Pronunciamento

Romildo Titon - 043ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 28/05/2008
O SR. DEPUTADO ROMILDO TITON - Sr. presidente, deputado Clésio Salvaro, sra. deputada, srs. deputados, ouvia atentamente o pronunciamento do deputado Pedro Baldissera, que falava de assunto interessante que está sendo tema de debate: o desmatamento e o meio ambiente.
A questão da produção de alimentos, deputado Pedro Baldissera, é um assunto que hoje domina a imprensa mundial, com grandes comentários sobre a possível falta de alimentação para o sustento da humanidade. É realmente preocupante. Mas o mais preocupante, deputado Jaime Pasqualini, é que logo já foram achando um culpado para isso e, infelizmente, novamente em cima da agroindústria, mais especificamente em cima do produtor rural.
Srs. deputados, temos ouvido esse tema muitas vezes, mas o agricultor e a agroindústria que estão longe da grande mídia não conseguem dar a sua versão dos fatos, deixando de esclarecer que a atividade rural corre um risco muito grande porque é uma das poucas atividades que é realizada a céu aberto, sujeita às intempéries do tempo e a outros fatores. Às vezes é a geada que chega muito cedo, o excesso de chuva e outras questões.
Mas nós aqui podemos dizer que muitas vezes eles não obtêm o lucro desejado. Por isso, nós vemos cada vez mais essa bola de neve aumentando, ou seja, os nossos agricultores se endividando continuamente. Chegaram até a dizer, nos últimos dias, que a produção de biocombustível tem sido a grande vilã dessa história e que por causa da produção de derivados de biocombustível haviam deixado de produzir alimentos como o milho, o feijão, a soja, o que não é verdade.
Por outro lado, esquecem de falar que 40% do que é produzido são consumidos por impostos e taxas, deputado Edison Andrino. Os outros 60% ficam comprometidos com uma série de despesas que geralmente o agricultor tem: o custo do insumo, a preservação do solo, a mão-de-obra, os financiamentos e os juros que ainda são altos. Por mais que tenham baixado, os juros ainda são altos para a agricultura, porque a margem de lucro é muito pequena e o resultado positivo com relação a isso tem sido muito pequeno para o nosso agricultor.
Por isso, trago essa minha preocupação, pois muitas vezes as pessoas não olham o lado do sacrifício, os momentos difíceis que a nossa agricultura tem passado nos últimos tempos, sempre sendo vista como vilã. E agora que se avizinha uma crise no processo alimentar, mais uma vez jogam a culpa em cima desse setor produtivo, o que é preocupante, porque a cada dia que passa vemos o enfrentamento aos altos juros, ao custo de produção, já que nos últimos seis meses, deputado Jaime Pasqualini, os insumos aumentarem 110%. Esse é o aumento do custo da produção que estamos atravessando, sem falar na questão cambial e nos subsídios que os países ricos oferecem aos agricultores, o que repercute nas nossas exportações, sem dúvida nenhuma.
Realmente, é um tema que a cada dia que passa vem-nos preocupando, principalmente eu, que represento uma região essencialmente agrícola. Vivemos alguns momentos bons, sim, mas se estamos vivendo agora, não é pelo favor de ninguém, é graças ao patrão lá de cima, que nos tem dado situações climáticas favoráveis nessa última safra. Contudo, nos últimos três anos nós penamos, comemos, como diz o velho ditado, o pão que o diabo amassou, porque só se trabalhou no vermelho. E nós vemos agora uma fase importante para as agroindústrias, a expansão a cada dia que passa.
Vimos aqui mesmo, nesta Casa, diversos parlamentares anunciando novos investimentos na área das agroindústrias em diversas regiões do estado que não eram beneficiadas por essas questões. Fico feliz, mas é uma pena que o meu tempo tenha que ser dividido com o eminente líder do governo, deputado Herneus de Nadal, porque queria comentar um pouco mais com relação a isso e ao desenvolvimento agrícola que vêm atrás dos investimentos no setor rodoviário. E poderia perfeitamente aqui dar exemplos importantes na região, como os acessos que estão sendo construídos lá no pequeno município de Abdon Batista, uma cidade que tem poucas oportunidades de desenvolvimento; em Vargem, que está próximo à BR-282, e em São José do Cerrito, que é o maior produtor de feijão do estado de Santa Catarina, que abastece grande parte do estado, bem como os estados do Rio de Janeiro e São Paulo.
Hoje essas comunidades estão felizes porque estão próximas a uma rodovia, o que lhes dá condições de acesso, o que lhes permite competir com outras regiões, porque quando não havia os acessos, o preço do feijão em outras regiões sempre era menor pela dificuldade de escoamento
Poderíamos falar também de outras rodovias, como a de Curitibanos a Frei Rogério; de Capinzal a Zortéa e Campos Novos; a ligação a Celso Ramos; de Anita Garibaldi a Campo Belo, que vai até Lages. Tudo isso está viabilizando o desenvolvimento dessas regiões. Eu vejo municípios como Vargem e Abdon Batista sendo procurados pelas agroindústrias, pelo sistema de integração, numa oportunidade de produção, de novas rendas, de sustentabilidade da agricultura e de uma diversidade maior, dando mais condições de crescimento e de sustento àquelas famílias.
Por isso o acesso aos municípios agrícolas é um fator importante, principalmente neste momento em que vivemos o auge da nossa agroindústria, que dará aos agricultores a possibilidade de produzir mais com um custo menor. Isso sem falarmos das melhorias em outros setores, como o da Saúde, pois tendo condições de tirar um doente do local onde está, consegue-se um profissional melhor; na Educação, pois podemos oportunizar que os jovens possam estudar morando junto da família e freqüentar uma universidade, já que têm acesso asfaltado para sair um ônibus de transporte todo dia. Enfim, poderíamos dar aqui outros exemplos que mostram a importância dos novos acessos. Mas voltarei em outra oportunidade para concluir o meu pronunciamento.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)