Pronunciamento

Romildo Titon - 042ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 30/05/2006
O SR. DEPUTADO ROMILDO TITON - Sr. presidente, sras. deputadas e srs. deputados, ouvi atentamente o pronunciamento do excelentíssimo deputado Reno Caramori, que trouxe uma grande preocupação que está atingindo todos os catarinenses e brasileiros, principalmente nós aqui do sul, sobre acontecimentos que vêm agravando o setor da agroindústria, da agricultura de um modo geral.
A cada dia que passa, principalmente agora que vemos a estiagem se prorrogando cada vez mais, há falta de água e, conseqüentemente, uma correria, através do poder público e de outros meios, para a perfuração de poços artesianos, até para manter a água nas nossas propriedades agrícolas. E ficamos assustados, cada vez mais, com essa situação.
Na esteira de v.exa., deputado Reno Caramori, quero ler aqui um e-mail. Acredito que a maioria dos deputados o receberam, mas talvez muitos não o tenham lido, e aqueles que estão-nos assistindo, através da TVAL talvez não conheçam ainda alguns dados importantes sobre a gripe aviária. É importante fazermos a leitura aqui porque ele traz informações precisas e preocupantes para o setor, para Santa Catarina e para o Brasil, de um modo geral.
(Passa a ler)
"Gripe das aves provoca centenas de demissões na economia brasileira"
Aqui fala sobre o Rio Grande do Sul e, posteriormente, sobre Santa Catarina também.
"Queda nas exportações de frango já provoca centenas de demissões, principalmente na região sul do país.
Estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) adverte para impacto econômico da doença, principalmente nos países em desenvolvimento. Integração global da economia eleva impacto de uma epidemia.
Porto Alegre - Trabalhadores brasileiros já sentem na pele os efeitos da propagação da gripe aviária no mundo.
Na segunda-feira (3), 320 empregados da empresa Avipal, localizada em Lajeado (RS), foram demitidos, somando-se a outros 22 que haviam sido dispensados na sexta-feira.
A empresa também deu férias coletivas para outros 595 trabalhadores.
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Lajeado e Região teme novas demissões, uma vez que a empresa anunciou a diminuição na produção de 120 mil frangos por dia para 30 mil, a partir da próxima semana.
A redução é uma conseqüência direta da queda da demanda pelo produto no exterior em função da gripe das aves.
O plano brasileiro de prevenção da gripe das aves deve ser anunciado na sexta-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O setor avícola defende a proibição de trânsito de aves vivas entre os Estados, mas a interdição deverá ser restrita apenas para material genético.
O Grupo Avipal também anunciou para o mês de abril, férias coletivas de seis mil funcionários das suas unidades de Porto Alegre, Lajeado e Dourados, no Mato Grosso do Sul.
Cerca de 70% da produção gaúcha de frango é exportada, principalmente para a Europa e o Oriente Médio.
De acordo com números divulgados por entidades do setor, as exportações gaúchas caíram 17% em janeiro, na comparação com o mesmo mês em 2005.
O caso da empresa de Lajeado não é isolado. No início de março, os 365 aviários do município de Nova Bréscia anunciaram a suspensão de suas atividades até o fim daquele mês.
Com a interrupção temporária da produção, Nova Bréscia deixou de produzir em apenas um mês mais de 3 milhões de frangos.
Os produtores do município, maior produtor de aves no Estado, tiveram um prejuízo superior a R$ 400 mil com a paralisação da produção."
Agora tem um dado importante de Santa Catarina:
"Demissões em Santa Catarina
As demissões já atingem também o estado de Santa Catarina.
Em março, a Seara Alimentos, uma das maiores empresas exportadoras de frango do país, anunciou a demissão de 300 trabalhadores, também em função da queda das vendas para o exterior.
A Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina prevê uma redução de 12% na produção de aves no Estado.
Segundo o vice-presidente da entidade, Enori Barbieri, a economia do oeste catarinense já entrou em colapso.
Como 70% do volume de aves é destinado à exportação, a queda nas vendas tem um efeito imediato: demissões.
Na avaliação da entidade catarinense, a produção de aves deve cair cerca de 30% no curto prazo.
Se a gripe aviária seguir se alastrando na Europa e na Ásia, esse número deve ser ainda maior.
E o impacto não se restringe ao setor aviário, atingindo toda a cadeia produtiva em torno dele, como é o caso da produção de milho que terá quebra de safra.
Segundo levantamento da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef), em fevereiro as exportações tiveram uma queda de 8% em relação a fevereiro de 2005 e 7% em relação a janeiro deste ano.
Somente em Santa Catarina, onde a média das exportações é de 100 mil toneladas por mês, a queda nas vendas atingiu 10% nos dois primeiros meses do ano.
A previsão é de que, em março, esse número chegue a 20%. Conforme as projeções da Abef, a produção nacional do setor pode sofrer uma queda de até 25% nos próximos meses.[...]"[sic]
Daqui para frente cita vários exemplos importantes e dados que preocupam principalmente nós, deputado Reno Caramori, que somos de uma região essencialmente agrícola. E a maioria dos produtores em nossa região procuraram, no decorrer do tempo, fazer os seus investimentos na diversificação da produção - nas produções de aves, na suinocultura, no gado de leite e em outras alternativas. E como o setor está sendo atingido diretamente em todos esses campos, certamente teremos, se não estancarmos essa situação, uma quebradeira geral dos nossos agricultores, que já estão em situação difícil. Os poucos que estavam sobrevivendo, ou seja, aqueles que procuraram uma diversificação maior através da avicultura e da suinocultura, também estão sendo penalizados drasticamente.
Esta é a grande preocupação que tenho neste momento porque a crise não atinge somente os agricultores - temos em torno de 100 mil desempregados no campo -; essa repercussão atinge o próprio setor público, em termos de arrecadação. Não só o Brasil, mas também os estados e os próprios municípios vão sofrer uma queda na arrecadação, já que ela é gerada do movimento econômico dos municípios. E certamente a nossa região, que é essencialmente produtiva - é em torno da agricultura, da pecuária e da agroindústria que sobrevive grande parte do oeste catarinense -, será a mais atingida.
Então, é importante esse alerta. Eu dizia, na semana passada, deputado Reno Caramori, quando aqui utilizei a tribuna para falar disso, que acho que nós, que estamos nesta área, temos que nos revezar todos os dias na tribuna para tentar sensibilizar as autoridades nacionais sobre o colapso que estamos entrando, já que elas ainda não se acordaram sobre isso.
O Congresso Nacional fica todos os dias preocupado com corrupção, com aquilo que está acontecendo de ruim para a nação brasileira, e esquece da nossa principal economia, que é a agricultura, o sustentáculo da base econômica do nosso país.
Era esta a mensagem que eu gostaria de deixar a todos os deputados e aos ouvintes da TVAL.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)