete do secretário da Educação. Ele me falou inclusive desse chamamento dos professores para essa averiguação. É a oportunidade de estarmos discutindo. E por conta disso é que eu trouxe essa fala, até para que possamos estar cientes de todas essas questões.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)