Pronunciamento

Padre Pedro Baldissera - 038ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 22/05/2003
O SR. DEPUTADO PEDRO BALDISSERA - Sr. Presidente, Srs. Deputados, eu gostaria, nesta minha intervenção, de ocupar o espaço do Partido dos Trabalhadores fazendo referência à sessão do dia de ontem, no espaço reservado à Explicação Pessoal.
(Passa a ler)
"Desde o assento que me foi reservado neste Plenário, por maior que tenha sido a nossa generosidade, por maior que tenha sido a nossa boa vontade, e até por dever de ofício, procuramos exercer a tolerância e, a partir disso, compreender o eminente Deputado Nelson Goetten. Porém, quando a coisa descamba para a desinteria da palavras, quando a inteligência das pessoas passa a ser vilipendiada, quando a nossa luta e o nosso trabalho, para consertar o Brasil, começam a ser achincalhados, as circunstâncias nos obrigam a restabelecer algumas verdades esquecidas por alguns, em algum baú do lixo da história.
De que partido era o governo que provocou o endividamento interno e externo do País? Em dólar, Sr. Presidente! Era o PT? De que partido era o governo que levou o Brasil a viver e a sofrer com a ciranda inflacionária das décadas de 80 e 90? Era o PT? Qual foi ou quais foram os Partidos Políticos que por sua absoluta ineficiência eram responsáveis pelo governo que criou uma estrutura pública inchada, aparelhada, muito mais a seu serviço do que a serviço da Nação?
Por acaso o déficit nas contas públicas foi obra do PT? A nossa subordinação e a nossa dependência em relação ao dólar são culpas do PT? Por acaso, os contratos e os acordos internacionais, inclusive, aqueles firmados com o FMI, foram negociados e patrocinados pelo PT? Tem razão o nobre Deputado quando aponta situações que não se devem perpetuar. Só não sei se ele mudou de opinião ou se já pensava assim e calava.
Tudo indica que, por mera conveniência conjuntural, Sua Excelência faz do simplismo oportunista um instrumento de agração de um governo de mãos limpas. Se é verdade que ainda não estão criadas as condições jurídicas, orçamentárias e políticas, para que possamos de fato implementar a agenda com a qual nos elegemos, também é verdade que estamos pavimentando o caminho para fazê-lo, o que só os cegos não vêem.
Por outro lado, também é verdade que estamos obrigados, por força de acordos e contratos que não assinamos, a usar receitas amargas para reverter o caos herdado do Presidente FHC.
Não foi o PT que, no apagar das luzes de seu Governo, ressuscitou a inflação.
Não foi o Governo do PT que tirou do Brasil o seu crédito internacional.
Não foi o Governo do PT que comprometeu o superávit da balança comercial.
Não foi o Governo do PT que desestatizou tudo tirando do próprio Governo a capacidade de utilizar outros meios para intervir na economia.
Não foi o PT que renunciou a soberania nacional que sucateou o serviço público, que gastou e produziu no seio do modelo milhões de pobres e miseráveis.
Enfim, não foi nenhum Governo do PT que literalmente quebrou o País.
Por uma fatalidade do destino, ainda somos levados a aplicar regras do velho capitalismo com as quais não concordamos, mas somos obrigados a conviver por decisão alheia.
Por certo, o futuro a Deus pertence e quem viver até lá verá que as coisas serão muito diferentes tanto no método quanto nos resultados.
Quinhentos anos de capitalismo não se muda da noite para o dia e, ao que parece, muito menos pela vontade do Deputado Nelson Goetten, que serviu e serve o que há de pior na política brasileira. Aliás, na sociedade que queremos e que vamos construir só haverá um lugar seguro para aqueles que cometem crime de lesa pátria, o lado de dentro das celas das penitenciárias.
Se entregar as riquezas nacionais para os estrangeiros, se dilapidar o patrimônio público, se malversar dinheiro público não é crime da mais alta gravidade, o que dizer, por exemplo, de algumas pequenas maquinetas de caça níquel e de alguns pequenos desmanches de carro aqui e acolá?
Se alguns têm dificuldades cognitivas para compreender e para diferenciar o Governo Lula de todos aqueles outros que o antecederam, chamamos a atenção para pelo menos um aspecto.
Se por outra razão não houvesse valido a pena eleger Lula, por uma só já teria sido suficiente: acabou-se a corrupção, acabou-se a festa com o dinheiro e o patrimônio público.
Se governavam com o mesmo ódio e o mesmo rancor com que alguns vociferam na Oposição, mais convencido fico de que certo estava o povo em mandá-los para casa em dezembro de 2002.
Em cinco meses querem que façamos o conserto de todo o estrago que fizeram em cinco séculos. São mais de 500 anos e querem que em apenas cinco meses possamos resolver os problemas, o desmanche que fizeram neste nosso querido País.
Que Deus ilumine o nosso Presidente da República e todos os homens e mulheres que o cercam, de modo que façamos um bom Governo, para que a Nação nunca mais precise submeter-se à vontade de escribas e fariseus hipócritas!"
Eles vivem a ilusão, vivem a cegueira e continuam a teimar dizendo que o nosso Governo não é o Governo da transparência, da honestidade, da inversão de prioridades. Eu, enquanto Parlamentar que chega a esta Casa, fico perplexo diante da preocupação de alguns Parlamentares com relação à questão da fiscalização, que é uma das principais prerrogativas do Deputado.
Nós, Deputado Afrânio Boppré, fomos eleitos pelo povo para sermos fiscalizadores das ações internas desta Casa e dos demais setores públicos de toda a sociedade. Por isso, não há razão para fazermos uma briga interna por causa de algumas medidas que o Presidente tem tomado e que visam a transparência.
É dinheiro público que esta Casa consome! Assim, temos que ser, enquanto agentes públicos, transparentes, abertos e sujeitos à fiscalização de toda a sociedade. E eu quero ser esse livro aberto para a sociedade; sempre o fui enquanto Prefeito Municipal de Guaraciaba e não tenho receio algum de auditoria.
Aliás, Srs. Deputados, chegou aos meus ouvidos que, não faz muito tempo, teria sido feita uma auditoria na época do ex-Presidente Gilmar Knaesel. Gostaria, enquanto Parlamentar, de ter acesso a essa auditoria, pois se a Casa pretende ser um livro aberto, transparente, quero ter conhecimento, pegar todo o documento, fazer a leitura do mesmo, para que possa, com a maior transparência possível, colocar o Legislativo na função digna que a sociedade deseja e quer.
Assim, não é escondendo as coisas, camuflando informações que vamos transferir para a sociedade aquilo que somos e devemos ser. Neste sentido, Sr. Presidente, quero ser esse instrumento, enquanto Parlamentar, de transparência para toda a população do Estado de Santa Catarina.
Era o que tinha a dizer e agradeço a todos pela oportunidade.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)