Pronunciamento

Moacir Sopelsa - 005ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 15/02/2012
O SR. DEPUTADO MOACIR SOPELSA - Sr. presidente, quero cumprimentar todos os deputados e deputadas, a imprensa e todos os telespectadores.
Deputada Angela Albino, em 1970, se não me falha a memória, em Concórdia acontecia a primeira greve dos funcionários da Sadia, uma coisa quase que impossível de acontecer.
Alguns dias antes de acontecer essa greve, eu falava com uns dos diretores da Sadia, sendo que o regime era aquele em que eu mando e os outros obedecem, e dizia que não adiantava proteção nas casas deles, não adiantava pensar que eles iam comandar, porque quando um pai não consegue o alimento para o filho, não se sabe que força ele pode ter. Às vezes vai buscar força que acha que é impossível que possa existir. E foi aquilo que aconteceu.
Digo isso para concordar com v.exa., que o cooperativismo - eu ia falar sobre o evento que aconteceu, ontem, em Campos Novos, na Coopercampos - ajuda a construir o poder, a riqueza, mas também ajuda a distribuir cooperação. E nós somente nos sentimos seguros, na linha do seu pronunciamento, somente podemos viver bem quando todos vivem bem. Não adianta pensar que se a nossa vida é uma vida boa não precisamos nos preocupar com aqueles que não têm, deputado Antônio Aguiar, condições de dar dignidade à sua família, de dar uma vida justa à sua família.
É verdade que o cooperativismo, que o Cooperar tem essa importância na nossa vida, mas também acredito que estamos mudando a nossa cultura de cooperar mais, de entender que é preciso de pessoas em condições iguais e não pensar que apenas alguns possam exercer o poder e outros apenas obedecer e concordar.
Sou daquela época em que éramos proibidos de nos manifestar politicamente. Não podíamos estar no bar, depois de um determinado momento, porque éramos do MDB. Então, a polícia caía em cima, mas não era culpa dela, pois havia uma determinação de cima para baixo proibindo que o bar continuasse aberto, tendo que ser fechado, e que tínhamos que sair e ir para a casa.
Mas nós crescemos e houve muitas pessoas que ajudaram a criar essa nova cultura, essa nova democracia, em que podemos nos manifestar e discutir os direitos de cada um.
Quero cumprimentá-la, pois sei que v.exa., além do seu conhecimento, também possui a sensibilidade de uma mãe. Parabéns pelas suas palavras.
Eu também quero dizer, mais uma vez, que este mês e o mês que vem são os meses em que as cooperativas, deputado Sargento Amauri Soares, fazem os seus dias de campo, os seus dias de demonstração. Já vimos isso na Cooperitaipu, no extremo oeste, na Cooperalfa, no planalto serrano, no sul do estado, e v.exa., deputado Mauricio Eskudlark, está convidado para ir em Campos Novos, no dia 29. Isso mostra a força e a importância do cooperativismo e esses dias de campo, em que o produtor pode ir lá para ver a nova tecnologia, ver aquilo que está acontecendo, comparar o seu trabalho com o trabalho que está sendo desenvolvido pelos seus colegas, mesmo entre agricultores, sem falar que lá estão os produtores de sementes mostrando variedades novas, mostrando novos equipamentos, novas tecnologias.
Enfim, que possamos ter outras oportunidades de conhecimento para aplicar na nossa agricultura.
Se o estado de Santa Catarina - diz-se que ele é o sexto produtor, eu digo que é o quinto - é o quinto produtor de alimentos no país, com um pouquinho mais de 1.12 do território brasileiro, é porque temos realmente uma tecnologia avançada e, além disso, uma agricultura que aceitou essa tecnologia e coloca o nosso estado como o maior produtor de suínos, o segundo maior produtor de aves, o quinto produtor de leite, o maior produtor de maçãs e entre os maiores produtores de alho e de cebola.
