Pronunciamento

Padre Pedro Baldissera - 070ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 17/09/2003
O SR. DEPUTADO PEDRO BALDISSERA - Sr. Presidente e Srs. Deputados, é com muita satisfação que trago A esta tribuna uma reflexão sobre as lutas, os trabalhos do nosso povo argentino, o qual faz divisa com o nosso Município do Extremo Oeste, Guaraciaba, e tantos outros da faixa de fronteira.
Quero falar, de uma maneira especial, sobre a luta firme, decidida, do Presidente argentino Nestor Kirchner, que, sem dúvida nenhuma, dá uma grande demonstração de convicção, de trabalho e de transformação por várias atitudes formadas frente ao Executivo, no exercício da atividade pública como agente político Presidente daquela Nação.
É claro que na visão dos marqueteiros políticos o povo só quer pão e espetáculo de circo. Omitem, nesse sentido, dois elementos que se manifestaram claramente no recente episódio das negociações da Argentina com o Fundo Monetário Internacional, o FMI, no sentido da dignidade e da coragem para enfrentar os desafios. Omitem, essencialmente e profundamente, esses dois grandes valores que são a dignidade e a coragem, exatamente para se contrapor à política neoliberal e escravagista do Fundo Monetário Internacional.
Todos os que acompanharam de perto esse episódio notaram que o apoio do povo à atitude do Presidente Kirchner não foi o resultado simplesmente de um cálculo, mas de um sentimento. Um homem do povo exprimiu perfeitamente esse sentimento ao dizer: "Kirchner mostrou que não é um perdedor"!
Sem dúvida nenhuma, essa é uma expressão que talvez esteja na boca de milhares e milhares de pessoas não só do povo argentino como também do povo brasileiro, do povo dos países explorados, massacrados pela política implementada pelo Fundo Monetário Internacional.
Com essa expressão esse cidadão fez aflorar o sentimento de humilhação que o povo argentino amargava há muito tempo e que deu como resultado a famosa frase: "Que se vayan todos"! Que saiam todos!
De fato, atrás dos piqueteiros, dos bloqueios de estradas e avenidas, dos escrachos, das figuras do sistema político, o que há é uma raiva incontida da sua elite dirigente, incapaz de se opor minimamente a qualquer determinação do capitalismo mundial.
Por isso, o Presidente Kirchner expressou esse sentimento, Deputado Dionei Walter da Silva, de uma forma clara e firme (o que às vezes falta a muitos governantes dos nossos Estados e Municípios), e, aproveitando uma solenidade pública no dia do vencimento da dívida, declarou que não viessem assustar novamente os argentinos com o caos e as sete pragas, porque fora isto que levara a Argentina à situação em que estava.
Essa célebre frase do Presidente argentino traduz, sem sombra de dúvida, o sentimento de desprezo, de humilhação e de opressão que o povo argentino e latino-americano vêm sofrendo e vivenciando ao longo dos últimos anos de história de vida, de caminhada.
Estamos na busca da libertação da política neoliberal, que marginaliza e exclui, em favor de uma pequena minoria privilegiada, uma grande maioria, uma grande massa que é útil exatamente nas grandes campanhas eleitorais, pois se torna massa de manobra, pois são pessoas fáceis de serem convencidas e que, muitas vezes, em troca de umas poucas moedas vendem a dignidade e a soberania de uma nação, de um povo e de toda uma região.
Neste sentido, nós temos um grande desafio em nosso País; o nosso povo tem que reassumir a sua posição de ser a fonte de sustentação do Governo Lula, nas grandes propostas que vem colocando para a nossa Nação.
Mais do que nunca, nós, que fazemos parte da grande maioria que sempre esteve ao lado dos mais fracos, temos o grande desafio de dar sustentação ao Governo de Lula que, com certeza, fará uma das maiores administrações que nós já tivemos a oportunidade de vivenciar no Brasil, juntamente, com certeza, com o Presidente da Argentina, que tem dado grandes demonstrações de que é possível inverter a lógica e a situação que foi criada e sustentada ao longo dos 500 anos de história do Brasil.
O Sr. Deputado Dionei Walter da Silva - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO PEDRO BALDISSERA - Pois não!
O Sr. Deputado Dionei Walter da Silva - Sr. Deputado, cumprimento V.Exa. pelo pronunciamento que faz.
Neste momento, faço a ilação de um aparte que ouvi dos Deputados Joares Ponticelli e João Paulo Kleinübing, um do PP e outro do PFL, que estavam preocupados com a venda do prédio da Brasil Telecom, com fim de empregos e tudo mais.
Acho estranho, porque o Partido dos dois ajudou ou defendeu a privatização do sistema de telefonia, que fechou milhares e milhares de postos de trabalho em diversas cidades, inclusive do Estado de Santa Catarina, como em Jaraguá do Sul, Joinville, Blumenau e em tantas e tantas outras cidades.
Quer dizer, naquele momento que se discutia a entrega do patrimônio público não se ouvia reclamações. A conseqüência daquele ato irresponsável que V.Exa. fala, dos empregadores da Pátria, de meia dúzia de privilegiados que se auferem vantagens, em detrimento da população, não havia essas manifestações.
Então são coisas que a sociedade precisa ficar ouvindo, entendendo, compreendendo, digerindo, mas perder a memória, jamais!
O SR. DEPUTADO PEDRO BALDISSERA - Essa lucidez, Deputado Dionei Walter da Silva, vem engrandecer, sem dúvida nenhuma, o nosso debate nesta Casa.
Claro que não podemos esquecer e perder esta memória; ela tem que estar sempre presente nesta caminhada, nesta luta que estamos realizando.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)