Pronunciamento

Kennedy Nunes - 001ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 05/02/2014
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Sr. presidente, srs. deputados, público que nos acompanha pela TVAL e Rádio Alesc Digital. Gostaria de dizer que não faria uso da palavra no dia de hoje, mas acaba de portar à mesa da minha bancada o jornal Gazeta de Joinville de hoje que traz na capa, como título de matéria a seguinte frase: "Será que o Udo mentiu?" Essa matéria refere-se não apenas ao corte que o prefeito Udo Döhler fez na lista de espera de pacientes que estavam há cinco para consultar com um especialista, mas também mostra uma situação extremamente delicada que está ocorrendo em Joinville neste início de ano.
Ontem os moradores do bairro Jardim Paraíso fecharam a rua depois de ficar 15 dias sem água; toda quarta-feira estão ocorrendo protestos nas ruas por conta do aumento da passagem acima da inflação; ontem houve o fechamento do posto de Saúde do Jardim Edilene, porque a prefeitura não consegue entregar o novo prédio - e essa obra foi alvo da campanha do prefeito eleito, que criticava o ex-prefeito por pagar aluguel do posto fechado, mas que até hoje continua fechado; também os enfermeiros do Hospital São José cruzaram os braços porque havia mais de 100 pacientes nos corredores e apenas seis enfermeiros para trabalhar.
Então, temos uma situação bastante complicada em Joinville, sr. presidente, e com relação à matéria do jornal, apenas para explicar aos catarinense que estão nos acompanhando, gostaria de explicar.
O Ministério Público estadual entrou com uma ação contra a prefeitura para exigir que ela atendesse e, por conta do atendimento, diminuísse a fila, principalmente de reumatologia, uma fila enorme em que pacientes estavam e estão esperando há mais de cinco anos para serem atendidos. Gente com fibromialgia, por exemplo, que é uma doença muito dolorida, difícil, e precisa ser tratada.
O dr. Roberto Lepper, juiz da comarca de Joinville, bloqueou os recursos do Fundo Municipal de Saúde, deputado Joares Ponticelli, exigindo que a prefeitura atendesse às mais de três mil pessoas que estavam na fila de espera. Se não houvesse o atendimento, o dinheiro iria ser bloqueado.
Deputado Valmir Comin, agora o Ministério Público está investigando o documento que o prefeito Udo Döhler mandou para o juiz, que diz que a fila já foi zerada.
Quando se diz que a fila diminuiu, ou que já foi zerada, entende-se que as pessoas foram atendidas, certo? Aliás, era uma promessa do então candidato Udo Döhler zerar as filas com especialidades médicas.
Ao se falar em zerar as filas, tínhamos a posição do cheque consulta, de se fazer convênio com clínicas particulares para atendimento dos cidadãos. Se não tem no serviço do SUS, paga para que o cidadão seja atendido, porque ele precisa ser atendido. Mas a metodologia que o prefeito Udo e seus parceiros de governo decidiram usar para diminuir a fila foi eliminar as pessoas da fila. E o Ministério Público agora está investigando isso, porque eles mandaram um documento dizendo que não tem mais gente na fila. Só que as pessoas, três mil e poucas pessoas que foram tiradas da fila, começaram a reclamar, pois não foram consultadas para serem tiradas da fila e continuam esperando. E há mais de cinco anos esperam na esperança de serem atendidas agora em 2014, mas o posto de saúde comunica que a pessoa foi eliminada, tipo Big Brother.
O prefeito sentou-se lá, um dia, e decidiu zerar a fila. Foi uma promessa de campanha, então, zerou a fila tirando as pessoas da fila.
Estou falando algo que está aqui no jornal e que é uma ação de investigação do Ministério Público. E segundo a promotora dra. Simone Cristina Schultz, da 15ª Promotoria de Justiça, de Joinville, está ligando para cada uma das pessoas que foram tiradas da lista de espera para perguntar se foram consultadas sobre terem sido atendidas ou não, se desejam renovar ou não. Elas respondem que estão esperando essa ligação há cinco anos para serem atendidas.
Agora, o Ministério Público, tendo confirmado essa aberração, essa mentira, essa afronta a uma decisão da Justiça, promete fazer uma ação criminal contra o prefeito Udo Döhler e contra o secretário da Saúde, Armando Filho, por conta dessa mentira que teriam feito para a Justiça e desrespeito com o cidadão que espera há tanto tempo na fila.
Quando eu falava do cheque consulta, era para dar a possibilidade de a pessoa ser atendida numa clínica particular. O prefeito falava em zerar as filas, mas ele nunca disse que zerar as filas era excluir as pessoas tipo Big Brother. E pior do que isso é ver essa ação no Hospital São José, dos enfermeiros cruzarem os braços por conta de não terem condições de atender a tantas pessoas.
Da falta de água no Jardim Paraíso, no Itinga e, consequentemente, em Araquari, porque a Companhia Águas de Joinville abastece lá, também em relação ao aumento da passagem, do ITBI, do ISS, assim, a situação dos microempresários está complicada em Joinville. Sorte de Joinville é que o governo do estado está fazendo a sua parte.
Ontem mesmo o governador esteve em Joinville para inaugurar obras do estado, assim como a colocação de ar-condicionado no Hospital São José e o asfaltamento da rua Tuiuti, com recursos de financiamento.
Por isso, fico olhando e só observando, Enquanto a comunidade continua esperando as ações do, então, gestor que entraria na prefeitura e que faria. E o prefeito Udo Döhler ainda continua dizendo que para a saúde não falta dinheiro, falta é gestão. Ele esquece que está um ano como gestor da saúde e não resolveu o problema. Aliás, está resolvendo, sim, deixando as pessoas sem serem consultadas, excluindo-as, como se fosse algo assim: reumatologista pode tirar, esse não precisa, não precisa anunciar, gente pobre não precisa.
Acho que para ele uma pessoa pode esperar cinco anos por uma consulta. Claro, ele é acostumado a gerir o Hospital Dona Helena, que é todo particular, que vai rápido, mas as questões não estão sendo feitas assim, não.
Quero ver o desfecho dessa ação do Ministério Público, para eu confirmar que o prefeito Udo Döhler mentiu para a Justiça ao dizer que teria consultado as mais de três mil pessoas que foram extirpadas da lista de Schindler, porque ele transformou a lista da saúde, a lista de espera, em uma lista de Schindler. É ele que resolve quem vive e quem morre. É uma vergonha.
Muito obrigado!
(Palmas)
(SEM REVISÃO DO ORADOR)