Enfim, a nossa agricultura tem mais de 30% de representação de economia direta em nosso estado. Essa é a grande marca, sem dúvida, do cooperativismo, atendendo, principalmente, os pequenos produtores, aqueles que têm mais dificuldades, que às vezes não se enquadram dentro de um sistema, de uma indústria, mas lá está o setor cooperativista indo buscar esse produtor e dando a ele a possibilidade de viver no campo.
Deputada Dirce Heiderscheidt, se nós tivermos essa consciência não teremos as nossas cidades, as periferias das nossas cidades inchadas de pessoas que se obrigam a deixar o campo e a vir para a cidade, deputado Jean Kuhlmann, para viver, às vezes, na cidade uma vida subumana, sem dignidade nenhuma.
Então, as cooperativas fazem esse trabalho e por isso precisamos nos preocupar, como também o poder público, que precisa fazer a sua parte. Por exemplo, o oeste catarinense padece, no momento, com a estiagem, por isso não basta lembrarmo-nos de atender, de fazer algum programa apenas quando há um problema. Temos que criar um programa que consolide e que possa dar aos produtores a oportunidade de ele estar na sua atividade e poder produzir.
Sabemos, deputado Jean Kuhlmann, do trabalho do governo do estado, do governo federal, do secretário da Agricultura, João Rodrigues, quanto à questão do aproveitamento da água da chuva, das cisternas, que é uma questão antiga que temos que tratar. Somos um estado que tem bastante chuva e poucos dias de sol e a água nos faz falta, por isso temos que buscá-la em pequenos açudes. E aí a Fatma tem que voltar a ser parceira do produtor. Não podemos achar que não podemos mais fazer um lago porque estamos agredindo o meio ambiente, que temos que preservá-lo, temos consciência disso, mas temos que dar oportunidade para que as coisas sejam facilitadas e ficarmos perto do nosso produtor. O Banco do Brasil agora financia e a secretaria da Agricultura paga o juro de pequenas irrigações que são importantíssimas para o pequeno agricultor, pois será dessa forma que ele vai salvar a sua produção.
Portanto, são esses programas que precisam ser viabilizados para aqueles que têm a missão de produzir o que para mim é o de mais sagrado, que é a comida. Mas é preciso dar para eles também uma condição de dignidade para viver com os seus filhos, com a sua família.
O Sr. Deputado Jean Kuhlmann - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO MOACIR SOPELSA - Pois não!
O Sr. Deputado Jean Kuhlmann - Muito obrigado, deputado Moacir Sopelsa.
Quero parabenizá-lo e dizer que temos, nesta Casa, deputados que são mais do setor agrícola, que defendem mais a questão da área rural e outros que são mais urbanistas. Eu sou um parlamentar de Blumenau e por isso urbanista, mas quero dizer que aprendi com o meu pai uma sabedoria muito interessante: "quando o campo não planta, a cidade não janta". Se o campo não tiver condições de plantar, de subsistir a família do agricultor, com certeza vamos gerar uma série de problemas em nossas cidades.
Santa Catarina tem uma geografia habitacional totalmente diferenciada do restante do país, difundida na agricultura familiar e no cooperativismo. E quero dizer ao nobre deputado que uma das coisas que me orgulho, neste momento, como deputado estadual, na minha passagem como secretário de estado, foi a de ter participado da criação da secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável.
Uma das diretorias mais importantes daquela secretaria é a secretaria do Cooperativismo, que tem uma política muito forte em nosso estado, em que o governador do estado não venha apenas fazer o juro zero para as empresas, mas também subsidiar o juro para o agricultor. É neste estado que quero continuar vivendo, porque fazendo esse tipo de política que v.exa. falou é garantida a qualidade de vida para todos. E não existe qualidade de vida num estado apenas na área urbana, tem que existir também na área rural e na área urbana, porque isso gera desenvolvimento para todo o estado e para todos os cidadãos.
Muito obrigado!
O SR. DEPUTADO MOACIR SOPELSA - Muito obrigado, deputado Jean Kuhlmann.
Eu agradeço o seu aparte e o incluo no meu pronunciamento. V.Exa. diz que é um deputado urbanista, um deputado da cidade, mas tem consciência da importância da agricultura. E quando falo da estiagem, como também das cheias no vale do Itajaí, na cidade de Blumenau, é porque precisamos encontrar uma solução.
Então, faltam políticas definidas, políticas de continuidade que precisam ser feitas. Mas tenho consciência de que o governador Raimundo Colombo, como vimos no governo federal, como estamos vendo com a presidente da República, tem essa sensibilidade de uma política de continuidade que ofereça segurança aos trabalhadores.
Eu não tenho nenhuma dúvida de que se não mudarmos a política agrícola, se não dermos mais segurança, a agricultura ficará velha, pois os jovens abandonarão a agricultura. Isso é muito ruim porque pessoas que não têm qualificação virão para a cidade. E aí ocorrerá aquilo que v.exa. falou hoje, deputado Sargento Amauri Soares, na Penha, tendo que complementar a Polícia Militar, a Polícia Civil, a segurança do estado de Santa Catarina, para que se possa de uma vez por todas desmontar as quadrilhas que nos trazem muita preocupação e não nos dão segurança nenhuma para andarmos, irmos e virmos.
Eu ouvia atentamente quando v.exa. falava também da BR-153, onde há um dos maiores pontos de assaltos dentro do estado em caminhões, ônibus, porque ali era uma região totalmente sem proteção.
Então, a secretaria da Fazenda, a secretaria da Administração, através do secretário Milton Martini, com o entendimento da secretaria da Segurança Pública, com a boa vontade da polícia, pegou instalações que estavam abandonadas, para instalar naquele local um posto da Polícia Rodoviária Federal e Estadual, para dar mais segurança às pessoas que por ali passam.
Mas ainda temos que receber uma resposta das operadoras de telefone celular. Ontem, eu escutei o deputado Joares Ponticelli falar sobre esse assunto e quero reafirmar o que ele disse, porque moro no outro lado da ilha e quando estou atravessando a ponte ficamos sem sinal para o celular. Quando estamos próximo à Beira Mar Norte, quando estamos próximos à residência do governo do estado, também ficamos sem sinal. Isso não é possível, porque se no centro da capital há essa deficiência, imaginem o que acontece no interior do estado, onde a lucratividade, a ganância dessas empresas não é nunca abastecida. Então, quando há pouca rentabilidade os serviços ficam mais longe ainda e as pessoas são as vítimas.
Os ônibus eram assaltados e as pessoas ficaram com traumas para o resto da vida devido a esses assaltos, pois o que era feito não era para se admitir em lugar algum. Mas já demos um passo, a polícia pelo menos está dando cobertura e temos que reconhecer o apoio que tivemos do secretário da Administração, Milton Martini, o envolvimento dos parlamentares, da prefeita de Água Doce, do Irani, da Vargem Bonita, enfim, de todas as lideranças que viram que era necessário colocar um basta nessa situação, para que as pessoas não pudessem ter o direito de ir e vir. Graças a Deus, demos um passo nesse sentido.
Espero que as operadoras de telefone móvel, de telefone celular possam realmente cumprir aquilo que estabelece quando lhes foi dada a credencial para poder fazer a prestação desses serviços. Que sejamos respeitados, que possamos ter segurança naquela região, como em todo o estado. Aliás, é obrigação dessas prestadoras de serviços oferecer um bom trabalho. Infelizmente, temos que dizer que por enquanto eles estão prevendo apenas os lucros.
Deputado Silvio Dreveck, v.exa. que é do planalto norte, assim como o deputado Antônio Aguiar, sabe que por enquanto essas empresas continuam, infelizmente, visando o lucro e não o atendimento, que é o seu dever para quem tem uma concessão pública.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)